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“Ó meu Deus”, ironizou Thiago Brennand sobre risco de ser preso ao desafiar vítimas a denunciá-lo

Empresário, que tem 5 mandados de prisão no Brasil, deve ser extraditado dos Emirados Árabes

Ele segue detido nos Emirados Árabes
Empresário Thiago Brennand responde a processos no Brasil por crimes sexuais, lesão corporal, tortura e cárcere privado (Reprodução/Instagram)

O empresário Thiago Brennand, que responde por crimes sexuais, lesão corporal, tortura e cárcere privado, desafiava suas vítimas a denunciá-lo, com a certeza da impunidade. Em áudios enviados a uma mulher, a qual ele acusava de difamação, o homem ironizou o risco de ser preso. “Vão me meter na cadeia, ó meu Deus”, disse.

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Brennand, que foi detido nos Emirados Árabes, deve ser extraditado ao Brasil em breve. Por aqui, ele responde a oito processos por diferentes crimes e tem cinco mandados de prisão em aberto. A defesa dele tentou reverter essas decisões, mas a Justiça negou.

Segundo reportagem do jornal “O Globo”, os áudios foram envidados para a mulher em maio do ano passado. Na época, ele procurou a polícia para denunciar que ela, uma prostituta, teria se aliado a um ex-amigo dele para espalhar informações falsas a seu respeito para, depois, extorqui-lo. A vítima, momentos antes, tinha reclamado para uma amiga que tinha sido obrigada pelo empresário a manter relações sexuais sem uso de preservativo.

Assim, depois de registrar o boletim de ocorrência por difamação, Brennand mandou para ela uma foto que mostrava o documento. “Não tenho telhado de vidro, e não tenho medo de grupinho querendo me prejudicar”, escreveu o empresário às 23h12 de 4 de maio de 2022.

Depois disso, já na madrugada do dia 5 de maio, a mulher respondeu questionando qual crime ela teria cometido e o empresário respondeu: “Não quero papo com você (...) seu assunto é com a polícia”. A mulher não se intimida: “Estou aguardando a intimação. Vou falar tudo sobre o abuso que eu sofri. Tchau”. Brennand respondeu com ofensas: “Puta burra, pobre e bandida. Lixo humano. Fale sim, não esqueça nenhum detalhe.”

O empresário disse no registro da ocorrência que não tinha feito sexo com a mulher, mas depois, em conversa com a vítima por telefone, disse: “O seu relato já nasce morto porque você mesma diz que o sexo foi consentido, que só não consentiu com a camisinha. Você é tão burra…”. Na mesma ligação, a mulher afirma que o homem disse: “Você saiu daqui minha amiga, você quis voltar outras vezes. Eu ia te ajudar, te dar outros trabalhos, cara”.

Ainda segundo a reportagem, o empresário confirmou que pagou R$ 3 mil à mulher, mas negou que tenha sido por conta de sexo. Já a mulher disse que teve medo durante a relação sexual, pois se sentiu ameaçada pela coleção de armas que o homem tinha no apartamento. Assim, mesmo dizendo não várias vezes, ele não usou o preservativo durante o ato.

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No dia seguinte, ela relatou que usou uma pomada ginecológica com medo de doenças sexualmente transmissível e Brennand ironizou: “Tu vai mostrar a tua pomada, nêgo vai dar risada. Teu exame? Nêgo vai dar risada. Tu acha que um homem como eu tem DST, rapaz? Eu me cuido, eu sei por onde eu circulo.”

Desafiou vítimas

Ainda nas conversas com a mulher por telefone, Brennand disse que sempre defendeu as mulheres em sua vida e disse que tem sido “alvo de maldades”. Depois, ele minimizou o risco de ser preso e desafiou as vítimas a denunciá-lo: “Eu quero que vão todas. Todas. Sem exceção”.

No fim, as investigações sobre o alegado crime de difamação contra Brennand não avançaram, o Ministério Público pediu o arquivamento e a Justiça aceitou.

A defesa do empresário não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

Caso é apurado pela polícia
Thiago Brennand foi detido nos Emirados Árabes e deve ser extraditado em breve ao Brasil (Reprodução/Instagram)

Empresário voltará ao Brasil

Mesmo confiando na impunidade, Brennand se tornou réu em oito processos no Brasil. Em cinco deles, teve a prisão preventiva decretada, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo. A defesa dele tentou revogar essas decisões que pesam contra ele, alegando que o empresário queria deixar os Emirados Árabes e entregaria seu passaporte no Brasil, mas desde que não fosse preso. No entanto, a solicitação foi negada.

A autorização para a extradição ocorreu no dia 15 de abril. A Secretaria Nacional de Justiça, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), informou que o procedimento de extradição seguirá seus trâmites regularmente.

Ele foi detido no último dia 17, quando a inteligência da polícia árabe desconfiou que ele poderia tentar fugir para a Rússia, onde tem amigos e já viveu por um período antes da pandemia de covid-19. De acordo com informações da TV Globo, ele resistiu à prisão, alegou “inocência” e disse que está sendo “injustiçado”.

O empresário segue mantido em um hotel em Abu Dhabi, onde aguarda a chegada de um delegado e três agentes da Polícia Federal ao país.

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubbo, informou que, depois que Brennand chegar ao Brasil, ele será levado a um Centro de Detenção Provisória e que a Polícia Civil assumirá as investigações.

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