Uma pesquisa sobre equidade de gênero realizada pela Avon Global entre os dias 14 e 17 de fevereiro deste ano em oito países, incluindo o Brasil, revelou como as mulheres percebem a desigualdade entre elas e os homens, especialmente em relação ao mercado de trabalho e ao empreendedorismo.
Para nove em cada 10 entrevistadas brasileiras, estereótipos, geralmente favoráveis aos homens, são uma barreira para a igualdade de oportunidades para a população feminina. Elas também apontam que a disparidade está presente principalmente na falta de flexibilidade para conciliar trabalho, maternidade e responsabilidades domésticas (63%), discrepância salarial (61%), possibilidades de emprego (39%) e habilidades para começar seu próprio negócio (34%).
O levantamento aponta que as mulheres percebem que o mercado de trabalho no Brasil ainda favorece profissionais homens tanto no aspecto financeiro quanto em oportunidades e reconhecimento profissional. Cerca de 65% das participantes do estudo enxergam maior representatividade masculina em posições de liderança e 46% acreditam que é mais difícil para mulheres alcançarem a independência financeira.
Elas também consideram mais desafiador conseguir um emprego (45%), ter uma carreira (46%), serem promovidas (56%) e conquistar um aumento salarial (61%). Além disso, as brasileiras observam que homens são mais beneficiados em termos de remuneração (67%) e que trabalhos domésticos recaem mais sobre as mulheres (47%).
As nordestinas são as que mais observam obstáculos. Um recorte específico para esta região trazido pelo estudo mostra que a diferença mais aguda observada por elas é no alcance a cargos de líderes, quando aproximadamente 70% apontam esse fator como mais difícil para a população feminina. Acima de todos os índices nas regiões do Brasil, mais de 50% das mulheres do Nordeste também destacam conseguir um emprego, ter uma carreira e ser capaz de ser financeiramente independente como um impeditivo de gênero.
Empreendedorismo
Ter o próprio negócio pode ser uma alternativa para o público feminino que busca mais autonomia, principalmente diante de um cenário em que 82% gostariam de ter mais flexibilidade no ambiente de trabalho; 87% desejam aumentar seus ganhos financeiros, seja por meio de uma nova fonte de renda ou por meio do atual emprego; e 69% querem ter mais controle sobre suas finanças.
No entanto, ser mulher ainda é um empecilho para empreender, de acordo com as participantes da pesquisa. Pelo menos 49% relataram perceber mais obstáculos para ter um negócio próprio em comparação aos homens. Se forem negras, esse número chega a 61%, e indígenas, a 60%. Globalmente, esse número é um pouco menor, atingindo 35% das entrevistadas. Isso ocorre, especialmente, por falta de capital inicial (60%), medo do fracasso (37%) e por não saberem como começar a empreender (35%), de acordo com as brasileiras. Já para as estrangeiras, o receio de falhar é a principal dificuldade (44%), seguida da falta de conhecimento sobre como iniciar um negócio (36%) e falta de conhecimento de mercado (34%).