A Polícia Civil apura a morte do representante comercial David Luiz Porto Santos, de 33 anos, que passou mal e morreu depois de receber um anestésico durante uma sessão de tatuagem, em Curitiba, no Paraná. O caso aconteceu em agosto de 2021, mas a investigação ainda continua e o tatuador responsável deve prestar depoimento nesta quinta-feira (16). Segundo reportagem do site UOL, ele pode responder por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar.
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Em depoimento à polícia no último dia 8, a viúva de David, Monike Caroline de Freitas, contou que o marido fez uma tatuagem no braço esquerdo. Na ocasião, a sessão já durava cerca de oito horas, quando o tatuador decidiu passar um anestésico no braço do cliente.
“O meu marido estava bem na finalização da tatuagem, até que o tatuador passou um anestésico nele, na hora que estava limpando o excesso. Ele passou no braço todo. O meu marido questionou o que tinha passado, ele respondeu que era um anestésico. Meu marido disse que a pressão dele estava baixando e o tatuador disse que era normal”, contou a mulher.
“Eu falei para o tatuador que ele (David) não estava bem. Eu coloquei a mão no peito do meu marido e vi que o coração estava acelerado. Pedi pra chamar o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência]. Deitaram o meu marido na maca, ergueram as pernas dele, a pupila dilatou e ele convulsionou. Chegou no hospital já sem vida”, relatou a viúva.
Na época da morte, o caso foi registrado Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). No entanto, como não havia indícios de crime, os trabalhos foram remanejados para o 6º Distrito Policial (DP). Segundo o delegado responsável, Wallace de Brito, a investigação apontou uma má conduta do tatuador.
“O tatuador disse que era de costume usar o anestésico e confessou que adquiriu o remédio com receita médica. Apuramos que a receita era de uma médica veterinária; ouvimos ela e a mesma relatou que não forneceu o receituário e que não tinha nada a ver com o caso. Mesmo assim nós vamos apurar a conduta dela nesse inquérito”, disse o investigador ao site UOL.
Brito destacou que, por enquanto, tudo indica que o profissional será indiciado por homicídio culposo. “Estamos finalizando esse inquérito nos próximos dias, mas todos os indícios apontam que houve crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A pena para esse crime específico é de até três anos. Vamos finalizar e encaminhar ao Ministério Público do Paraná”, disse.
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O tatuador foi procurado, mas não se pronunciou. Já a advogada Graciele Bezerra, que o representa, disse que só vai se posicionar depois que tiver acesso ao inquérito policial.
Anestésico
Ainda segundo a polícia, o anestésico usado pelo tatuador é conhecido como lidocaína, que normalmente é usada em procedimentos médicos para diminuir a sensação de dor.
No entanto, o laudo da morte de David, divulgado pelo UOL, apontou a causa como “indeterminada”. “Diante dos dados colhidos durante o exame de necropsia e dos resultados dos exames complementares, conclui a legista que a morte de David é de causa indeterminada. Muito embora os achados necroscópicos e de exames sejam sugestivos de intoxicação exógena por lidocaína, o perito não tem como afirmar categoricamente que essa foi a causa do óbito, visto que não dispõe de exame quantitativo do anestésico em questão.”
O infectologista Daniel Junger explicou qual a reação em casos de grande absorção de lidocaína. “O que pode se entender dessa situação, é que o profissional passou uma grande quantidade de anestésico numa superfície onde havia sangue. A absorção dessa medicação foi muito maior do que se tivesse passado em pele íntegra”, disse.
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