A mãe da escrivã Rafaela Drumond, de 31 anos, que foi encontrada morta após denunciar ter sido vítima de assédio sexual, moral e até de uma tentativa de agressão por parte de colegas de trabalho da Polícia Civil de Minas Gerais, fez um apelo desesperado para a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ela pediu que a investigação do caso seja transferida de Carandaí para Belo Horizonte. A mulher teme que o caso “seja esquecido e abafado”.
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Em um vídeo publicado pelo jornalista André Rocha, em seu perfil no Tik Tok, Zuraide Drummond fez um apelo a Rosa Weber “em nome de todas as mães”, ressaltando que se o caso continuar a ser investigado na cidade em que ela trabalhava, nada será feito (veja abaixo).
“Eu estou sofrendo, estou sem palavras. Eu não consigo nem falar direito, eu não consigo pronunciar as palavras direito. Eu estou muito abalada. Eu não quero que esse caso fique aqui. Não quero que isso fique impune. Eu quero justiça pela minha filha. Todos aqui estão desamparados. Eu não quero que isso fique em esquecimento. Eu não sei mais o que eu faço para pedir justiça pela minha filha”, lamentou a mãe.
Além disso, ela ressaltou que sua Rafaela “sofreu demais” antes de ser achada morta. “Ela tem que ter justiça. Os que fizeram isso com ela têm que pagar. A minha filha não pode ser esquecida”, destacou Zuraide.
A escrivã protocolou uma série de denúncias de assédio moral, sexual, pressão psicológica e sobrecarga no ambiente de trabalho ao Sindep-MG (Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais), que instaurou uma apuração. No último dia 9 de junho, ela foi encontrada morta pelos pais em Antônio Carlos, no Campo das Vertentes.
O caso foi registrado como suicídio e a Polícia Civil informou que abriu inquérito para investigar as circunstâncias da morte e que os trabalhos seguem em andamento.
A Corregedoria da corporação destacou que apura as denúncias feitas por Rafaela contra os colegas de Carandaí, mas até o momento ninguém foi suspenso.
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Vítima de assédio
Reportagem do site G1 trouxe uma série de áudios enviados por Rafaela para uma amiga, em fevereiro deste ano, quando ela relatou episódios de assédio moral e sexual, perseguição, boicote e até uma tentativa de agressão física por parte de colegas de trabalho.
Em uma das gravações, a escrivã detalha o contexto de um vídeo que gravou, quando foi ofendida por um colega de delegacia de Carandaí. Ela contou que, na ocasião, eles participavam de uma confraternização, mas o homem a xingou e virou uma mesa contra ela.
“Sabe o que que ele pegou e fez? Virou a mesa em cima de mim, caiu cerveja na minha roupa, caiu [sic] os negócios que estavam na mesa na minha roupa. Na hora que acabou isso eu peguei meu telefone e comecei a gravar. Eu devia ter gravado desde o início”, disse Rafaela na filmagem.
A escrivã contou, em outros áudios, que foi vítima de assédio sexual, mas que não chegou a denunciar o caso. Segundo ela, os problemas com os colegas já ocorriam há pelo menos um ano.
“Eu nem contei pra vocês, porque, sabe, umas coisas que me desgastam. Quanto mais eu falo, mais a energia volta. Fiquei calada. [...] Eu fiquei quieta na minha, achando que as coisas iam melhorar. Eu não incomodo muita gente, mas, enfim, agora chega”, disse ela.
A escrivã tentou conseguir uma transferência para Conselheiro Lafaiete, na Região Central de Minas Gerais, mas seguia lotada em Carandaí quando morreu.
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