O advogado Leandro Mathias de Novaes, de 40 anos, que foi atingido por um tiro da própria arma em uma clínica no Jardim Paulista, na região central de São Paulo, e morreu após passar alguns dias internado, foi “negligente”, conforme apontou a perícia realizada pelo Instituto de Criminalística (IC). Além disso, ele “mentiu” ao responder ao questionário da unidade de saúde no qual foi alertado que não deveria portar nenhum objeto metálico. O caso segue em apuração pela Polícia Civil.
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O caso aconteceu dentro do Laboratório Cura, que fica na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, no último dia 16 de janeiro. Na ocasião, o advogado entrou na sala da ressonância como acompanhante da mãe e portava uma pistola 9 milímetros, um pente extra e 30 munições. Logo depois que a máquina começou a funcionar, a arma foi puxada pelo campo magnético, bateu no aparelho e disparou, acertando Novaes. Por pouco funcionários não foram feridos.
O advogado foi socorrido com um ferimento na região do abdômen e desde então estava internado, mas não resistiu e morreu na segunda-feira (6).
Conforme o laudo do IC, a perícia foi realizada na clínica no dia seguinte ao incidente, em 17 de janeiro. Na máquina de ressonância magnética, foram encontrados um carregador de pistola e a arma do advogado. Segundo a análise, a pistola da marca Taurus estava com o ferrolho deslocado para a frente e com outro carregador. Dentro do armamento, no cano, havia um estojo vazio e uma munição íntegra. Já no carregador havia 11 cartuchos.
Além disso, segundo a perícia, no outro pente que estava preso na máquina havia 12 cartuchos completos. A arma, os dois carregadores e o estojo vazio foram então apreendidos.
O laudo do IC considerou que, conforme as informações de segurança que foram feitas pela equipe da clínica antes do exame, o advogado foi “negligente” ao entrar na sala portando a pistola. Ele também colocou a “integridade física e demais pessoas em risco”.
Questionário da clínica
Uma foto mostra o questionário que foi preenchido pelo advogado antes de entrar na sala do exame. Nele, é perguntado se a pessoa usa marca-passo, clipe cirúrgico, se passou por cirurgia craniana, tem implante de válvula cardíaca, aparelho de audição, filtros de vasos sanguíneos, aparelho eletrônico implantável e/ou que já tinha sido atingido por projétil de arma de fogo anteriormente.
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Novaes assinalou todas as alternativas como “não” e assinou o documento, que ainda tinha o seguinte aviso: “Para maior segurança, solicitamos a retirada de todos objetos metálicos, inclusive relógio, adornos, piercings e utilizar roupa privativa”.
Ao assinar o formulário, o advogado concordou em seguir as regras ali descritas. “Comprometo-me a responder o questionário pesquisa de contra indicações de campo magnético aos acompanhantes em ressonância magnética com informações corretas”, dizia o documento.
O que disse a clínica?
Em nota divulgada logo após o acidente, o Laboratório Cura lamentou o ocorrido. “Reforçamos que todos os protocolos de prevenção de acidentes foram seguidos pelo time do CURA, como é de praxe em todas as unidades. Tanto a paciente como o acompanhante foram devidamente orientados quanto aos procedimentos para acesso à sala de exame e alertados sobre a retirada de todo e qualquer objeto metálico. Ambos assinaram termo de ciência com relação a essa orientação”, destacou o laboratório.
“Mesmo diante dessas orientações, a arma de fogo não foi mencionada pelo acompanhante, que entrou com o objeto na sala de exame por sua decisão”, concluiu o texto.
Defensor de armas
O advogado costuma fazer postagens nas redes sociais defendendo o uso de armas. Em sua conta no Tik Tok, ele era seguido por mais de 7 mil pessoas, onde respondia dúvidas sobre como se tornar um colecionador de armas, atirador desportivo e caçador (CAC).
Além disso, nas legendas de suas postagens, ele costuma colocar diversas hashtags como “pró-armas”, “legítima defesa”, “direito à vida”, “eu reajo”, “direita conservadora” e “Estatuto do Desarmamento”.
Segundo a investigação, ele tinha autorização para portar a arma calibre 9 milímetros.
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