Foco

Mãe diz que entregou menino para adoção após ‘surto’ e alega que foi pressionada: “Acabei cedendo”

Polícia diz que genitora recebeu R$ 100 para levar garoto ‘ao ponto de encontro’; ela nega ‘venda’ do filho

Casal segue detido suspeito de tráfico de pessoas
Mãe disse que entregou o filho para adoção ilegal 'após se sentir pressionada' por casal, que foi preso (Reprodução/TV Globo)

A mãe do menino de 2 anos, que desapareceu em Florianópolis, em Santa Catarina, e foi achado em São Paulo, confirmou que entregou o garoto para adoção ilegal. No entanto, ela afirma que “teve um surto” e que foi pressionada por Marcelo Valeze e Roberta Porfírio, presos após serem localizados com a criança. A Polícia Civil diz que a genitora recebeu R$ 100 para levar o bebê “ao ponto de encontro”, mas a jovem nega que tenha “vendido” o filho.

ANÚNCIO

Em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, a mãe de Nicolas, que tem 22 anos, contou como tudo aconteceu. Ela alega que sofre de problemas psicológicos desde a gestação e que no momento não pensou “que poderia ser uma quadrilha de tráfico ou algo do tipo”.

“Espero que um dia ele me perdoe e veja que foi um momento que eu passei de problema”, disse a jovem.

Ela contou que conheceu Marcelo em um grupo no Facebook há alguns anos. Na época, o homem contou que ele e a esposa estavam tentando ter um filho, mas que já tinham sofrido alguns abortos espontâneos. Assim, eles pensavam em adotar uma criança. Ainda segundo a jovem, em 23 de abril deste ano, os dois voltaram a manter contato, quando o homem disse que a esposa finalmente tinha tido um bebê, mas indicou que conhecia Roberta, que ainda estava em busca de uma adoção.

Assim, conforme a jovem, Marcelo teria organizado o encontro entre a mãe e Roberta, que ocorreu no último dia 30 de abril, em São José, Santa Catarina. Na ocasião, a genitora relatou que recebeu R$ 100 via Pix para cobrir os gastos de deslocamento e para pagar um lanche.

No local do encontro, a mãe disse que entregou o filho a Roberta sem nenhum tipo de ameaça ou vantagem financeira. Marcelo estava junto e acompanhou tudo de perto.

Apesar de confirmar a entrega do menino espontaneamente, a jovem alega que se sentiu pressionada pelo casal. “Por pressão e pela manipulação, que eu já estava ali naquele local, dentro do carro deles, eu acabei cedendo e fazendo isso, né? Eu tive um surto e resolvi entregar a criança ele, mas sem pensar que poderia ser uma quadrilha de tráfico ou algo do tipo”, afirmou.

ANÚNCIO

Depois disso, a mãe afirma que não quis voltar para casa e passou a noite em um motel. No dia seguinte, ela recebeu de Roberta fotos do menino em uma praia, ao lado de outras crianças, e a notícia de que ele estava bem. Em seguida, eles partiram para São Paulo.

“Foi ali naquele momento que eu comecei infelizmente, a cair a minha ficha do que eu realmente tinha feito. E foi aonde no outro dia eu tentei contra minha própria vida, né?”, relatou a genitora, que acabou internada por causa de uma intoxicação medicamentosa.

Polícia segue investigando o caso
Mãe alega 'surto' e diz que foi pressionada a entregar o filho para adoção ilegal (Reprodução/Redes sociais)

Investigação

As investigações sobre o caso seguem em andamento, mas a polícia confirmou que a mãe do menino recebeu R$ 100 para levá-lo até o “ponto de encontro”. O valor foi transferido para a conta dela por Marcelo.

Agora, a corporação destacou que será pedido a quebra do sigilo bancário dos suspeitos de envolvimento no caso, que segue em sigilo.

Segundo o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, mais duas pessoas suspeitas de ligação com a adoção ilegal, que “provavelmente ficariam com a criança”, foram identificadas e são investigadas. O nome delas não foi divulgado.

Por enquanto, o menino segue em um abrigo na capital paulista, mas deve ser transferido nesta segunda-feira (15), de maneira sigilosa, para outra instituição em Santa Catarina. Os avós maternos solicitaram na Justiça um pedido de guarda provisória, mas a solicitação foi negada, pois os familiares interessados ainda devem passar por uma análise psicossocial.

Relembre o caso

O menino, que é sobrinho do humorista Juliano Gaspar, tinha sido visto pela última vez no dia 30 de abril ao lado da mãe, em Florianópolis. Conforme divulgado pelo comediante nas redes sociais, sua irmã esteve internada nesse período, após uma intoxicação medicamentosa, e não conseguia dar informações sobre o paradeiro do filho.

O caso foi denunciado à polícia no último dia 4, quando um inquérito policial foi instaurado. Conforme reportagem do site G1, a polícia descobriu que um carro branco, com placas adulteradas, saiu de Santa Catarina para São Paulo na data do sumiço do menino. A proprietária do veículo foi identificada e passou a ser monitorada.

Assim, quando Roberta Porfírio entrava em um carro no Tatuapé, acompanhada por Marcelo Valverde, na segunda-feira (8), os policiais militares fizeram a abordagem. Questionada sobre a criança, a mulher apresentou um documento, que disse ser a Certidão de Nascimento. Logo depois, ela afirmou que a mãe de Nicolas o teria doado e que ela estava indo ao fórum para “regularizar a situação”.

A dupla foi presa em flagrante pela PM por suspeita de tráfico de pessoas e passou por uma audiência de custódia no dia 9, quando a Justiça os manteve em prisão preventiva.

O que dizem as defesas dos presos?

As advogadas Laryssa Nartis e Katharine Grimza, que defendem Marcelo, afirmaram ao site G1 que ele conheceu a mãe do menino há dois anos, quando tinha o interesse em adotar uma criança. Assim, a mãe teria entrado em contato com ele dizendo que queria “doar o filho”. Recentemente, ela teria voltado a manter contato dizendo que precisava entregar o menino, pois passava por problemas.

Assim, segundo as advogadas, Marcelo indicou Roberta e o marido para ficarem com Nicolas. Não há informação se havia alguma quantia em dinheiro envolvida no caso.

A advogada Fernanda Salvador, que defende Roberta, negou que tenha havido o crime de tráfico de pessoas e que o bebê estivesse desaparecido, já que a mãe teria entregue a criança a Roberta junto com os documentos, em Santa Catarina. Segundo ela, a genitora alegou que estava em “cenário de vulnerabilidade, em ambiente tóxico”, quando conversou com o casal de São Paulo.

Assim, Roberta foi até Santa Catarina, onde buscou Nicolas. A polícia diz que as placas do veículo dela teriam sido adulteradas na saída do estado, mas a defesa dela afirmou desconhecer a informação.

Depois da repercussão sobre o desaparecimento do menino, Roberta e o marido foram orientados a procurar o Fórum do Tatuapé e entregar a criança. Na ocasião, Marcelo a acompanhou, quando os dois foram flagrados e presos pela PM.

LEIA TAMBÉM:

ANÚNCIO

Tags


Últimas Notícias