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Mulher acusa prefeito de cidade no Maranhão de sedá-la para realizar aborto em motel: “Gritei muito”

Vítima mantinha relacionamento extraconjugal com político, mas diz que não consentiu procedimento

O médico e atual prefeito do município de Carolina (MA), Erivelton Teixeira Neves (PL), virou réu em um processo no qual é acusado de sedar uma mulher e realizar um aborto sem o consentimento dela, em Augustinópolis, no Tocantins. O procedimento foi realizado em um motel e, conforme a denúncia, teve a ajuda de Lindomar da Silva Nascimento, que era motorista do político e hoje é vereador.

Em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, a vítima, Rafaela Maria Santos, contou que o caso aconteceu em 2017. Na época, ela mantinha um relacionamento extraconjugal com Neves e engravidou. Segundo ela, os dois marcaram o encontro em um motel e, como o político também é médico, combinou que levaria um ultrassom portátil para que pudessem ver o bebê.

Assim, a mulher seguiu até o local combinado e disse que Neves alegou que iria sedá-la para realizar um exame de sangue. Na primeira dose, ela não sentiu nenhum efeito. Foi quando o homem disse que precisaria repetir a dose.

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“Na segunda vez foi horrível. Eu senti como se minha garganta fechasse ou alguém me apertasse. E eu olhei para ele e falei: ‘Eu não estou me sentindo bem’. Foi quando eu olhei para ele e já via tudo embaçado”, contou Rafaela.

Conforme a denúncia, Neves realizou o aborto no motel, sem nenhuma condição de higiene, e mandou que seu motorista, Lindomar Nascimento, levasse a mulher de volta para casa. Rafaela relatou que ficou muito sonolenta e não conseguiu reagir.

“Eu sentia a dor. Eu já sentia que algo saía de mim, que era sangramento. E eu segurei ele com a força que eu tinha. Eu estava ainda um pouco adormecida. O que eu conseguia era gritar. Gritar sim, eu gritei muito. Muito. Porque ali eu já sabia o que tinha acontecido”, contou ela.

“O efeito demorou a passar muito tempo. E, quando eu comecei a acordar, eu estava dentro do carro, na estrada, voltando pra minha cidade, no banco da frente. E eu escutei a voz de outra pessoa. Foi quando eu olhei para trás e vi que o Lindomar estava no banco de trás”, lembrou.

Depois disso, Neves só manteve contato com a mulher por meio do motorista, sendo que vítima teve coragem de denunciar o político apenas nove meses após o aborto. O caso passou a ser investigado e agora, seis anos depois, Neves e Erivelton Teixeira viraram réus no processo. As trocas de mensagens entre eles viraram provas na ação.

Mesmo depois desse tempo todo, Rafaela afirma que ainda sofre as consequências do aborto ilegal e segue em tratamento por estresse pós-traumático.

O que dizem os réus?

Em nota, a defesa de Erivelton Teixeira e de Lindomar Nascimento alega que seus clientes não foram notificados da ação penal, mas ressaltou que tem total confiança em um veredito justo.

Procurados pela reportagem, o Conselho Regional de Medicina do Maranhão e o do Tocantins afirmaram que não têm registro de Erivelton Teixeira como obstetra, ou seja, ele não poderia realizar partos e muito menos abortos, que é uma prática proibida no Brasil e só é liberada por meio de decisões judiciais em caso de má-formação do feto ou risco para a mãe.

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