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Brennand insinua que mulher que o acusa de estupro seria prostituta e diz estar preso “por vontade própria”

Afirmações foram feitas por empresário durante julgamento no qual é acusado de estuprar norte-americana

O empresário Thiago Brennand, que responde a nove processos por crimes sexuais, lesão corporal, tortura e cárcere privado, alegou em depoimento à Justiça que as acusações contra ele são “absolutamente mentirosas” e destacou que está preso “por vontade própria”. Além disso, conforme revelado pelo portal “Metrópoles”, ele tentou manchar a reputação da norte-americana que o acusa de estupro, dizendo que ela já tinha trabalhado como prostituta.

“Ela me contou um pouco sobre a história dela. Parece que foi dada para adoção lá [nos Estados Unidos] e passou por um período de, como a gente chama em inglês, ‘hardship’, de miséria. Se relacionou com um traficante de drogas e, por isso, tem uma tatuagem enorme nas costas. E chegou — bom, é o que ela disse, não sei se é verdade — a se prostituir”, disse o empresário durante videoconferência na segunda sessão do julgamento do caso, ocorrida no último dia 21 de junho.

O empresário segue preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, em São Paulo, desde o fim de abril, quando foi extraditado dos Emirados Árabes ao Brasil. Ao ser ouvido pelo juiz Fernando Henrique Masseroni Mayer, da 2ª Vara de Porto Feliz, no interior paulista, ele ressaltou que só voltou ao Brasil porque os pais estão doentes e reclamou que “não há uma punição reversa para essa onda de acusações sexuais”.

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“Doutor, primeiro, que se registre para memória perpétua: eu estou aqui preso por vontade própria. Entrei em contato com o vice-presidente da Interpol para as Américas, doutor Valdecy Urquiza, delegado da Polícia Federal, e disse que iria voltar ao Brasil por vontade própria. Não houve processo com sucesso de extradição, nem o Lula que trouxe o Thiago, tá? Voltei porque meus pais estavam com cânceres, entendeu? Voltei sabendo que eu iria ser preso injustamente”, disse ele.

Ainda durante o julgamento, o empresário disse que seu relacionamento com a norte-americana começou depois que a mulher o procurou pelo Instagram, querendo saber de uma pessoa em comum, que seria amante dela. Questionado sobre o estupro, Brennand alegou só ter feito sexo consensual na vida.

“Os motivos estão claros nos autos, né? As provas são inelutáveis. Uma pessoa que, além de já ter me solicitado dinheiro algumas vezes, se dizia não bem mantida pelo marido, ora ex-marido e tal. Me pediu para pagar advogado, pediu para pagar babá. Tentava, a todo preço, ter uma relação”, afirmou Brennand.

Troca de mensagens

Ainda durante o julgamento, a defesa de Brennand incluiu no processo cerca de 1,5 mil mensagens que ele teria trocado com a vítima, em inglês, entre setembro e novembro de 2021. A mulher também teria feito 40 chamadas de WhatsApp, que não foram atendidas.

Como a norte-americana não citou nessas mensagens nada sobre a violência sexual que teria sofrido, a defesa alega que, na verdade, o empresário estaria sofrendo retaliação por não corresponder às expectativas de uma mulher apaixonada.

No entanto, a vítima nega essa versão e afirmou que foi sim estuprada, agredida e ameaçada pelo empresário e que chegou a sangrar após o ato sexual sem consentimento. Ela reconheceu parte do conteúdo das mensagens, mas contestou o período indicado pela defesa. “Essas conversas não foram nessas datas. Essas conversas não têm nada a ver. Foram muito antes, no começo do relacionamento”, disse a vítima.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) afirma, por sua vez, que as provas foram extraídas ilegalmente do celular de Brennand por um “expert” contratado pela defesa e, por isso, pede que o material seja removido dos autos.

O julgamento do caso segue em andamento, tramitando sob sigilo de Justiça.

Relembre o caso

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Segundo a denúncia do Ministério Público, o crime ocorreu depois que o empresário fez contato com a norte-americana, que não teve a identidade revelada, demonstrando interesse em adquirir um cavalo. Assim, ela disse em depoimento ao Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência (NAVV) que iniciou um relacionamento com ele, marcando alguns encontros em um período de dois meses.

“Inicialmente, o homem mostrou comportamento gentil, mas depois passou a agir de maneira agressiva até chegar ao ponto de obrigar a vítima a manter com ele relações sexuais. Além disso, o empresário disse ter gravado cenas íntimas da mulher, passando a ameaçá-la com a divulgação das imagens caso ela rompesse o relacionamento”, informou a Promotoria de Porto Feliz.

A denúncia foi assinada pelos membros do Ministério Público Evelyn Moura Virginio Martins e Josmar Tassignon Junior. Ela foi aceita pela Justiça no dia 4 de novembro do ano passado, quando também foi decretada a prisão preventiva de Brennand em relação a este caso.

Julgamento de outros casos

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Na última sexta-feira (28), o empresário participou do segundo dia consecutivo de audiências. Na ocasião, ele acompanhou o início de um julgamento por estupro contra uma mulher, que afirma ter sido obrigada a fazer sexo com ele contra a sua vontade e sem o uso de preservativos.

Segundo declarações da vítima, ela foi convidada para fazer uma massagem no dia 31 de março de 2022, e esperava fazer o serviço na casa de Brennand. No entanto, ela foi orientada a prestar os serviços na casa de campo do empresário.

Acompanhada por uma amiga, ela chegou ao local após às 23 horas e relatou que antes de ser levada ao quarto foi “apresentada” a coleção de armas do empresário. Após levá-las para o quarto, ele teria expulsado a acompanhante da mulher e obrigado a vítima a ter relações sexuais sem o uso da camisinha.

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“Ele começou a falar de forma rude e o quarto estava cheio de armas expostas. A essa altura eu já estava com muito medo. Ninguém sabia que eu estava ali, só tinha funcionários de anos na casa e aparentemente todos de confiança dele. Ele abusou de mim, fez exatamente o que eu não queria sem meu consentimento, mesmo eu falando que não queria”, declarou a vítima.

Já na última quinta-feira (27), o empresário passou cerca de seis horas ouvindo acusações referentes a outro processo: a agressão contra a modelo Helena Gomes, ocorrida em uma academia de luxo na capital paulista.

O caso em questão foi o pontapé inicial para que outras denúncias contra Brennand fossem realizadas pelas vítimas. Na ocasião, ele agrediu a modelo após ela se recusar a sair com ele. A agressão foi registrada pelas câmeras de monitoramento da academia, e se tornaram públicas após a denúncia feita pela modelo.

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Além de Helena, outras duas testemunhas foram ouvidas pelo juiz ao longo da última quinta-feira (27). As audiências referentes a este caso serão retomadas no dia 1º de setembro.

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