A professora Simone Aparecida Camargo, que trancou a sala para salvar alunos durante a chacina contra uma creche em Blumenau, em Santa Catarina, falou sobre os momentos vividos durante o ataque. Muito abalada, ela destacou que ainda não sabe se vai conseguir voltar a trabalhar. Quatro crianças morreram no atentado, sendo que quatro sobreviventes continuam internados.
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“A ficha ainda não caiu. É um filme de terror, é um filme de terror que vivemos hoje, de não ter a segurança de levar as crianças para um parque. Aonde vamos parar?”, lamentou a professora.
“Eu já me questionei hoje [sobre voltar a trabalhar], mas não sei dizer. Eu entrei na direção, mas não no parque [onde as crianças foram mortas]. No parque não dá ainda”, destacou Simone.
A professora afirmou que, ao ser alertada por uma colega sobre o ataque, demorou a entender que se tratava de uma chacina. Mas que imediatamente trancou os bebês que estavam sob seus cuidados para protegê-los.
“Minha parceira de sala chegou correndo dizendo ‘fecha a porta, fecha a janela porque um cara assaltou o posto’. Pensamos que era um assalto porque ele invadiu a escola, só que fechei os bebês no banheiro, depois vieram na porta dizendo que ele ‘veio matando’, ele foi no parque para matar”, relatou.
O ataque
Um jovem de 25 anos invadiu a Creche Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau, na manhã de quarta-feira (5). Depois de cometer a chacina, o autor se entregou no Batalhão da Polícia Militar da cidade.
Conforme a Polícia Civil, o autor pulou o muro da unidade portando uma machadinha e se dirigiu ao pátio, onde um grupo de crianças estava reunido. Lá, ele as atacou e matou quatro delas e feriu outras.
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As vítimas fatais são:
- Bernardo Cunha Machado, de 5 anos
- Bernardo Pabest da Cunha, de 4 anos
- Larissa Maia Toldo, de 7 anos
- Enzo Marchesin Barbosa, de 4 anos
Já quatro sobreviventes foram socorridos e levados ao Hospital Santo Antônio, onde permanecem internados na manhã desta quinta-feira (6). Eles seguem em observação, mas devem ter alta ainda hoje.
Uma quinta criança que sofreu um ferimento no ombro foi levada ao Hospital Santa Isabel pelos pais. Depois de ser avaliada, ela recebeu alta ainda na tarde de quarta-feira.
Investigação
O tenente-coronel Diogo de Souza Clarindo, comandante do Batalhão de Bombeiros Militar de Blumenau, contou que havia pelo menos 40 crianças no local no momento do ataque, a maioria na faixa de 4 a 7 anos. Segundo ele, o autor não tinha nenhum parente na escola e atacou as vítimas de forma aleatória.
“Ele pulou o muro com a machadinha e desferiu golpes na região da cabeça, o que levou as crianças ao óbito”, disse o comandante.
A Polícia Civil destacou que os telefones e computadores do acusado serão periciados para saber se há mais alguém envolvido na chacina. Além disso, a corporação busca imagens de câmeras de segurança que devem auxiliar nas investigações. Por enquanto, o assassino deverá responder por homicídio qualificado.