O empresário Marcelo Borges, noivo da dentista Evelyn Santos, de 28 anos, que morreu de febre maculosa, em São Paulo, contou que inicialmente os médicos nem chegaram a desconfiar que ela tivesse sido infectada pela doença e trataram os sintomas como dengue. O casal também esteve em uma festa em uma fazenda em Campinas, no interior paulista, no fim do mês passado, na qual outras vítimas também participaram.
Em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo, reproduzida pelo site G1, Marcelo relatou que ele começou a ter sintomas como febre, manchas vermelhas e dores no corpo dias depois da festa, mas tomou analgésicos e seguiu com suas atividades. Logo depois foi a vez de Evelyn começar a passar mal.
“No sábado [3] ela começou da mesma forma, já caiu de cama, não conseguia levantar [...] para andar é ruim, é muito forte a dor que dá”, explicou ele, que destacou que no dia 4 a jovem pediu para ir ao Hospital Mário Covas, em Hortolândia, cidade em que eles moram, quando fez exames e começou a tratar a questão como dengue e foi liberada.
No dia 5, no entanto, o casal voltou ao hospital, quando o exame descartou que fosse dengue e o médico teria dito que “poderiam ser muitas coisas”. Assim, mais uma vez, a dentista foi orientada a voltar para casa e descansar.
Evelyn continuou se sentindo mal e, no dia 6, teve uma convulsão no carro enquanto estava sendo levada para o Hospital de Clínicas da Unicamp, em Campinas. A jovem já chegou em estado de choque e, segundo o noivo, precisou ser intubada e permaneceu internada até o dia 8, quando não resistiu e morreu.
Marcelo ressaltou que, em nenhum momento, o casal foi questionado sobre o local que esteve antes de apresentar os sintomas e que os médicos só citavam dengue. A família só desconfiou que Evelyn tinha morrido de febre maculosa depois da confirmação pelo Instituto Adolfo Lutz das causas das mortes do casal Mariana Giordano, de 36 anos, e Douglas Costa, de 42, que também estiveram na “Feijoada do Rosa”, na Fazenda Santa Margarida, em Campinas.
Procurada pela reportagem da EPTV, a Prefeitura de Hortolândia destacou que Evelyn buscou atendimento no hospital da cidade no dia 4, quando foi medicada conforme quadro clínico e orientada a retornar se houve agravamento de sintomas.
Depois disso, no dia 6, ela teria ido até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Rosolém, mas, durante a triagem, não foi localizada e teria deixado o local antes de ser atendida.
Mortes por febre maculosa
Na quarta-feira (14), o Ministério da Saúde atualizou para 53 o número de casos de febre maculosa confirmados este ano no país, com oito mortes registradas. Todos os óbitos ocorreram na Região Sudeste, sendo seis em São Paulo, um em Minas Gerais e um no Rio de Janeiro.
Em São Paulo, além das três mortes recentes confirmadas de pacientes que estiveram em uma fazenda em Campinas, o Instituto Adolfo Lutz ainda investiga as causas da morte de uma adolescente de 16 anos, que também esteve no mesmo local e morreu com suspeita da doença.
A Secretaria de Saúde de Campinas informou que foram registrados mais dois casos suspeitos de febre maculosa no município. Trata-se de duas mulheres que estiveram na Fazenda Santa Margarida: uma de 40 anos, que esteve no local em 27 de maio; e outra de 38 anos, que frequentou um evento em 3 de junho, mesma ocasião que três vítimas fatais. Ambas seguem internadas.
Febre maculosa
A febre maculosa é uma doença infecciosa causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, que é transmitida por meio da picada de carrapato. Ou seja, a transmissão não ocorre de pessoa para pessoa, apenas pelos insetos infectados.
Os sintomas podem ser facilmente confundidos com outras doenças que causam febre alta, segundo alertou a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.
Entre eles estão febre, dor de cabeça intensa, náuseas e vômitos, diarreia, dor abdominal e muscular, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés, gangrena nos dedos e orelhas e paralisia dos membros. A doença pode variar de leve a grave, com alta taxa de letalidade.
No Brasil, o principal vetor é o carrapato estrela, mas qualquer espécie pode abrigar a bactéria causadora da febre maculosa, como o carrapato do cachorro, segundo alerta do Ministério da Saúde.
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