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Vítimas relatam como eram abusos de pai de santo durante ‘limpeza espiritual’: “Ajuda tinha um preço”

Laércio José de Oliveira teve a prisão decretada pela Justiça e é procurado; ele teria feito pelo menos sete vítimas

O pai de santo Laércio José de Oliveira, que é dono de um centro de umbanda na Zona Leste de São Paulo, continua sendo procurado pela polícia após ter a prisão decretada pela Justiça. Pelo menos sete mulheres o denunciaram por importunação sexual, cometida enquanto ele prometia fazer uma “limpeza espiritual” nas vítimas. Elas detalharam como o homem agia e que ressaltava que “a ajuda tinha um preço”.

Uma das vítimas disse que durante a consulta ele tentou tocar sua genital e começou a se masturbar na frente dela, que segundo ele seria necessário para ‘quebrar o trabalho’ feito contra ela.

“Ele tentou tocar nas minhas genitais, eu não permiti. Tentou fazer com que eu tocasse na genital dele, eu também não quis. Foi quando ele começou a se masturbar na minha frente. Ele falava que era necessário para quebrar o trabalho [que tinham feito contra mim]”, declarou uma das vítimas, em entrevista à TV Globo, reproduzida pelo site G1.

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Outra vítima contou que o pai de santo a convidou para fazer a “limpeza espiritual” em uma sala reservada e que, de início, ela não desconfiou de nada. Porém, logo percebeu que algo estava errado.

“Ele me colocou neste quartinho, falou que eu precisava incorporar, ele já estava incorporado, falou que eu precisava incorporar (...) Nisso que eu incorporei, ele colocou a mão dentro da minha camiseta e começou a apertar os meus seios. Não sei se eu voltei, se eu não consegui incorporar e fiquei com o olho arregalado olhando pra ele”, afirmou ela.

Outra mulher contou que, depois de ser atendida por Oliveira, logo passou a ser cobrada. “Ele falou que eu tinha uma dívida com ele e que em um certo momento eu iria ter que pagar a dívida, que aquela ajuda que ele estava me fornecendo tinha um preço. Eu não entendia na época qual era o valor, o quê que era, em si”, contou.

“Em um momento, ele falou que eu estava precisando fazer uma limpeza, e ele me levou pra um canto, falou que ia incorporar lá a entidade dele e era para eu me virar. Até que eu me virei, e ele passou a mão nas minhas nádegas. Eu achei que tinha sido sem querer. Quando ele mandou eu me virar, passou a mão por dentro dos meus seios, aí eu tirei e fiquei sem reação. Pedi para sair, e ele falou que era para ir embora”.

Investigação

Conforme os relatos das vítimas, os casos teriam acontecido entre 2020 e 2022, em dois Centros de Umbanda na Zona Leste da Capital, sendo que um deles fundado por Laércio. Até mesmo uma menor de idade teria sido vítima de uma tentativa de abuso durante o ‘tratamento’.

Neste tempo, as vítimas foram se conhecendo e resolveram denunciá-lo e agora a Justiça de São Paulo decretou a prisão preventiva do Oliveira, acolhendo a denúncia do Ministério Público de que o pai de santo usava a condição de líder espiritual para abusar sexualmente das mulheres que o procuravam.

“O modo de agir dele tem um padrão. Isso se repete de maneira quase que em série com todas as vítimas. O que se fala, o que se faz e o resultado, é quase que sempre o mesmo, né? E colocando as vítimas sempre nessa posição de aprendizes, de ouvintes ali da palavra do líder. E ele se utiliza dessa posição. E terminava sempre levando elas para ambientes em que ficavam só os dois para perpetrar esses crimes sexuais”, disse o advogado que representa as  vítimas.

Para a promotora Nina Pereira Malheiros, o denunciado é um criminoso sexual habitual e que se oculta através de entidade de caráter religioso. Na denúncia, ela cita ainda que Laércio, utilizando da sua condição de líder religioso, invocando eventual entidade e problemas espirituais das vítimas, após angariar suas respectivas confianças, teria praticado atos libidinosos contra elas.

O que diz a defesa?

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Em nota enviada ao G1, os advogados Andreia Gomes Fonseca e Rafael Breim, que defendem o pai de santo, disseram que “o réu acompanhou diretamente toda a investigação criminal, comparecendo de forma espontânea a todos os atos para os quais foi convocado, inclusive indicou, por sua defesa, testemunhas para serem ouvidas”.

Os advogados também refutaram as acusações das vítimas: “Durante a instrução processual demonstrará de forma cabal sua inocência. Quanto a decretação da prisão, entende a defesa que não restou devidamente fundamentada e que buscará junto ao Judiciário sua revogação para que possa acompanhar o desenrolar do processo em liberdade, tal como lhe garante a Constituição Federal e a Lei processual brasileira”, destacaram.

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