A jovem Manuela Vitória de Araújo Farias, de 19 anos, que foi presa com drogas ao desembarcar em um aeroporto na Indonésia, comemorou o fato de ter escapado da pena de morte ou prisão perpétua. Em julgamento, ela foi condenada a 11 anos de prisão, mais o pagamento de 1 bilhão de rúpias indonésias, o equivalente a cerca de R$ 300 mil. Uma postagem compartilhada nos stories da página que arrecada fundos para ajudá-la traz uma mensagem atribuída à brasileira.
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“Entrei pelo celular do advogado. Obrigada Deus por tudo. Tu sabes o que é melhor para mim. A todos que desejaram meu bem e oraram a meu respeito, sempre soube que ia dar tudo certo, pois meu Deus é quem luta por mim! Gratidão. Nunca esquecerei quem não me abandonou. Amo vocês”, diz o texto.
O advogado Davi Lira da Silva, que defende a brasileira, também fez uma postagem em suas redes sociais falando sobre o fato da jovem ter escapado da pena de morte depois que conseguiu provar que ela foi enganada e usada como “mula” por criminosos.
“Hoje tive uma das maiores vitórias em minha carreira profissional, muitas palavras negativas e juízos de valores, muitos crendo em uma sentença de morte, mas o Senhor Jesus nos chama para novidade de vida. Agradeço a todos que foram conosco nesta defesa emocionalmente desgastante, todavia, ao fim obtemos um grande êxito”, escreveu o defensor.
Em entrevista ao jornal “O Globo”, Davi Lira destacou que a jovem foi “forçada” a fazer a viagem até Bali e que, apresentando essas provas, conseguiu livrá-la da pena de morte e da prisão perpétua.
“Desde o início a gente esperava conseguir fazer história. Tínhamos provas de que a participação dela foi menor, não foi ela que preparou as malas. Mostramos que ela não tinha o chamado domínio do fato, que não era traficante e que inclusive tentou desistir da viagem, mas foi forçada a ir. Ela não era traficante, talvez fosse mais vítima do que partícipe”, disse ele.
O defensor disse que entregou para as autoridades indonésias conteúdos e senhas do celular da jovem. “Colaboramos desde o início. A decisão é histórica, e representa uma mudança de paradigma da Indonésia, em reconhecer os direitos humanos. No passado recente, muitos brasileiros usados como mula foram mortos”, destacou.
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“Ela estava confiante, sentindo que tudo daria certo. Depois da condenação, não tem como não ficar triste, mas ela ficou agradecida, porque entende como foi difícil a situação. Está triste com a punição, mas feliz no contexto geral”, ressaltou Lira.
O advogado contou, ainda, que a brasileira está fazendo aulas de inglês e de bahasa (idioma da Indonésia) na cadeia. Para se alimentar e ter acesso a roupas, ela precisa pagar taxas.
“A família está depositando dinheiro. Nessa prisão ao menos há mais estrutura, pode pegar sol, tem interação social. A família continua com a vaquinha, tentando arrecadar fundos, mas a priori é celebrar que ela praticamente nasceu de novo”, concluiu o defensor.
Relembre o caso
Manuela, que trabalhava como vendedora de roupas e perfumes em Santa Catarina, disse aos familiares que iria passar o Réveillon em Bali com um namorado que reside em Portugal, mas chegou sozinha à Indonésia.
Ela embarcou em Florianópolis no fim do ano passado e foi detida ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Bali, quando o raio-x detectou 3 quilos de drogas escondidos entre as roupas nas em duas bolsas Louis Vuitton.
A jovem foi indiciada por tráfico internacional de drogas e, em abril passado, começou a ser julgada. Em casos semelhantes, a Justiça indonésia costuma condenar os réus a pena de morte ou prisão perpétua.
Mas o Ministério Público da Indonésia havia pedido que Manuela fosse condenada a 12 anos de prisão. No entanto, o juiz que analisou o caso a condenou a 11 anos de prisão, mais o pagamento de 1 bilhão de rúpias indonésias.
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