O empresário Thiago Brennand, acusado de crimes sexuais, lesão corporal, tortura e cárcere privado, resistiu no momento em que foi preso nos Emirados Árabes Unidos, na segunda-feira (17). De acordo com informações da TV Globo, ele alegou “inocência” e disse que está sendo “injustiçado”.
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No entanto, a inteligência da polícia local desconfiou que ele poderia tentar fugir para a Rússia, onde tem amigos e já viveu por um período antes da pandemia de covid-19. Assim, os agentes agiram rápido e o prenderam.
O empresário está mantido em um hotel em Abu Dhabi, onde seguirá aguardando a chegada de um delegado e três agentes da Polícia Federal ao país. A previsão é que ele seja extraditado ao Brasil até a próxima sexta-feira (21).
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubbo, informou que, depois que Brennand chegar ao Brasil, ele será levado a um Centro de Detenção Provisória e que a Polícia Civil assumirá as investigações.
Autorização da extradição
Brennand se tornou réu em oito processos no Brasil. Em cinco deles, teve a prisão preventiva decretada, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo. A defesa dele tentou revogar essas decisões que pesam contra ele, alegando que o empresário queria voltar ao país e entregaria seu passaporte, mas desde que não fosse preso. No entanto, a solicitação foi negada.
A autorização para a extradição ocorreu no sábado (15). No domingo (16), a Secretaria Nacional de Justiça, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), informou que o procedimento de extradição seguirá seus trâmites regularmente.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve nos Emirados Árabes e confirmou no domingo que a extradição tinha sido autorizada. “Quando [a extradição] vai acontecer é uma questão da Justiça, da polícia. A única coisa que eu sei é que, se no mundo existir um milhão de cidadãos como esse, todos merecem ser punidos, porque não é humanamente aceitável que um brutamontes desse seja um agressor de mulheres”, disse. “Eu acho que ele tem que pagar”, ressaltou Lula.
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“Momento de ter justiça”, dizem vítimas
As vítimas que acusam o empresário por vários crimes reagiram à notícia de que os Emirados Árabes aceitaram o pedido do Brasil para a extradição dele. A modelo Helena Gomes, que foi agredida pelo homem em uma academia, e a estudante de medicina Stefanie Cohen, que o acusa de estupro, disseram que esse “é o momento de ter justiça”.
Em entrevista ao site UOL, Helena Gomes falou que desde sábado passou a receber muitas mensagens sobre a autorização da extradição de Brennand. Segundo ela, essa medida vai muito além da volta do empresário ao Brasil. “É um incentivo para mulheres que não conseguiram fazer boletim de ocorrência procurarem a polícia”, disse.
“A importância do que está acontecendo não é somente trazê-lo ao Brasil. A mensagem mais importante é que as percebam a relevância de denunciar mesmo que ninguém ajude, que ninguém acredite”, ressaltou Helena.
Já a estudante Stefanie Cohen destacou que, mesmo sofrendo as consequências psicológicas de relembrar a violência que sofreu, a volta do empresário ao país representa uma vitória.
“Finalmente um fugitivo é obrigado a voltar ao seu país para cumprir as cinco prisões já decretadas. Juntas fomos fortes e enfrentamos, não fugimos”, disse a jovem.
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