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Pai só descobriu que filho foi amarrado a poste em escola após imagem viralizar: “Totalmente vulnerável”

Donos da unidade particular na Zona Sul de SP foram presos e são investigados pelo crime de tortura

O pai do menino que apareceu em um vídeo amarrado pela blusa a um poste na escola Pequiá, na Zona Sul de São Paulo, contou que só teve ciência de que se tratava do filho após as imagens viralizarem nas redes sociais. Os donos do colégio particular, Andrea Carvalho Alves Moreira e Eduardo Mori Kawano, estão presos e são investigados pelo crime de tortura.

Em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, o pai do menino, que não quer ser identificado, disse que o próprio garoto confirmou que era ele na imagem e que foi amarrado com a alegação de que estava “agitado demais”.

“Aí eu abri a foto, dei um zoom, e a hora que eu mostrei pra ele, já: ' é, papai, sou eu na foto’”, contou o homem, que lamentou o caso. “Eles estavam totalmente vulneráveis porque eles ficavam o dia inteiro na mão deles.”

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Também ao “Fantástico”, a Anny Garcia Junqueira, que era ex-funcionária da escola, contou que presenciou várias cenas de humilhação praticadas pelos donos como castigo às crianças. Sobre o episódio do garoto amarrado ao poste, ela disse que foi Eduardo quem aplicou a punição.

“Eu lembro de ser final do dia, de todas as crianças estarem brincando no pátio descoberto e o Eduardo falou assim: ‘Se você ficar correndo, vai ficar de castigo’. E prendeu ele no poste”, contou Anny.

A ex-funcionária também falou sobre outros episódios que presenciou, como quando os donos teriam colocado um aluno para fazer as necessidades em uma caixa com areia de gato, na frente dos demais estudantes. “Chegaram a deixar ele sentado em cima de um ralo”, disse ela.

A jovem também afirmou que, atualmente, as punições estavam cada vez mais frequentes, o que a levou a pedir demissão. “Estava muito agressivo. Eles pegavam a colher e forçavam a criança a comer, mesmo ela estando com ânsia”, revelou ela.

A advogada Sandra Pinheiro de Freitas, que defende o casal, negou que Eduardo tenha amarrado o menino ao poste e destacou que antes de acusá-los “é preciso entender que toda a situação não se fecha num único ato. Ela tem que ter todo um contexto em volta daquela situação”. Ela disse ainda que os donos da escola afirmam que não se tratam de “atitudes deles”.

Andrea e Eduardo tiveram a prisão temporária decretada no último dia 26 e já eram considerados foragidos, mas negociaram a rendição e foram presos no início da noite do dia 27.

O delegado Fábio Daré, responsável pelo caso, disse que os dezenas de depoimentos de pais de alunos e professores foram convergentes. “Isso me levou a crer que houve um crime de tortura naquela escola”, afirmou ele.

O inquérito policial segue em andamento no 6º Distrito Policial do Cambuci.

Relembre o caso

As denúncias começaram depois que uma professora conseguiu esconder um celular e gravar o momento em que o menino foi amarrado em um poste, por meio das mangas da blusa (veja abaixo). Depois de fazer a filmagem, ela procurou a delegacia e registrou um boletim de ocorrência.

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A docente disse que os casos de humilhação contra os estudantes eram constantes na escola, como forma de castigo quando eles não se comportavam. Segundo ela, eram os donos quem aplicavam essas punições.

Uma ex-professora também disse, em entrevista ao programa “Bora Brasil”, da Band, que trabalhou na unidade por dois anos. A mulher, que não quer ser identificada, relatou que presenciou uma série de abusos praticados pelos donos, entre eles deixar os alunos sem comer, trancá-los no banheiro e até bater nas crianças. “Chega nem a ser ruim, são perversos mesmo. Eles gostavam, eles tinham o prazer de judiar das crianças”, disse.

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