O empresário Thiago Brennand, que responde a oito processos por crimes sexuais, lesão corporal, tortura e cárcere privado, começou a ser julgado na terça-feira (30) pelo estupro contra uma norte-americana. Na audiência, realizada na 2ª Vara de Porto Feliz, no interior de São Paulo, foram ouvidas a vítima e mais três testemunhas. Agora o caso será retomado no próximo dia 21 de junho, quando o acusado deverá ser ouvido por meio de videoconferência.
O empresário, que passou oito meses nos Emirados Árabes, foi extraditado no fim de abril e segue preso no Centro de Detenção Provisória I de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo.
Na próxima etapa do julgamento, presidido pelo juiz Fernando Henrique Masseroni Mayer, mais cinco testemunhas devem ser ouvidas. Em entrevista à TV Globo antes da audiência começar, o procurador-Geral de São Paulo Mário Luiz Sarrubbo disse que a pena de estupro pode aumentar, caso o magistrado entenda que também houve agressão.
“Pelo MP, esperamos que cheguemos a um resultado positivo, lembrando que a pena de estupro, ela vai aí de 6 a 10 anos no caso do simples ou até mesmo de 8 a 12 uma vez comprovada as eventuais lesões corporais que me parece ser o caso. Então, temos a expectativa de chegar a um resultado positivo a partir dessa audiência”, afirmou Sarrubbo.
A sessão não pôde ser acompanhada pelos jornalistas, pois o processo está em segredo de Justiça.
Em comunicado enviado ao site G1, a defesa de Brennand disse que “considerou positivo o desfecho da audiência”. “Na ocasião, puderam ser apresentados fatos novos, que colocam em xeque a narrativa sobre o crime alegado. No momento oportuno, novos esclarecimentos serão apresentados”, ressaltou o advogado Alexandre Queiroz.
Acusação de estupro
Segundo a denúncia do Ministério Público, o crime ocorreu depois que o empresário fez contato com a norte-americana demonstrando interesse em adquirir um cavalo. Assim, ela disse em depoimento ao Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência (NAVV) que iniciou um relacionamento com ele, marcando alguns encontros em um período de dois meses.
“Inicialmente, o homem mostrou comportamento gentil, mas depois passou a agir de maneira agressiva até chegar ao ponto de obrigar a vítima a manter com ele relações sexuais. Além disso, o empresário disse ter gravado cenas íntimas da mulher, passando a ameaçá-la com a divulgação das imagens caso ela rompesse o relacionamento”, informou a Promotoria de Porto Feliz.
Ao aceitar a denúncia e tornar o empresário réu no caso, em novembro do ano passado, a Justiça também determinou a prisão preventiva dele. No entanto, o cumprimento do mandado só ocorreu quando ele voltou ao país.
Extradição
Ao todo, Thiago Brennand responde a oito processos, pelos crimes de estupro, ameaça, lesão corporal, corrupção de menores, sequestro, cárcere privado, calúnia, injúria e difamação.
Ele passou oito meses nos Emirados Árabes e, depois que a extradição já tinha sido autorizada, ele foi detido no dia 17 de abril, quando a inteligência da polícia árabe desconfiou que ele poderia tentar fugir para a Rússia, onde tem amigos e já viveu por um período antes da pandemia de covid-19. De acordo com informações da TV Globo, ele resistiu à prisão, alegou “inocência” e disse que está sendo “injustiçado”.
Assim, a extradição foi concretizada no último dia 29 de abril. Imagens exclusivas divulgadas pelo “Fantástico”, da TV Globo, mostraram o homem logo depois do desembarque. A reportagem também exibiu um áudio dele, no qual disse: “Eu estou podre. Estou literalmente há dois dias com a mesma roupa”, reclamou Brennand.
Quando desembarcou em um voo no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, o empresário usava um boné, máscara e tinha uma blusa cobrindo as mãos algemadas.
No dia seguinte, ele passou por uma audiência de custódia e teve a prisão mantida. Assim, foi transferido para CDP de Pinheiros, onde permanece. A defesa dele tenta a transferência para a penitenciária de Tremembé, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo.
Brennand passou a ser investigado em agosto de 2022, quando foi filmado agredindo a modelo Helena Gomes em uma academia de luxo em São Paulo e as imagens viralizaram. Depois disso, outras vítimas passaram a procurar a polícia para denunciá-lo por crimes de agressão, estupro, cárcere privado, tortura, armazenamento ilegal de armas, entre outros.
Em um áudio após agredir Helena Gomes, ele se vangloriou do caso. “Manda ela gritar comigo de novo, essa Helena. Pra mim ela tá humilhada como eu nunca vi. Ainda tentou cuspir de novo, eu puxei pelo cabelo para mostrar como que faz. Coitada. Ainda esculachei ela na saída, na frente de todo mundo”, disse o empresário no áudio, conforme divulgado pelo jornal “O Globo”.
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