O juiz de direito Valmir Maurici Júnior, de 42 anos, acusado pela ex-esposa de violência física, sexual e psicológica, guardava imagens em um cofre que mostram mulheres em várias situações sexuais, entre elas algumas com as nádegas marcadas com seu carimbo.
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O material foi entregue às autoridades pela vítima como parte das provas das agressões sofridas durante o casamento. O magistrado, por sua vez, nega as acusações e denunciou a ex por furto qualificado, já que ela retirou o equipamento de casa sem seu consentimento.
Em entrevista ao site G1, a ex-esposa do juiz, que tem 30 anos, denunciou que ele a agredia constantemente na casa em que eles moravam, em Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo. Vídeos mostraram quando ele deu um tapa na cabeça da mulher, a empurrou em outra ocasião, e também a submeteu a uma relação sexual que, segundo a vítima, não foi consentida.
A mulher diz que o magistrado a ameaçava constantemente e dizia que ela não iria conseguir denunciá-lo, já que ele tinha “influência” entre as autoridades policiais.
“Na verdade, eu nunca consenti com aquelas coisas. Eu não tinha opção. Então, a violência eu nunca consenti com nenhuma violência. Mas eu era casada”, disse a mulher. Ela afirmou ter ficado dois dias de cama depois da violência sexual que sofreu.
“Ele falava: pode ir pra polícia. Leve seus vídeos. Quando você chegar na delegacia, eu vou ser avisado. Porque eu sou um juiz, e você é só mais uma mulher louca. Não vai acontecer nada comigo. Eu nunca vou preso, eu tenho os amigos certos, pessoas influentes e poderosas. Você só vai passar vergonha, você vai ser ridicularizada”, contou a vítima.
O casal oficializou o casamento em 2021 e, conforme o relato da mulher, as agressões começaram ainda no primeiro semestre após a união. Em novembro do ano passado ela conseguiu sair de casa, entrou com pedido de divórcio e denunciou o juiz, obtendo uma medida protetiva com base na Lei Maria da Penha. Na ocasião, ele foi obrigado a entregar a arma a que tem direito por ser magistrado e também foi impedido de se aproximar dos pais dela.
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Assim, o Ministério Público de São Paulo abriu uma investigação sobre o caso, assim como o Conselho Nacional de Justiça, que analisa um possível afastamento do juiz, que atua na 5ª Vara Cível de Guarulhos.
Conforme o site G1, o Ministério Público avalia o caso como “gravíssimo” e o juiz “demonstrou comportamento violento, manipulador, desviado, e que potencialmente colocaria em risco” a integridade da vítima e dos seus parentes. No mesmo parecer, o MP trata a mulher como “vítima” e o juiz, como “investigado”.
Imagens de cunho sexual
No cofre entregue às autoridades pela ex-mulher, o juiz guardava imagens de cunho sexual que mostravam mulheres seminuas e com as nádegas marcadas com seu carimbo. Uma das imagens mostra uma mulher, ajoelhada de costas sobre a mesa, está com um exemplar do livro “Constituição Federal Interpretada”, 5ª Edição, de 2014, da editora Manole.
ATENÇÃO - As imagens são fortes e foram editadas por não serem publicáveis da forma original:
O Ministério Público diz que o conteúdo do cofre será periciado como parte das investigações da violência cometida contra a ex-mulher.
Enquanto isso, ela responde a um inquérito por furto qualificado, já que o magistrado a acusa de ter tirado o equipamento de casa sem seu consentimento. Já o advogado Luciano Katarinhuk, que defende a mulher, diz que a casa era dela também, porque ambos viviam juntos, e que não houve furto.
O que diz o juiz?
O juiz Valmir Maurici Júnior “nega veementemente” as acusações, conforme nota divulgada pelos seus defensores.
“A defesa técnica do magistrado, por seus advogados Marcelo Knopfelmacher e Felipe Locke Cavalcanti, nega veementemente os fatos que lhe são imputados e repudia com a mesma veemência vazamentos ilegais de processos que correm em segredo de Justiça.”
Já o Tribunal de Justiça de São Paulo destacou que o caso segue em sigilo. “A assessoria de Imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo, em relação à solicitação de informações, esclarece se tratar de Procedimento Investigativo Criminal que, dada a natureza do feito, tramita em segredo de Justiça.
O desembargador relator — sorteado dentre os integrantes do Órgão Especial — responsável pela condução do procedimento, já determinou a extração de cópias e remessa à Corregedoria Geral da Justiça, para adoção das providências administrativo-disciplinares que se entenderem cabíveis”.
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