Marcela de Castro Gouveia, de 37 anos, acusada de ser uma falsa médica, cobrou R$ 700 na consulta em que foi flagrada usando o carimbo com CRM de uma otorrinolaringologista e nutróloga, que tem o mesmo nome e sobrenome parecido. Em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, vítima contou como conseguiu efetuar a “armadilha” que desvendou o caso.
“Eu recebi um contato de uma pessoa que eu não conheço fazendo essa denúncia: ‘Oi, tudo bem? Você não me conhece. Eu estou aqui para te falar que tem uma pessoa usando o seu CRM’”, relembra a profissional.
A partir daí, ela pediu que uma amiga, a advogada Andrea Tessaro, agendasse um exame com Marcela. O valor acertado foi de R$ 700, mas que seria pago ao fim do procedimento. Assim, ela esteve no consultório, em Perdizes, na Zona Norte de São Paulo, na última terça-feira (30), acompanhada por uma investigadora da Polícia Civil.
“Ela fez várias perguntas. Um questionário por conta da prescrição do cannabis. Eu tenho a hérnia na cervical e como ela prescreve o cannabis e é usado a atualmente para dores crônicas, eu percebi que ela não ia dar receita do cannabis e solicitei que ela, se ela pudesse, me pedir alguns exames. Ela falou que não teria problema nenhum: digitou o pedido, assinou e carimbou”, detalhou Andrea.
No momento em que Marcela usou um carimbo com os dados da vítima em uma receita, a polícia deu voz de prisão por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica.
“Acho que ela talvez gostaria de ser médica, né? E é isso que vem na minha cabeça, porque não me vem à cabeça outra coisa. Fiquei indignada no momento, mas raiva nenhum momento. Eu não tive”, afirmou a médica dona do CRM.
Ao ser detida, Marcela alegou que não via problemas em usar o carimbo da médica, já que está no meio do curso de medicina. Após pagar uma fiança no valor de R$ 50 mil, ela vai responder ao caso em liberdade.
Ao site G1, o advogado Gustavo Polido, que defende Marcela, afirmou que tudo não se passou de uma confusão. Ele destacou que houve um equívoco nos carimbos recebidos por ela e que não houve qualquer intenção de fraude.
A defesa ainda destacou que Marcela “encontra-se em tratamento psiquiátrico e psicoterapêutico há 4 anos por quadro de transtorno misto de ansiedade e depressão” e que, no momento da prisão, teve uma “crise de pânico e choro”.
Famosas nas redes sociais
O delegado Felipe Nakamura destacou que a falsa médica era seguida por mais de 86 mil pessoas nas redes sociais, onde costumava fazer publicações tirando dúvidas sobre os procedimentos estéticos que realizava.
“A gente acredita que ela se utilizava dessa fama, de ter muitos seguidores, de ter conhecimento técnico na área de estética, para utilizar desse carimbo, a fim de que pudesse dar maior legitimidade a sua atuação, uma vez que não detém título de médico, mas tem conhecimento dessa área de estética”, afirmou o delegado.
“Ela aproveitou dessa característica, de serem homônimas, e começou a usar esse carimbo. Ela alterou, colocou o nome dela, mas com a numeração da vítima”, contou o investigador.
O Conselho Regional de Farmácia informou há um registro ativo em nome de Marcela Castro Gouveia, com “requisitos legais para atuar em saúde estética”.
Ainda não há detalhes sobre o tempo em que a falsa médica atuou e quantos pacientes foram atendidos por ela. Antes de pagar a fiança, a mulher alegou ter renda mensal entre R$ 20 e R$ 30 mil.
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