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‘Nem aguentou o tranco’: pai afirma que genro debochou ao contar sobre morte de médica no ES

Marido e motorista de Juliana Ruas El-Aouar, de 39 anos, foram presos suspeitos pelo crime

Caso segue apurado pela polícia
Médica Juliana Pimenta Ruas El Aouar, de 39 anos, foi encontrada sem vida em quarto de hotel no ES; marido e motorista foram presos suspeitos do crime (Reprodução/Redes sociais)

O médico Samir Sagih El-Aouar, pai da também médica Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, de 39 anos, que foi encontrada morta com sinais de violência em um quarto de hotel em Colatina, no Espírito Santo, contou que foi avisado pelo genro sobre o caso. Em uma ligação, Fuvio Luziano Serafim, de 44, que é ex-prefeito da cidade mineira de Catuji, agiu com deboche e chegou a rir. Ele e o motorista do casal foram presos suspeitos pelo crime.

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Samir Sagih participou do programa “Encontro”, da TV Globo, na manhã desta terça-feira (5). Em entrevista à Patrícia Poeta, ela falou sobre como soube que a filha estava morta.

“Ele, o Fuvio, me ligou pela manhã, às 10 horas. Minha filha já estava morta, desde à noite, e ele me ligou pela manhã dizendo que havia acontecido uma coisa chata. Eu perguntei o que era e ele falou ‘a Juliana está em óbito aqui’. Mas numa tranquilidade, eu quase enlouqueci! Comecei a chorar. Em seguida ele falou: chamei o Samu [...]. Minha mulher logo acionou a polícia. A polícia chegou e ela já estava em óbito há muitas horas, toda machucada”, lamentou o pai.

Segundo o médico, o filho dele, de 17 anos, também conversou com Fuvio, que agiu com total frieza e deboche. “Ele disse pro meu filho o seguinte: ‘ela nem aguentou nem o tranco da noite, riu e desligou o telefone’. Olha a frieza, olha a forma como ele falou com meu filho.”

Ainda segundo Samir Sagih, a filha sofreu muito antes de morrer, pois teve o crânio fraturado em duas partes, lesões no estômago, no baço e várias escoriações. Além disso, foram encontrados furos provocados por seringa, possivelmente usada para injetar morfina.

“À noite, [ele] bateu tanto nela que quebrou o crânio dela em dois lugares, ele massacrou o estômago dela, que foi retirado pelo IML para fazer o exame. [Ele] asfixiou mecanicamente minha filha. Ela era uma pessoa de 50 kg de peso, franzina, bonita. Ele, corpulento, arrebentou a minha filha a noite toda. Foi batendo até matar. Imagina o pavor da minha filha, gritando, os vizinhos de quarto escutaram, reclamaram e ninguém foi lá para poder tentar abrir a porta, conversar com ele. Talvez fosse a chance de salvar minha filha”, lamentou Samir.

O marido de Juliana e o motorista Robson Gonçalves dos Santos, de 52 anos, foram presos em flagrante e tiveram a prisão mantida em audiências de custódia. Fuvio foi autuado por homicídio qualificado por motivo torpe mediante recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido, cometido contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (feminicídio). Já o funcionário dele foi indiciado pelo crime de homicídio.

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As defesas deles não foram encontradas para comentar o caso até a publicação desta reportagem.

Relembre o caso

O corpo da vítima foi encontrado na manhã de sábado (2). Conforme o boletim de ocorrência, a Polícia Militar foi acionada pelo gerente do hotel informando sobre a morte de uma hóspede. Os agentes foram ao local, onde foram informados que a médica e o marido estavam hospedados em um quarto e o motorista do casal em outro. Durante a madrugada, outros hóspedes reclamaram sobre barulho.

Já pela manhã, Fuvio compareceu à recepção, bastante alterado, querendo pagar a conta para ir embora. Ele disse que a mulher estava passando muito mal e que teria, inclusive, desmaiado. Os funcionários acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e, quando chegaram ao local, os socorristas constataram que Juliana já estava morta.

Assim, a PM subiu até o quarto, que estava todo revirado e com sangue nas roupas de cama. A médica também apresentava vários machucados pelo corpo. Na sequência, peritos da Polícia Civil fizeram uma análise da cena do crime e encontraram vidros de remédios quebrados. Além disso, foi achado um medicamento de uso controlado, que é usado como agente anestésico único para procedimentos cirúrgicos, caído no estacionamento do hotel, exatamente embaixo da janela do quarto onde estava o casal.

Conforme reportagem do site G1, o corpo de Juliana foi levado ao Instituto Médico Legal (IML), onde foi feita uma análise das causas da morte. No atestado de óbito consta que ela sofreu hipoxemia, que é a baixa concentração de oxigênio no sangue, asfixia mecânica, broncoaspiração e traumatismo cranioencefálico.

Após o corpo de Juliana ser encontrado, a PM prendeu o marido dela e o motorista em flagrante. Ambos negaram o crime, mas deram versões divergentes sobre o que teria acontecido.

Segundo o boletim de ocorrência, o marido contou que Juliana teria passado por um procedimento cirúrgico em um hospital particular de Colatina na última sexta-feira (1º), e que, após isso, os dois teriam ido a uma churrascaria. Quando voltaram, ambos foram dormir às 20h. Quando acordou, já no sábado, ele achou a mulher desmaiada na cama e já desconfiou que ela estava morta. Assim, quando o Samu chegou, ele foi orientado a colocá-la no chão para a tentativa de reanimação, mas ela não reagiu mais.

Já o motorista contou à polícia que foi chamado pelo patrão durante a madrugada, quando o marido alegou que Juliana tinha caído no banheiro e estava precisando de ajuda.

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