Os dois suspeitos que foram indiciados pela morte do ator Jeff Machado, de 44 anos, que foi encontrado queimado e enterrado dentro de um baú, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, confessaram que participaram da ocultação do corpo, mas negaram o assassinato. Bruno de Souza Rodrigues e Jeander Vinícius da Silva Braga alegam que uma terceira pessoa matou a vítima. Para a polícia, no entanto, essa versão é “fantasiosa”.
Conforme reportagem do site G1, Jeander contou que conheceu Jeff em um aplicativo de namoros e, no último dia 23 de janeiro, ele foi até a casa do ator. Eles estariam acompanhado de uma terceira pessoa, cujo nome não foi revelado. Jeander disse que, em um determinado momento, foi tomar banho e quando saiu já encontrou a vítima deitada na cama, morta, com um fio em volta do pescoço.
O suspeito disse que o suposto autor do crime afirmou, na ocasião, que “é isso que faz com quem passa HIV para os outros”. Em seguida, ele e Bruno teriam sido obrigados a ajudar na ocultação do corpo de Jeff. Foi quando o colocaram dentro do baú e o enterraram em uma casa em Campo Grande, onde foi encontrado pela polícia no último dia 22.
Bruno também foi ouvido, mas o teor do seu depoimento não foi revelado. Ele era considerado o principal suspeito do crime e, segundo a família da vítima, estava com cartões os bancários e as chaves do carro e da casa do artista.
No entanto, a investigação feita pela Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) indica que o Jeff foi assassinado por Bruno e Jeander e, por isso, ambos foram indiciados na quarta-feira (31) por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. A polícia diz que a dupla estava com a vítima na data do crime e descarta a participação de um terceiro envolvido.
Após o indiciamento, a DDPA encaminhou o caso para o Ministério Público e pediu a prisão de Bruno e de Jeander à Justiça. O caso ainda é analisado.
As defesas de Bruno e Jeander não foram encontradas para comentar o caso até a publicação desta reportagem.
Desqualificação da vítima
Ao G1, o advogado Jairo Magalhães, que representa a família do ator, também disse que a versão apresentada pelos indiciados e tem objetivo de tentar desqualificar a vítima.
“Não existe elemento na investigação que aponte para uma outra pessoa na cena do crime. O que ele está tentando fazer é desqualificar a vítima, como se isso justificasse um homicídio brutal e premeditado”, afirmou.
Promessa de integrar novela
A família de Jeff diz que o Bruno Rodrigues prometia alavancar a carreira do artista com escalação em novelas e chegou a receber R$ 16 mil.
“[Jeff] pagou R$ 12 mil, depois R$ 2 mil porque tinha que fazer uma filmagem, mais R$ 2 mil porque não sei o que... Você tem um sonho que ele é tão forte dentro de ti que a impressão é que você fica cego pra realidade”, contou a mãe do ator, Maria das Dores, em entrevista ao “Fantástico”.
Rodrigues trabalhou na emissora até 2018, quando foi demitido. Em nota, a Globo informou que forneceu à polícia, no domingo (28), os detalhes sobre o desligamento, sem divulgar mais detalhes sobre o ex-funcionário.
Relembre o caso
Jeff Machado desapareceu no dia 27 de janeiro deste ano, mas sua família só ficou sabendo quando uma ONG que cuida de animais entrou em contato informando que os oito cães do ator foram achados abandonados.
Os animais, da raça Setter, tinham chip de identificação e seis deles foram encontrados em Santa Cruz , no Pechincha e em Campo Grande, na Zona Oeste. Um animal morreu e outro segue desaparecido.
Depois disso a polícia passou a investigar o desaparecimento do artista e o corpo acabou achado enterrado no baú, que estava em uma casa alugada, no último dia 22. A dona do imóvel prestou depoimento e indicou quem foi Bruno Rodrigues quem alugou o local.
A mãe do ator disse que, neste intervalo até o corpo do ator ser localizado, ela recebia mensagens por aplicativo de mensagem de uma pessoa que se passava por ele. No entanto, ela desconfiava, pois os textos não eram semelhantes aos que o filho costumava enviar.
Por conta do avançado estado de decomposição, Jeff Machado foi identificado por meio das digitais. Os exames necroscópicos também não conseguiram determinar as causas da morte. Mas, como ele foi encontrado com um fio de aço em volta do pescoço e com as mãos e pés amarrados, em posição fetal, a suspeita é que ele tenha sido estrangulado e depois colocado dentro do baú.
LEIA TAMBÉM: