A ex-jogadora Walewska Oliveira, de 43 anos, campeã olímpica pela Seleção Brasileira de Vôlei, trocou mensagens de celular com o marido, o corretor de imóveis e preparador físico Ricardo Alexandre Mendes, pouco antes de morrer. Na mensagem, divulgada pelo site UOL, a ex-atleta escreveu:
“Amo você. Mas, acho que você já tomou a sua decisão”. Logo em seguida, Ricardo respondeu: “Também te amo”.
A mensagem foi enviada por volta das 18h07 da última quinta-feira (21). A Polícia Civil informou que, cerca de oito minutos depois, ela caiu do 17º andar de um prédio em São Paulo. O caso é apurado como suicídio, já que ela estava sozinha na área de lazer do edifício, onde teria ingerido bebida alcóolica e deixado uma carta de despedida à família. O teor desse texto, no entanto, não foi divulgado.
Testemunhas contaram que viram a ex-jogadora na área de lazer, mas ela não demonstrava quaisquer sinal de tristeza ou preocupação. O marido dela estava no apartamento, quando foi informado sobre a queda dela. Em depoimento à polícia, ele disse que eles estavam juntos há 20 anos, mas há três enfrentavam uma crise e ele chegou a pedir o divórcio.
O corpo da ex-jogadora foi sepultado na manhã de sábado (23), em Belo Horizonte, em Minas Gerais. Ricardo não esteve presente e disse que respeitou um pedido da família.
“Me tiraram o direito de me despedir do amor da minha vida. Estava com o bilhete aéreo emitido, um amigo da família disse que os pais dela orientaram eu não ir, até para preservar a todos pelo clima da tragédia”, disse ele, ao site UOL. No entanto, os parentes da ex-jogadora contestaram essa versão e disseram que ele sequer ajudou com os custos do sepultamento.
Última entrevista
Na quarta-feira (20), Wal, como ela era conhecida, participou do podcast “Ataque Defesa”, do jornalista Alê Oliveira. Essa foi a última entrevista dela antes da morte (assista abaixo).
Na ocasião, a ex-jogadora de vôlei falou sobre a gratidão que tinha pelo vôlei. “Hoje, eu sinto que tenho que devolver um pouco do que o vôlei me proporcionou, inspirando outras pessoas com a minha vivência. Se eu não tivesse jogado vôlei, provavelmente seria uma pianista, não sei se tenho tanto talento assim, mas o vôlei apareceu na minha vida e me mostrou muitas coisas que provavelmente eu não teria oportunidade de conhecer”, disse ela.
Ela também falou sobre o futuro. “O atleta não fala de dinheiro, não fala de pós carreira, não fala de planejamento. Não se prepara estudando, aprendendo outras coisas para que, quando ele caia no mundo fora da redoma, ele esteja, pelo menos, bem preparado. Não vou falar que será fácil, mas vai ser um pouco mais fácil se ele tiver o pensamento de que aquilo vai terminar um dia”, disse ela.
“Vou fazer 44 ano no dia 1º [de outubro]. Tenho pelo menos mais 40 anos de vida produtiva. É um mundo inteiro que você tem que pensar enquanto ainda se está dentro da quadra”, ressaltou Walewska.
A entrevista fazia parte do trabalho de divulgação da biografia de Wal, “Outras Redes”, na qual ela contou como, aos 12 anos, saiu de casa e pegou um ônibus sozinha para fazer seu primeiro teste da carreira, que foi repleta de conquistas.
Desde que se aposentou das quadras, no ano passado, ela apostava em produtos envolvendo liderança e alta performance e se preparava para o lançamento de uma linha de chocolates saudáveis.
Campeã olímpica
Walewska iniciou a carreira no vôlei no Minas Tênis Clube, em 1995, mas também atuou por times como o São Caetano, Osasco. No exterior, integrou equipes do Sirio Perugia (Itália), Grupo 2002 Murcia (Espanha) e VC Zarechie Odintsovo (Rússia).
A ex-atleta ganhou o ouro olímpico com a seleção em Pequim, na China, em 2008, e também integrava a equipe que foi bronze em Sydney, na Austrália, em 2000.
A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) emitiu uma nota lamentando a morte de Walewska. A entidade ressaltou os títulos da central e, em nome do presidente Radamés Lattari, se solidarizou com os familiares.
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