O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) pediu a retomada das investigações sobre a morte de Matheus Campos Silva, de 21 anos, que foi atropelado pelo motorista de aplicativo Christopher Gonçalves Rodrigues, de 26, no Viaduto Júlio de Mesquita Filho, na Bela Vista, região central de São Paulo. Logo após o acidente, o condutor publicou um vídeo nas redes sociais, no qual disse que o jovem estava furtando um celular e fez piada sobre o caso.
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O inquérito da Polícia Civil foi concluído no início deste mês e indiciou o motorista de aplicativo por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, omissão de socorro e incitação ao crime.
No entanto, conforme reportagem do site G1, o MP-SP quer que uma nova perícia determine se a “velocidade empregada pelo indiciado era compatível com o limite de velocidade da via”, ou se foi constatado algum outro indício de negligência ou imprudência do motorista.
Policiais militares que atenderam o caso também serão ouvidos. Assim, as investigações voltaram a ser conduzidas pelo 5º Distrito Policial.
Por enquanto, Rodrigues está em liberdade e não há nenhum pedido para que ele seja preso. Em nota enviada ao G1, a defesa dele afirmou que “está convicta de que com a apresentação dos laudos faltantes restará comprovado que o atropelamento da vítima não passou de um acidente de trânsito”.
Relembre o caso
O atropelamento ocorreu no último dia 25 de abril, quando o motorista gravou o vídeo antes de ir até a delegacia e compartilhou em grupos de mensagens de motoristas de aplicativo. As imagens passaram a circular na internet e causaram comoção.
Enquanto discursava sobre o atropelamento, a imagem mostrou a vítima agonizando embaixo do carro. “Acho que foi a óbito, certeza”, afirmou Christopher Rodrigues. “Agora vamos para a delegacia assinar um assassinato. Menos um fazendo o L”, disse o motorista na gravação.
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Rodrigues não chegou a ser preso. À polícia, ele disse que estava na quarta faixa quando não conseguiu parar e atropelou Matheus. O homem afirmou que desceu para socorrer a vítima, quando apareceu outra pessoa e disse ter sido roubada, mas ele confirmou que não chegou a ver o possível furto.
O caso passou a ser investigado e a polícia apurava se o motorista realmente teve a intenção de matar a vítima. Durante os trabalhos, a corporação afirma que Matheus foi reconhecido por uma das testemunhas “como o autor da subtração do aparelho celular de outro motorista”.
Família diz que jovem era ambulante
Irmã de Matheus, Paloma Santiago disse ao site G1 que o rapaz trabalhava como vendedor ambulante e, independente da ação que tivesse fazendo naquele momento, o motorista agiu com crueldade ao não chamar o socorro após o atropelamento.
“Se achou o justiceiro. A gente não sabe o que estava acontecendo ali. Se meu irmão estivesse roubando, tinha que chamar a polícia. Tirando meu irmão [debaixo do carro], chamasse a polícia e meu irmão ia pagar pelo que ele estava fazendo. A gente é trabalhador, a gente não tem bandido na família. Quem garante que o meu irmão estava roubando? E se ele tivesse roubando, realmente tinha que chamar a polícia, e meu irmão ia ser preso. Preferiu matar”, lamentou.
Os parentes relataram que estavam no enterro de Matheus quando passaram a receber vídeos nos quais a vítima aparecia agonizando e pedindo socorro embaixo do carro.
“Meu padrinho, que é motorista de aplicativo, recebeu nos grupos [o vídeo] do autor glorificando que tinha matado um assaltante. No começo eu não queria ver porque mostra meu irmão debaixo do carro, cheio de sangue e pedindo socorro. Eu não consegui ver mais”, relatou Paloma.
“Meu irmão era um jovem como qualquer um, que trabalhava vendendo bala e capinha de celular no farol. Era assim que ele ganhava a vida. Ele nunca roubou nada de ninguém. O que o motorista fez foi horrível. Justiça com as próprias mãos não resolve nada. Ele matou o meu irmão. A gente nem conseguiu viver o luto”, lamentou.
O advogado Walisson Silva, que defende a família de Matheus, disse ao UOL que vai trabalhar para que Christopher seja indiciado por homicídio doloso (quando há intenção de matar), omissão de socorro e incitação ao ódio.