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Número de mortos em ação policial no litoral de SP chega a 18; PM apontou fuzil até para jornalista

Operação Escudo é realizada desde a morte de soldado; delegado da PF foi baleado durante diligências

Número de mortos na ação subiu para 18
PM apontou fuzil para jornalista da TV Globo durante operação em comunidade no Guarujá, no litoral de SP (Reprodução/Twitter)

O número de mortes na Operação Escudo, realizada desde o fim de julho na Baixada Santista, subiu para 18. Na tarde de terça-feira (15), dois homens morreram em supostos confrontos com agentes do Batalhão de Ações Especiais (Baep) da Polícia Militar. Um delegado da Polícia Federal também foi baleado na cabeça durante diligências e tem quadro grave. Os trabalhos foram abordados no programa “Profissão Repórter”, da TV Globo, que mostrou um PM apontando um fuzil para uma jornalista, mesmo depois que ela se identificou.

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A repórter Danielle Zampollo esteve na comunidade Prainha, em Guarujá, para apurar as denúncias de moradores sobre irregularidades praticadas pelos policiais durante a operação. Ao chegar, ela contou que deixou a câmera no carro, mas, ao avistar uma viatura policial, se identificou e perguntou se podia mostrar o trabalho que era realizado. O PM não respondeu.

Assim, ela pegou o celular, começou a filmar a entrada dos agentes na comunidade e avisou novamente: “Tô mostrando o trabalho de vocês, tá bom?”. Nesse momento, um policial, que não usava identificação, passou a apontar um fuzil na direção da repórter.

“Quando ele começou a apontar o fuzil pra mim, e manteve a arma apontada, eu estranhei. Achei que estivesse acontecendo alguma coisa. Olho pra trás e não tem ninguém. Só eu, numa viela estreita. Aí que eu vi que era comigo. Ele ficou 17 segundos apontando o fuzil pra mim, sem parar”, relatou Danielle.

Com medo, ela se afastou e pediu para se proteger na casa de um morador. Nesse momento, o policial se aproximou e, com celular dele, passou a filmar a jovem, dizendo que ela estava ali de tocaia para tentar flagrar alguma irregularidade (veja abaixo). Ele mesmo divulgou as imagens nas redes sociais e elas viralizaram. “Eu estava ali para sair da mira do fuzil do policial”, se defende Danielle.

A reportagem mostrou, ainda, quando Caco Barcelos questiona o comandante-geral da PMESP, Cássio Araújo de Freitas, sobre a atitude do agente, e ele confirma que viu a imagem da jornalista na comunidade. No entanto, disse que não sabia que ela já tinha se identificado antes de estar na mira do fuzil e que aquela não é a conduta recomendada pela Polícia Militar.

Delegado baleado

O delegado Thiago Selling, da Polícia Federal, foi baleado na cabeça enquanto cumpria um mandado de busca e apreensão no Guarujá, na manhã de terça-feira. Ele foi socorrido e levado ao Hospital Santo Amaro, onde segue internado em estado grave.

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Conforme o boletim de ocorrência, quando o delegado e outros agentes chegaram ao bairro Cachoeira, já foram recebidos a tiros. Dois suspeitos foram presos com metralhadoras, drogas e dinheiro.

Em nota, o Sindicato dos Policiais Federais em São Paulo (SINPF-SP) repudiou o ataque ao delegado. “O SINPF-SP condena veemente o ato criminoso que atentou contra a vida do policial em serviço e afirma que tem como missão estar ao lado de quem sai de sua casa para trabalhar, restabelecer a ordem e garantir a segurança da sociedade. Como legítimo representante de classe, o sindicato espera que as autoridades apoiem a investigação do caso, para que os responsáveis por esta tragédia sejam punidos com o rigor da lei”, diz o texto.

“É intolerável que o crime organizado, balizado e patrocinado pelo tráfico internacional de drogas, continue ocupando espaço na Baixada Santista e tirando vidas de inocentes e de policiais, sejam civis, militares ou federais. Mais do que nunca, é necessária intervenção na região, com a ação efetiva dos três poderes (União, Estado e Município) contra facções e seus membros. Quanto ao policial baleado covardemente no ofício da atividade laboral, o SINPF-SP continua acompanhando sua evolução clínica e está à disposição de sua família”, ressaltou o sindicato.

Ouvidoria afirma que 10 foram mortos
Soldado da Rota Patrick Bastos Reis, de 30 anos, foi morto durante patrulhamento no Guarujá; polícia realiza operação desde o fim de julho (Reprodução/Arquivo pessoal/Carlos Abelha)

Operação Escudo

A Operação Escudo foi desencadeada no último dia 31 de julho, em retaliação à morte do soldado Patrick Bastos Reis, que integrava a equipe da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota). Ele foi baleado no último dia 27 de julho, enquanto fazia um patrulhamento em uma comunidade do Guarujá, e não resistiu.

O soldado teria sido baleado por Erickson David da Silva, de 28 anos, que atuava como uma espécie de “sniper” por traficantes que atuavam no local.

Conforme a investigação, Erickson teria atirado em direção ao soldado da Rota de uma distância de mais de 50 metros. Além de Patrick, um cabo também foi atingido por um tiro e levado a uma UPA. Ele não corre risco de morte.

Erickson foi preso e já virou réu no caso. O advogado Wilton Felix disse que suspeito se diz inocente e estava na comunidade da Vila Zilda, em Guarujá, para comprar drogas. “Ele [Erickson] alega e atesta que não participou do evento morte. Na fatalidade, ele estava comprando droga, por fazer uso de entorpecentes, quando ouviu vários tiros e no pavor da situação, ele fugiu do local”, explicou Felix.

Durante a realização da operação, 18 suspeitos já foram mortos e as famílias denunciam que muitos não tinham nenhuma ligação com o crime. No entanto, o governo estadual nega qualquer excesso da atuação policial e diz que todas as mortes ocorreram em confrontos.

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