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Documentário: mãe de Isabella Nardoni critica regime aberto de Jatobá: “Minha filha não volta”

Ana Carolina relutou em participar de produção da Netflix, mas julgou ser importante para lembrar o crime

Mãe de Isabella Nardoni, a bancária Ana Carolina Oliveira, de 39 anos, disse que relutou em participar de um documentário da Netflix que vai relembrar o caso. Em uma entrevista exclusiva divulgada pelo Universa, do site UOL, ela falou que pensou em preservar os dois filhos que teve após a morte da menina. No entanto, julgou ser importante que a violência cometida contra sua filha não seja esquecida e ainda ressaltou que não acha justo o fato de Anna Carolina Jatobá, condenada pelo assassinato, estar em regime aberto.

“Não acho justo ela estar voltando para casa. Daqui a pouco, pode ser ele [Alexandre Nardoni]. A minha filha nunca vai voltar para casa. Repito: a minha filha nunca vai voltar. Tenho que aceitar as decisões da Justiça do meu país porque não tenho como mudar esse curso, mas acho justo? Não, não acho. Acho que se a minha filha não volta para casa, eles também não têm que voltar”, disse a mãe de Isabella.

Segundo ela, mesmo passados 15 anos do crime, a dor nunca deixou de existir. “Falei e sempre falarei sobre o que aconteceu, mas é sempre dolorido e cutuca lembranças que a sua memória guarda lá no cantinho. A justiça foi feita, um ciclo se encerrou para mim, mas hoje fico com o meu sofrimento, a minha dor”, disse Ana Carolina.

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Sobre o documentário, que deve estrear na plataforma de streaming na próxima quinta-feira (17), ela afirmou que teve medo de participar e expor sua família. Mas acabou voltando atrás.

“Liguei para o Claudio [Manoel, codiretor de Isabella: O Caso Nardoni] falando que achava que era muito delicado, que isso ia mexer com feridas, porque hoje isso envolve meus filhos. Tenho um filho de 7 anos que sabe que tem uma irmã mais velha, mas não sabe a realidade dos fatos. Aí, eu desisti, mas depois voltei atrás. O meu propósito em aceitar fazer parte desse projeto foi que essa história e tantas outras que não foram contadas não sejam esquecidas”, ressaltou a mãe de Isabella.

Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni, madrasta e pai de Isabella, respectivamente, foram condenados pelo assassinato da garota, que tinha cinco anos. Ela foi morta e jogada da janela de um apartamento, na Zona Norte da capital paulista, em março de 2008.

O julgamento do casal ocorreu em 2010, quando a madrasta pegou 26 anos de prisão. Ela passou 15 anos detida na Penitenciária Santa Maria Eufrásia Pelletier, a P1 feminina de Tremembé, onde trabalhava como costureira.

Progressão de pena de Anna Jatobá

Anna Carolina Jatobá foi solta da cadeia feminina em Tremembé, no interior de São Paulo, no último dia 20 de junho, após obter o benefício de progressão de pena.

A defesa tentava o regime aberto , mas o juízo de execução penal havia exigido a realização do Teste de Rorschach, que é uma avaliação psicológica. Os advogados dela recorreram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) alegando que ela já foi submetida a um exame criminológico há cinco meses e que a manutenção dela em regime fechado representava um “constrangimento ilegal”.

O STJ, por sua vez, determinou em junho passado que a Justiça de São Paulo voltasse a analisar o pedido da defesa da presa, o que foi feito pela juíza Márcia Domingues de Castro, da 2ª Vara de Execuções Criminais de Taubaté. A magistrada concedeu o benefício e, assim, ela foi liberada do presídio.

Na época, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou que iria recorrer da decisão.

Situação de Alexandre Nardoni

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Alexandre Nardoni foi condenado a 30 anos de prisão e cumpre pena na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, conhecida como P2 de Tremembé. Em 2019, ele também já obteve o benefício do regime semiaberto, podendo fazer saidinhas temporárias.

Quatro meses depois o benefício foi revogado e ele não pôde deixar o presídio no Dia dos Pais daquele ano. No entanto, a defesa dele recorreu ao STJ e conseguiu reverter a situação, mantendo o regime semiaberto. Apesar do benefício, ele se dedica a estudos dentro do próprio presídio.

Morte de Isabella Nardoni

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Isabella Nardoni tinha cinco anos quando foi jogada pelo pai e pela madrasta da janela de um apartamento que ficava no sexto andar do Edifício London, no dia 29 de março de 2008.

Inicialmente eles alegaram que foi uma queda acidental, mas a investigação apurou que a criança apresentava marcas de que tinha sido agredida e morta antes de ser arremessada.

O Ministério Público destacou durante o julgamento do casal que as provas periciais obtidas pela Polícia Civil não deixavam dúvidas sobre a autoria do assassinato. A acusação destacou que a madrasta esganou Isabella e, em seguida, o casal cortou a tela de proteção da janela e o pai jogou o corpo da filha.

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Mesmo após a condenação, ambos negam o crime. Eles alegam que uma outra pessoa entrou na residência e matou a criança.

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