O terceiro suspeito de envolvimento na morte da professora Vitória Romana Graça, de 26 anos, que foi sequestrada e teve o corpo carbonizado, em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Edson Alves Viana Junior, que é irmão de Paula Custódio Vasconcelos, ex-sogra da vítima que também está detida pelo crime, detalhou à polícia como a jovem foi extorquida e torturada nos seus últimos minutos de vida.
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Edson disse que a professora chorou e implorou para não ser morta “a todo tempo”. Mesmo assim, ele afirmou que a irmã planejava matá-la desde o princípio. “O declarante afirma que, mesmo se conseguisse os R$ 2 mil ou qualquer quantia a mais , Vitória não sairia dali viva, pois a intenção de Paula era mesmo matá-la”, disse em trecho do depoimento.
Segundo o homem, a irmã pegou uma corda e eles a esticaram em torno do pescoço de Vitória. Ambos ficaram puxando, cada um de um lado, fazendo uma espécie de cabo de guerra para enforcar a vítima. Essa sessão de tortura levou entre 20 e 30 minutos, o que fez com que a professora desmaiasse. Foi aí que eles jogaram álcool em seus olhos e, como ela não reagiu, a colocaram em uma mala e atearam fogo.
Ele destacou que a sobrinha de 14 anos, ex-namorada da professora, esteve presente durante toda a sessão de tortura, mas não participou do enforcamento em si.
Ainda conforme o suspeito, após carbonizarem o corpo da professora, ele e Paula foram até um caixa eletrônico sacar R$ 1,2 mil da conta da vítima. Além disso, a ex-sogra começou a fazer contato com algumas pessoas para tentar vender o carro dela.
A defesa do suspeito não foi encontrada para comentar o caso até a publicação desta reportagem.
Sequestro e morte
Edson revelou que, no último dia 10, esteve com Paula na escola em que Vitória trabalhava e eles marcaram um encontro para aquela noite. O pretexto era de que a mãe queria saber o motivo do relacionamento dela com sua filha. Porém, segundo o homem, a irmã estava decidida a matar a ex-nora.
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Assim que Vitória chegou ao lugar combinado, Paula a teria imobilizado e a prendido em uma cadeira com fitas adesivas. Depois disso, pegou o celular da vítima e passou a fazer retiradas da conta bancária dela, sendo que quatro pix, com valores que variavam de R$ 100 a R$ 500, foram feitos para Edson.
“Vitória, chorando a todo tempo, dizia que iria dar o que eles quisessem, que não era para fazer nada de mal a ela”, revelou o suspeito, que ressaltou que mesmo com a vítima colaborando, eles decidiram que ela deveria ser morta.
Assim, a enforcaram com uma corda, a colocaram em uma mala e atearam fogo. O laudo pericial apontou que a professora morreu por inalação de fumaça, o que indica que ainda estava viva quando foi queimada.
Descoberta do caso
No dia seguinte ao sequestro, a mãe de Vitória recebeu uma ligação, na qual foi informada que sua filha tinha sido sequestrada e que o resgate custaria R$ 2 mil. O caso foi denunciado ao 35º Distrito Policial de Campo Grande e, durante diligências, agentes descobriram que Paula e sua filha tinham sido expulsas da comunidade Cavalo de Aço por sequestrar uma mulher.
As apurações mostraram que a vítima se tratava da professora e que o corpo dela tinha sido recolhido por um rabecão, já carbonizado.
Assim, Paula acabou presa em flagrante pelo crime no sábado (12) por sequestro seguido de morte. A filha dela também foi apreendida por envolvimento no caso e encaminhada a uma instituição correcional. As duas estavam em Santa Cruz, tentando fugir.
Paula passou por audiência de custódia no domingo (13), quando teve a prisão convertida em preventiva. Segundo a polícia, a motivação do crime seria financeira. Quando namorava a adolescente, Vitória ajudava a manter a família, mas, com o fim do relacionamento, deixou de repassar dinheiro.
“Uma das testemunhas contou que a Vitória ajudava financeiramente a menor com quem tinha um relacionamento. Ao terminar o namoro, a ajuda também teria terminado, e a Paula foi até a escola em que a professora trabalhava para tirar satisfações”, contou o delegado Victor Maranhão ao site G1.
No dia em que desapareceu, a professora teria desabafado com um amigo, dizendo que não aguentava mais as cobranças de Paula e sua filha, pois não tinha mais condições de ajudá-las financeiramente. Ela foi orientada por ele a se encontrar com a dupla em um local público. Ainda assim, ela foi sequestrada e morta.
A defesa de Paula também não foi encontrada para comentar o assunto.
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