A mãe do adolescente de 17 anos, que foi apreendido após atirar coquetéis molotov contra a Escola Estadual Professor Antonio Sproesser, em Monte Mor, cidade da Região Metropolitana de Campinas, no interior de São Paulo, afirma que o filho “não queria matar ninguém”. A mulher ressaltou que acredita que o garoto foi influenciado por alguém e assegurou: “ele não é nazista”.
O caso aconteceu na manhã de segunda-feira (13). Imagens obtidas pela câmera de segurança da escola mostram quando o adolescente se aproximou da unidade, retirou os explosivos de um carro e os arremessou. As bombas eram feitas com garrafas pet cheias de gasolina e pregos. Ele também portava uma machadinha.
Testemunhas disseram que ele não conseguiu entrar na escola, mas jogou duas bombas na entrada. Houve tumulto entre os mais de 300 estudantes com idades entre 12 e 15 anos que estudam no local, mas ninguém se feriu. Depois disso, o menor foi apreendido.
Em entrevista ao site UOL, a mãe dele, que não quer ser identificada, disse que percebeu quando o filho saiu de casa com o carro dela e acionou a Polícia Militar.
“Para mim, ele estava no banheiro, porque eu ouvi a porta fechar e fiquei tranquila. Daqui a pouco, ouvi o barulho do carro, saí correndo. Falei: ‘para’. No que eu gritei para ele parar, ele já saiu arrancando o carro com tudo. Coisa que ele nunca fez, porque ele não conseguia tirar o carro da garagem”, contou ela.
A mãe disse que o menor passou dois dias trancado no quarto antes do ataque e que disse que queria comprar gasolina para fazer um vídeo para o YouTube. Como ele tinha medo de sair de casa, ela não acreditou que ele conseguiria ter acesso ao material.
“Ele é medroso. Tem medo de tudo. Não saía para a rua para nada, de tanto medo que ele tinha. Nós até demos um cachorro para ele, para ver se ele conseguia sair de casa, porque ele queria um cachorro para se proteger”, afirmou ela.
Bullying e influência
A mãe relatou que o adolescente já estudou na escola atacada, mas desistiu dos estudos desde os dez anos, quando começou a mudar de comportamento e a se isolar dentro do próprio quarto.
“Muitas pessoas já falaram que ele sofria muito bullying. Eu não sabia, que ele não me contava. Ele dizia que não queria ir para a escola mais e se trancava aqui dentro. Ele não pensa igual à gente, falar de Deus dá briga, porque ele não aceita. Ele nunca se vestiu de preto, ele nem gostava de roupa preta. As roupinhas dele eram bem branquinhas, bonitinhas. Do nada, ficou destruído o quarto. Tudo escuro”, relatou ela.
A mãe acredita que o filho estava sendo influenciado por alguém na internet e que, por isso, acabou atacando a escola. “É meu menino, mas vamos pesquisar, não tem nada de mau, ninguém se machucou. Eu não sei o que aconteceu. Foi tudo por influência da internet. Ele estava falando com alguém. Eu creio que ele fez isso a mando de alguém, alguma conversa, mas assim ninguém se machucou”, ressaltou ela.
Investigação
Após o menor ser apreendido, a polícia vasculhou o carro usado pelo menor e sua casa. Eles encontraram um caderno com símbolos nazistas onde o adolescente manifestava seu desejo de atacar a escola. Havia também uma réplica de fuzil e livros sobre o nazismo.
A mãe disse que nunca teve conhecimento do significado do símbolo da suástica e disse que o adolescente alegava fazer coleção de imagens. “Eu não conhecia essas coisas. Na minha cabeça, nem passava isso. Depois, fiquei sabendo que outras pessoas que têm esse símbolo aí são procuradas”, afirmou ela.
O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil de Monte Mor. Já a prefeitura disse que foi um fato isolado, mas que a segurança em todas as outras escolas da cidade será reforçada.
”A prefeitura repudia veementemente o que ocorreu aqui e a gente está dando todo suporte para as escolas para poder não ter mais esse tipo de ação. A escola está fechada até a perícia”, disse o secretário de Segurança.