O sargento Claudio Henrique Frare Gouveia, de 53 anos, que matou dois colegas de farda dentro de um quartel da Polícia Militar em Salto, no interior de São Paulo, disse logo após o crime que era alvo de “perseguição”. O policial destacou que, por conta de problemas na escala de trabalho dele e da esposa, que também é agente e atua no mesmo batalhão, enfrentava problemas para cuidar dos três filhos.
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“Não aguento mais. Não estou dormindo. Meu casamento acabou”, disse Gouveia logo após ser preso, conforme mostrou um vídeo exibido pelo programa “Fantástico”, da TV Globo, no domingo (21).
Outras testemunhas do crime disseram que o policial vinha reclamando que era alvo de retaliações por parte do capitão Josias Justi da Conceição Júnior, um dos mortos no ataque.
“Ele não devia ter destruído a minha vida, ele destruiu a minha vida. Então é isso aí, elas por elas. Esse é o motivo pelo qual aconteceu. Porque em nenhum momento ele voltou atrás e ninguém transferiu esse cara daqui. Então, eu não tenho o que fazer. Acabou. Se alguém quiser ouvir é isso aí, esse é o depoimento, tá bom? Muito obrigado”, justificou Gouveia.
Além do capitão Justi, o sargento Roberto Aparecido da Silva também foi morto no ataque. Gouveia também teria desavenças com o PM.
Ainda conforme relatos ouvidos pelo “Fantástico”, Gouveia era conhecido pelo seu jeito “gentil”, o que deixou os demais colegas de farda chocados com o crime que ele cometeu.
Relembre o caso
No último dia 15, Gouveia entrou armado com um fuzil na sede da 3ª Companhia da PM alegando que iria fazer um treinamento e matou o sargento Roberto Aparecido da Silva e o capitão Josias Justi da Conceição Júnior. Depois do crime, ele foi preso.
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O advogado Rogério Augusto Dini Duarte, que defende Gouveia, disse em entrevista ao site UOL o que motivou a ação do seu cliente. “Ele [o atirador] estava sendo perseguido pelo capitão [Justi], e também tinha desavenças com o sargento. A ação não foi premeditada, mas parece que um gatilho foi acionado quando viu os dois conversando”, explicou.
Segundo o defensor, a esposa de Gouveia, que também é PM e trabalha no mesmo local, teve a arma recolhida no dia 11, dois dias antes do crime. Dessa forma, Gouveia teria escutado o sargento e o capitão citarem o nome da policial enquanto conversavam, quando invadiu a sala e atirou.
“Havia uma terceira pessoa na sala [onde ocorreu o crime]. Aí, ele [o atirador] disse: ‘Pode sair porque não quero matar você’. O problema dele era com o capitão e com o sargento. Depois dos disparos, entregou o fuzil para outro colega e disse: ‘Pode me prender’”, relatou o advogado.
Depois de preso, o PM disse em depoimento que há tempos enfrentava problemas na escala de trabalho, que o obrigava a atuar no mesmo turno de sua esposa. No entanto, eles precisavam se revezar para cuidar dos três filhos pequenos.
Gouveia foi levado para o Presídio Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo. Ele chegou a passar mal e teve de ser socorrido no dia 16, pois não tinha se alimentado mais desde o ataque.
O caso segue sendo investigado pela Corregedoria da Polícia Militar.
Quem eram as vítimas?
As vítimas estavam em serviço quando foram baleadas. Elas foram socorridos e levados a um hospital da cidade, porém, ambas não resistiram aos ferimentos e morreram.
O capitão Josias Justi era o comandante da 3ª Companhia da Polícia Militar. Ele ingressou na corporação em 2005 e se formou em 2008.
Em 2014, quando era tenente, ele chegou a atuar no Corpo de Bombeiros de Salto. O policial morava em Sorocaba, também no interior paulista, e deixou a esposa e dois filhos. Ele também era graduado em engenharia civil.
Já o sargento Roberto Aparecido da Silva, que estava em serviço no momento do ataque, também era casado e deixou três filhos. Ele começou a atuar na Polícia Militar em 2002.
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