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Empresário Thiago Brennand tem prisão preventiva decretada por estuprar miss, mas segue no exterior

Vítima disse que foi violentada e teve vídeo íntimo gravado; essa é a 4ª prisão expedida contra ele

Empresário foi detido nos Emirados Árabes, mas solto após pagar fiança
Estudante de medicina Stefanie Cohen denunciou que foi dopada e estuprada por Thiago Brennand (Reprodução/TV Globo/Redes sociais)

O empresário Thiago Brennand, que responde por crimes sexuais, lesão corporal, tortura e cárcere privado, teve a quarta prisão preventiva decretada em São Paulo. Desta vez, a medida ocorreu pela acusação de estupro contra a estudante de medicina e miss Stefanie Cohen, de 30 anos, que afirma ter sido dopada e violentada. No entanto, o homem segue no exterior enquanto aguarda pela extradição ao Brasil.

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O empresário foi considerado foragido pelas autoridades brasileiras e acabou preso pela Interpol, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, em outubro do ano passado, mas pagou fiança e foi solto. Em novembro, a embaixada brasileira em Abu Dhabi formalizou às autoridades locais o pedido de extradição, mas até agora ele não retornou ao país.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo destacou que Brennand é novamente considerado foragido. “A Polícia Civil informa que o suspeito citado é considerado foragido após a decretação dos mandados de prisão pela Justiça”, destacou o órgão.

O estupro contra Stefanie ocorreu em 2021. A jovem contou em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, que conheceu o empresário em um restaurante em São Paulo. Ela tinha acabado de ganhar um concurso de miss e comemorava ao lado de amigas.

“Ele me encontrou no Instagram depois de uns dois dias. Começou a falar comigo o dia inteiro, falava que foi educado na Inglaterra. Tudo no Thiago parecia um lorde, e aí ele me chamou para jantar. No fim do jantar, ele pediu duas caipirinhas de caju, e eu me lembro de ter ficado muito tonta. Aí, fui em direção ao banheiro”, lembrou ela, que afirmou que acredita ter sido dopada pelo empresário.

A estudante disse que, depois disso, Brennand a levou embora do restaurante até um hotel. “E aí foi a pior noite da minha vida”, continuou ela.

Segundo a vítima, o empresário a estuprou em seguida. “Ele forçou a relação anal. Sempre sem preservativo, sem nenhum tipo de preocupação com o que aquilo poderia fazer comigo. A parte que eu mais me lembro foi eu pedindo ‘não’ muitas vezes. Eu falava ‘não, por favor, não. Eu nunca fiz isso. Por favor, não faz isso comigo’, e ele ficava ‘você é a minha namorada’. E forçando, forçando. Ele tirou minhas forças, minha dignidade. Tudo naquele momento”, lamentou a jovem.

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“Eu acordei no dia seguinte, e ele começou a falar mal do meu corpo. Ele falou ‘eu achei que eu estava saindo com a Miss São Paulo, mas está mais para Miss Paraíba’, como se fosse algo degradante”, lembra Stefanie.

Vídeo íntimo

A estudante de medicina revelou que o homem ameaçou divulgar um vídeo íntimo, que teria sido gravado por ele na ocasião da violência sexual, caso ela o denunciasse. Traumatizada, ela passou um ano sem ter coragem de falar sobre o caso. Só agora, depois que ele virou réu por outros crimes, entre eles as agressões cometidas contra a modelo Helena Gomes, em uma academia de luxo em São Paulo, Stefanie teve coragem de denunciá-lo.

“Quando ele viu que eu não ia voltar [após o estupro], ele me mandou um vídeo íntimo. Minutos depois. Não falou uma palavra. Minha mãe, quando soube, queria na hora denunciar para a polícia, mas eu avisei que o vídeo tinha meu rosto e eu estava nua. Ele sabia que, como miss, perderia meu título. Como médica, teria minha carreira prejudicada. Eu tinha pavor do vídeo, tinha pesadelo. Um cara que estupra uma mulher, deixa um capanga do lado de fora, que manda vídeo intimidando, o que a gente pode esperar?”, relatou a jovem.

“Depois que vi o depoimento da Helena (modelo que denunciou ter sido agredida por Brennand em uma academia), tomei coragem. Eu sou miss. Sei que muita gente acha isso fútil, mas carrego a responsabilidade de ser representante de mulheres. Apresentei todas as minhas provas. Laudos psiquiátrico e ginecológico, exames anti-HIV, sífilis, print em que tentava me coagir. Não me arrependo”, afirmou a estudante de medicina.

Ele segue aguardando extradição ao Brasil
Thiago Brennand já teve a 4ª prisão decretada em SP, mas segue no exterior (Reprodução/Redes sociais)

Virou réu no caso

Em dezembro do ano passo, a Justiça de São Paulo aceitou a denúncia contra Brennand e ele virou réu pelo estupro a Stefanie. Agora, a prisão dele foi decretada, sendo que essa já é a quarta que ainda não foi cumprida.

O empresário também responde a outros processos. Veja abaixo:

Além disso, um ex-motorista de Thiago Brennand diz que ele também agredia o próprio filho e até chegou a usar uma máquina para dar choques no garoto. A denúncia também foi feita ao programa “Fantástico”.

Conforme o relato dele, a violência contra o menino, atualmente com 17 anos, ocorreu quando ele tinha entre 5 e 6 anos. “Teve uma época que eu tive que esconder uma máquina de choque porque ele batia no menino. Pegava o choque, ficava dando nele”, disse o ex-funcionário, que não foi identificado.

Mas as agressões não paravam por aí. “Tudo que não agradava o pai, o pai agredia ele. Várias agressões, muitas, dar porrada, cotovelada”, disse o ex-funcionário, que foi questionado se presenciou algumas das situações. “Na minha frente, várias vezes. Ele se irritava, do nada. Se o menino não comesse o macarrão que ele queria, ele batia no menino”, lembrou.

O adolescente é o único filho de Brennand, que se separou da mãe dele quando ainda tinha pouco mais de dois anos. A família vivia em Pernambuco e, depois do rompimento, o garoto passou a morar com o pai. Segundo o “Fantástico”, a mãe tentou por várias vezes obter a guarda na Justiça, mas nunca conseguiu.

O ex-motorista prestou depoimento ao Ministério Público de São Paulo como testemunha. Ele contou, ainda, que o empresário chegou a ameaçar estuprar a filha dele.

Ainda conforme a reportagem, as autoridades já investigam as denúncias de agressão do empresário contra o próprio filho.

A defesa de Brennand não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação da reportagem.

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