O brasileiro Danilo Sousa Cavalcante, de 34 anos, que foi recapturado após uma verdadeira “caçada”, nos Estados Unidos, contou como conseguiu se esconder por 14 dias. Segundo a polícia norte-americana, ele revelou que se alimentou de melancias e tomava água em um riacho, usava a estratégia de enterrar as fezes e, como tinha um barbeador na mochila, conseguiu mudar a aparência para não ser facilmente identificado.
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“Ele disse que encontrou melancias em uma fazenda e que vivia delas, bebia água de um riacho e se deslocava apenas durante a noite”, disse Robert Clark, vice-marechal supervisor dos EUA para o distrito leste da Pensilvânia, em entrevista à NBC.
“Seu objetivo final era roubar o carro de alguém (...) E seguir para o norte, talvez para o Canadá, ou pretendia ir para Porto Rico”, afirmou Clarck. “Esse era seu plano nas próximas 24 horas, assim foi o melhor momento para o localizarmos e prendê-lo”, ressaltou o policial.
Cavalcante era procurado desde o último dia 31 de agosto, quando fugiu da prisão do condado de Chester, na Pensilvânia. Ele tinha acabado de ser condenado à prisão perpétua pela morte da maranhense Débora Evangelista Brandão, também de 34 anos, em Phoenixville.
As autoridades publicaram um vídeo que mostra uma parte da fuga. Nas imagens é possível ver um detento sem camisa, em primeiro plano. Do lado esquerdo, em um corredor, aparece o brasileiro, que caminha até o fundo e inicia sua técnica para escalar a parede (assista abaixo).
🚨 Imagens inacreditáveis da fuga do brasileiro Danilo Cavalcante da penitenciária da Pensilvânia. Ele segue foragido desde quinta-feira. pic.twitter.com/27wv6DE9mV
— Eduardo Barão (@eduardobarao) September 6, 2023
‘Caçada’
Durante os dias em que ficou foragido, Cavalcante mudou a aparência, se escondeu na mata rasteira, roubou uma van que estava com a chave no contato, roubou um rifle e ainda trocou tiros com o dono da arma.
Por causa da fuga do homem considerado “perigoso”, atrações turísticas chegaram a ser fechadas por tempo indeterminado e a orientação aos moradores era a de que acionassem as autoridades a qualquer suspeita da aproximação dele.
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Ele foi visto por vários moradores circulando pela região e a polícia montou uma operação, com a participação de mais de 500 homens, para a recaptura.
Uma recompensa de US$ 25 mil (cerca de R$ 123 mil) chegou a ser oferecida para quem ajudasse a prendê-lo. Além disso, o nome do brasileiro entrou para a lista vermelha de procurados da Interpol, a polícia internacional.
Recapturado
Apesar das tentativas de Cavalcante, ele acabou sendo recapturado na manhã de quarta-feira, 14 dias após a fuga do presídio. Conforme o tenente-coronel George Bivens, da polícia estadual da Pensilvânia, o brasileiro portava um rifle e tentou fugir ao ver os policiais. Porém, não contava com a ação do cão farejador Yoda.
O animal integrava a equipe que flagrou o fugitivo se escondendo embaixo de uma pilha de madeira, nas proximidades de South Coventry. Cavalcante ainda tentou se arrastar pela vegetação, mas foi impedido pelo cachorro, que o mordeu e segurou até a abordagem.
Robert Clark ressaltou que o cachorro é treinado para “morder e segurar” e só solta o alvo após receber ordens. Primeiro ele mordeu o fugitivo no couro cabeludo e, na sequência, nos membros inferiores. Após ser preso, o brasileiro foi avaliado por uma equipe médica, que constatou que as lesões eram superficiais. Apesar disso, ele foi fotografado com o rosto cheio de sangue.
Depois de receber atendimento, ele foi levado pelas autoridades até o Departamento de Correções da Pensilvânia. Na sequência, transferido para a Instituição Correcional Estadual Phoenix, localizada no condado de Montgomery, um presídio de segurança máxima.
Condenação à prisão perpétua
Segundo a acusação, o homem não aceitava o fim do relacionamento e atacou Débora a facadas. Os dois filhos da mulher presenciaram o crime.
O caso aconteceu no dia 18 de abril de 2021. Débora morava há cerca de cinco anos nos Estados Unidos e seus familiares contaram que a vítima tentou terminar o relacionamento com Cavalcante por várias vezes, mas ele se recusava e continuava insistindo.
Ainda conforme o processo, desde 2020 o homem fazia constantes ameaças, até que executou Débora. Ele foi preso no estado da Virgínia, mais ou menos 1h30 após o assassinato.
A promotora do caso, Deborah Ryan, disse durante o julgamento que o réu matou a vítima porque ela teria ameaçado de contar às autoridades de que ele já tinha sido acusado de assassinato no Brasil. “Ele teria sido exposto, e quis silenciá-la. É uma tragédia triste e sem sentido”, afirmou.
Já o juiz Patrick Carmody disse que Danilo é egoísta e um “homem pequeno” por não admitir culpa e o sentenciou à prisão perpétua.
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