A Polícia Civil segue investigando o assassinato do ator Jeff Machado, de 44 anos, encontrado enterrado dentro de um baú, em Campo Grande, no Rio de Janeiro. Parentes e amigos de Bruno de Souza Rodrigues, de 37, que foi indiciado pelo crime e segue foragido, foram ouvidos e disseram que ele demonstrava “surpresa” com o desaparecimento do artista e eles nunca desconfiaram que ele pudesse estar envolvido no caso.
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Conforme o site G1, entre os depoimentos colhidos pela delegada Elen Souto está o de Rodrigo Alvim, ex-namorado de Bruno. Os dois mantiveram um relacionamento por 15 anos e, segundo ele, o suspeito chegou a levar o carro de Jeff para a sua garagem, mas ao ser questionado disse que era de um amigo que tinha pedido ajuda para vendê-lo e ele poderia usá-lo por um período. Assim, ele não desconfiou que fosse mentira.
Além disso, Rodrigo relatou que Bruno se mostrava preocupado e surpreso com a repercussão sobre o desaparecimento de Jeff, ainda em janeiro. Recentemente, depois que ele foi indiciado pelo crime e passou a ser procurado pela polícia, saiu dos grupos de WhatsApp da família e extinguiu suas redes sociais.
Na terça-feira (6), a defesa de Bruno Rodrigues entrou com um pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). O objetivo é evitar que ele seja preso.
No documento, os defensores alegam que o suspeito colabora com as investigações, já que indicou o local onde o corpo de Jeff estava, e que não vai atrapalhar o prosseguimento dos trabalhos policiais.
Por enquanto, Bruno Rodrigues continua a ser procurado. Segundo a polícia, o homem, que se apresentava como produtor da TV Globo, planejou o crime um mês antes para tirar vantagem financeira da vítima. Ele prometia a escalação em novelas e chegou a receber R$ 18 mil.
No entanto, ele trabalhou na TV Globo até 2018, quando foi demitido. Em nota, a emissora informou que forneceu à polícia os detalhes sobre o desligamento, sem divulgar mais detalhes sobre o ex-funcionário.
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O produtor falou por telefone com o jornalista Roberto Cabrini, em reportagem exibida no “Domingo Espetacular”, da RecordTV, no domingo (4). “Eu não matei o Jeff, e nem mataria. Nem ele e nenhuma outra pessoa”, disse Bruno Rodrigues. “Se eu planejaria uma morte tão cruel dessa? Minha resposta é não, nunca, em hipótese alguma”, garantiu ele.
Apesar das alegações, a Polícia Civil que não tem dúvidas de que Jeff Machado foi assassinado por Bruno com ajuda de Jeander Vinícius da Silva Braga, de 29 anos, que foi preso e confessou o crime.
“Hoje, o homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver de Jefferson Machado foi cometido único e exclusivamente por Bruno de Souza Rodrigues e Jeander Vinícius Braga. Não existe e nunca existiu nenhuma outra pessoa nessa situação”, ressaltou a delegada Elen Souto.
‘Dissimulado, frio e calculista’
O psiquiatra forense Talvane de Moraes analisou o perfil de Bruno Rodrigues para o jornal “O Globo” e destacou que ele é “dissimulado, frio e calculista”.
Segundo o especialista, os depoimentos de Bruno Rodrigues mostram que agiu com frieza ao denunciar o desaparecimento do ator e a manter contato com familiares da vítima demonstrando preocupação. “O que mais chama atenção nesse caso é a frieza de Bruno, que teve coragem de ir com familiares do Jeff até o local onde o ator foi morto, quando ele ainda era considerado desaparecido, e fingir que não tinha envolvimento com o caso”, destacou o psiquiatra.
Conforme a polícia, Bruno Rodrigues chegou a comparecer a uma delegacia no dia 6 de fevereiro para registrar o sumiço do “amigo”, quando estava com as chaves do carro e da casa do artista. Na ocasião, ele alegou que Jeff tinha viajado a trabalho e não tinha mais voltado. No entanto, o corpo da vítima foi achado enterrado em uma casa alugada, no último dia 22, e o caso passou a ser desvendado.
Inicialmente, a dupla afirmou que o ator foi morto por um homem identificado como Marcelo, mas a investigação descartou essa possibilidade.
Depois de ser preso, Jeander voltou atrás e admitiu que não havia um terceiro envolvido e acusou Bruno Rodrigues pela morte. Para o psiquiatra, o produtor criou uma “trama” para passar a responsabilidade para uma pessoa que não existe.
“Ver a fantasia e a realidade se cruzarem constantemente pode ter ajudado na encenação. Ele elaborou uma história que pudesse, de alguma forma, favorecê-lo como inocente. Isso demonstra o quanto ele é uma pessoa fria e calculista”, ressaltou Moraes.
Relembre o caso
Jeff Machado desapareceu no dia 27 de janeiro deste ano, mas sua família só ficou sabendo quando uma ONG que cuida de animais entrou em contato informando que os oito cães do ator foram achados abandonados.
Os animais, da raça Setter, tinham chip de identificação e seis deles foram encontrados em Santa Cruz , no Pechincha e em Campo Grande, na Zona Oeste. Um animal morreu e outro segue desaparecido.
Depois disso a polícia passou a investigar o desaparecimento do artista e o corpo acabou achado enterrado no baú, que estava em uma casa alugada, no último dia 22. A dona do imóvel prestou depoimento e indicou quem foi Bruno Rodrigues quem alugou o local.
A mãe do ator disse que, neste intervalo até o corpo do ator ser localizado, ela recebia mensagens por aplicativo de mensagem de uma pessoa que se passava por ele. No entanto, ela desconfiava, pois os textos não eram semelhantes aos que o filho costumava enviar.
Por conta do avançado estado de decomposição, Jeff Machado foi identificado por meio das digitais. Os exames necroscópicos também não conseguiram determinar as causas da morte. Mas, como ele foi encontrado com um fio de aço em volta do pescoço e com as mãos e pés amarrados, em posição fetal, a suspeita é que ele tenha sido estrangulado e depois colocado dentro do baú.