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Bombons envenenados: ex diz que presa tinha ciúmes ‘incontrolável’ e nega traição com vítima

Comerciante afirma que foi preso duas vezes por agressão, injustamente, por armação de Susane Martins da Silva

O comerciante Mário Sérgio Gravital, ex-companheiro de Susane Martins da Silva, que foi presa por enviar os bombons envenenados que mataram a cuidadora de idosos Lindaci Viegas Batista de Carvalho, de 54 anos, no Rio de Janeiro, diz que tinha uma relação conturbada com a suspeita. Ele negou que a tenha traído com a vítima e ressaltou que a ex-mulher tinha um ciúme “incontrolável”, chegando a quebrar seu celular durante uma crise e a ameaçá-lo com uma arma.

Mário Sérgio, que foi preso duas vezes acusado de agredir Susane, foi solto da cadeia na segunda-feira (29). O homem diz que foi vítima de uma armação dela. Irmão e advogado do comerciante, Márcio Gravital explicou que, depois que foi preso pela primeira vez e obteve a soltura, Susane usou as redes sociais do ex para escrever falsas ameaças e, com isso, ele acabou detido novamente.

A Polícia Civil confirmou que Susane é investigada por publicar mensagens falsas nas redes sociais para “forçar” a prisão do ex-companheiro.

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Em entrevista ao jornal “O Globo”, o comerciante contou que a ex-mulher era agressiva e que tinha muito ciúmes, o que a levava a vasculhar seu celular em busca de qualquer mensagem suspeita.

“Era uma pessoa de poucos amigos. Quando estava comigo, o celular ficava sempre no silencioso. Não deixava que eu tivesse muito acesso, então não sabia muito. Mas Susane sempre foi muito ciumenta. Eu não podia falhar em nada. Às vezes, eu conversava com ela e ela virava para o lado do ódio e era uma coisa incontrolável. Eu precisava bloquear para que ela parasse”, relatou.

Mário Sérgio, que já tinha namorado com Lindaci, mas rompeu antes do relacionamento com Susane, explicou que os dois trocaram mensagens em novembro passado, quando a cuidadora de idosos o procurou para buscar algumas roupas dela que tinham ficado na casa dele.

“Eu estava na casa dela [Susane], foi no dia 2 de novembro. Quando peguei o celular e mostrei um vídeo para ela, a Lindaci me mandou, na mesma hora, uma mensagem avisando que estava passando na minha casa para pegar umas roupas que haviam ficado lá. Foi quando ela começou a me perguntar ‘quem é essa mulher?’ e já levantou da cama com o meu celular. Ela chegou a pegar uma pistola preta que ela tinha e começou a bater o cano na lateral do telefone. Falava ‘me dá a senha’. Respondi a ela que o celular era meu e quem tinha que ver a mensagem era eu. Mas eu tinha medo de me aproximar dela”, relatou.

Depois disso, o comerciante lembra que Susane chegou a quebrar o celular dele. “Depois que descobriu, ela chegou a quebrar meu celular e pegar o meu chip. Baixou o meu e-mail num celular, trocou a senha e conseguiu todas as minhas contas. Com isso, ela pegou o meu Facebook e mandou mensagens para toda a minha rede, pedindo o endereço e telefone da Lindaci. Ela acusava muito a Linda, mas também me colocava como traidor. Ela já trocou farpas com a Lindaci, falando muitas besteiras, dizendo que ia matá-la”, contou.

“A Lindaci chegou a ficar com medo, eu também alertei para tomar cuidado. Acredito que isso [o crime] foi uma grande chance que ela teve de atingir a Lindaci e sair ilesa, porque ela poderia receber vários presentes no dia do aniversário dela. Então, acredito que ela pode ter usado disso para implantar esse bombom envenenado para ela”, afirmou Mário Sérgio.

O comerciante negou, ainda, que tenha traído Susane com Lindaci e disse que eles tinham uma relação de amizade.

“Nos conhecemos desde a adolescência. Chegamos a namorar quando eu tinha pouco mais de 16 anos, mas terminamos e cada um seguiu seu caminho. Ela casou, teve filhos e separou. Há mais ou menos oito anos, nos reencontramos. Foi quando voltamos a namorar, por quatro anos, até chegar ao fim. Mas continuamos amigos. Amizade desde jovem, a gente se gostava muito. Eu a ajudei a criar os filhos dela, dava as coisas para ela. Ela é (era) uma pessoa muito boa e sempre me ajudava também. Uma amiga que eu tinha, que, infelizmente, não terei mais”, lamentou.

Morte de Lindaci

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No último dia 20, data do seu aniversário, Lindaci recebeu uma ligação de um motoboy, que dizia ter uma entrega para ela. Desconfiada, ela pediu que o pacote fosse entregue na loja do namorado, que fica em Vila Isabel.

A cuidadora de idosos teria falado com o ex-marido, que teria confirmado ter lhe enviado os doces. Depois disso, ela se tranquilizou e decidiu comê-los, mas começou a passar mal logo depois que deixou um salão de beleza. Ela foi encontrada na rua, revirando os braços e os olhos.

A mulher foi socorrida por policiais militares e levada para o Hospital do Andaraí, mas não resistiu e morreu. A Polícia Civil informou que ainda aguarda o laudo oficial do IML, que deve levar cerca de 30 dias para ser concluído.

Depois da morte, o ex-marido da cuidadora de idosos negou que tivesse enviado os doces e alegou que confirmou a ela na ligação apenas como forma de “brincadeira”.

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Prisão de Susane

Para a polícia, Susane cometeu o crime por ciúmes. Ela se separou de Mário Sérgio após o relacionamento conturbado, quando o denunciou por agressão, mas mesmo assim ainda quis se vingar de Lindaci, pois acreditava que tinha sido traída. Ela já tinha ameaçado a vítima com uma arma em mensagem enviada nas redes sociais, quando escreveu: “Eu falo pouco, mas faço muito” (veja acima).

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Susane está no presídio de Benfica desde a última quinta-feira (25). Ela foi presa depois que o motoboy Lucas David Bernardes, que fez a entrega do presente a Lindaci, procurou a polícia e indicou que tinha sido contratado por um filho da suspeita.

“Liguei para o delegado e falei: ‘Estou com uma mulher aqui que veio me procurar para dar um telefone e levar o meu’. Peguei no braço dela, levei ela e entreguei à polícia”, disse o motoboy ao “Fantástico”.

O entregador disse que chegou a ser ameaçado de morte por Susane, para que não revelasse que seu filho, que é menor de idade, o tinha contratado para fazer a entrega dos bombons, que continham a substância “terbufós”, um composto químico que é normalmente usado em inseticidas.

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A defesa de Susane denunciou, durante audiência de custódia em que a prisão foi mantida, que ela foi agredida por outras detentas no presídio. Conforme o jornal “O Globo”, após ser informado sobre o caso, o juiz Pedro Ivo Martins Caruso D’ippolito pediu que a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) apure o caso. Além disso, o magistrado determinou que Susane passe por uma “avaliação e tratamento médico, tendo em vista relato de diversos problemas de saúde”.

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