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“Pesadelo”: tatuadora tem braço amputado após fazer cirurgia estética; entenda o que aconteceu

Camila Gama, 41, conta que precisou tomar remédios após procedimento e acabou com trombose

A cirurgia dos sonhos acabou virando um pesadelo para a tatuadora Camila Gama, de 41 anos. Ela passou por uma lipoescultura em março deste ano, em Goiânia, Goiás, e pouco depois do procedimento foi diagnosticada com anemia. Assim, precisou tomar uma medicação na veia e disse que sua mão começou a necrosar. Por conta de uma trombose, ela precisou ter o membro amputado.

“Eu gritava de dor [ao receber o medicamento na veia], minha mãe apertava o botãozinho, as enfermeiras não vinham, elas falavam que era normal sentir dor com esse medicamento, o hospital não teve um pingo de empatia. Eu pedia para tirarem e elas falavam que era normal”, lamentou Camila em entrevista ao site G1.

A tatuadora é goiana, mas atualmente mora nos Estados Unidos. Ela relatou que conheceu o cirurgião que fez a lipoescultura por meio de amigas e, assim, decidiu vir ao Brasil para fazer a lipoescultura em um hospital particular. Tudo parecia bem após o procedimento, mais cinco dias depois começou a se sentir muito mal. Ela voltou ao local, recebeu o diagnóstico de anemia e tomou duas bolsas de sangue. Depois, voltou para casa.

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Mas as dores só aumentavam e ela passou a sentir que estava perdendo os movimentos do corpo e voltou ao hospital mais uma vez. Na ocasião, o cirurgião não estava no local e um plantonista receitou um remédio a base de ferro, que deveria ser aplicado na veia. A tatuadora disse que as enfermeiras tiveram dificuldade em aplicar o medicamento e pediram ajuda de um anestesista. Ela sentiu muita dor no braço, mas o procedimento continuou.

“As enfermeiras furaram várias vezes e não conseguiram [achar a veia], desci para o centro cirúrgico e tinha um anestesista de plantão, ele pegou a veia e começou o pesadelo. Começou a doer e pouco tempo depois a minha mão já estava toda preta necrosada”, contou ela.

Amputação do braço

A mãe da tatuadora acionou o médico que a operou incialmente e ele a acompanhou até outro hospital, para onde ela foi transferida. Lá, passou por um tratamento para tentar diminuir a trombose e teve que passar por duas cirurgias.

“Fiquei 11 dias na UTI tomando morfina 6 vezes ao dia, com muita dor, até que eu não aguentava mais. Os médicos disseram que teria que amputar de todo jeito, mas estavam tentando amputar menos, porque a trombose já estava no ombro, a um passo de ir para o coração ou cérebro”, explicou ela.

De acordo com Camila, ela tomou um medicamento dos Estados Unidos durante os 11 dias de internação para tentar “diminuir” a trombose. Foi então que os médicos conseguiram amputar não no ombro, mas do cotovelo para baixo.

A tatuadora diz que agora ainda tenta se adaptar a nova realidade, já que não pode mais trabalhar. “Eu era muito popular aqui nos Estados Unidos, tinha um estúdio maravilhoso, tinha muitos clientes, eu não perdi só o braço, eu perdi o meu sonho de 9 anos, meu estúdio, minhas clientes, a forma que eu me mantinha”, lamentou ela.

Investigação

Advogado de Camila, Fabrício Póvoa disse à TV Anhanguera, afiliada da TV Globo, que fez uma representação criminal sobre o caso e registrou um boletim de ocorrência para apurar eventual erro médico ou conduta negligente.

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“Segundo informação da Camila, foi medicado um anticoagulante, passado para ela logo após a cirurgia plástica e, segundo ela, esse medicamento deveria ser receitado com 30 dias de antecedência”, pontuou o defensor.

A Polícia Civil informou, por sua vez, que começou a investigar o caso neste mês como lesão corporal. A tatuadora prestou depoimento e passou por exames de corpo de delito e os laudos são aguardados.

O hospital foi procurado pela reportagem e destacou que se sensibiliza com o caso de Camila. A unidade ressaltou que “foi realizada a melhor prestação de serviços, sem nenhuma responsabilidade civil, negando-se, com veemência – a partir da punção da artéria por anestesista (acesso venoso periférico em membro superior direito), conforme prescrição médica, com a respectiva administração do medicamento (NORIPURUM) pela enfermagem e sem intercorrências – qualquer defeito nos serviços ali prestados.”

A unidade destacou, ainda, que não tem vínculo empregatício com o cirurgião plástico, “afastando, qualquer responsabilidade objetiva da unidade hospitalar” e que o anestesista faz parte de uma empresa contratada pelo hospital.

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Já a defesa do cirurgião plástico disse que não pode dar detalhes técnicos sobre o caso por conta do sigilo médico, mas que o que aconteceu com Camila é uma complicação que não tem ligação com a cirurgia e todos os cuidados foram tomados durante o atendimento. O médico informou que está à disposição da Justiça para esclarecimentos.

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