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Ex-prefeito de cidade mineira vira réu por morte da esposa médica, no Espírito Santo; relembre o caso

Vítima foi agredida até a morte em hotel; motorista do casal, que estava preso, vai responder em liberdade

Caso segue apurado pela polícia
Médica Juliana Pimenta Ruas El Aouar, de 39 anos, foi encontrada sem vida em quarto de hotel no ES (Reprodução/Redes sociais)

A Justiça acatou a denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES) e tornou réu Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos, que é ex-prefeito da cidade mineira de Catuji, pela morte da esposa, a médica Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, de 39, encontrada com sinais de violência em um quarto de hotel em Colatina (ES), em setembro passado. O motorista do casal, que também foi preso por suspeita de envolvimento no crime, vai responder em liberdade por fraude processual.

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Já Serafim vai responder por feminicídio qualificado por asfixia, fraude processual majorada e consumo partilhado de drogas. O ex-prefeito segue preso.

Juliana foi encontrada morta no dia 2 de setembro deste ano, em um quarto de hotel em Colatina. Conforme o boletim de ocorrência, a Polícia Militar foi acionada pelo gerente do estabelecimento informando sobre a morte de uma hóspede. Os agentes foram ao local, onde foram informados que a médica e o marido estavam hospedados em um quarto e o motorista do casal em outro. Durante a madrugada, outros hóspedes reclamaram sobre barulho.

Já pela manhã, Fuvio compareceu à recepção, bastante alterado, querendo pagar a conta para ir embora. Ele disse que a mulher estava passando muito mal e que teria, inclusive, desmaiado. Os funcionários acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e, quando chegaram ao local, os socorristas constataram que a médica já estava morta.

Assim, a PM subiu até o quarto, que estava todo revirado e com sangue nas roupas de cama. A médica também apresentava vários machucados pelo corpo. Na sequência, peritos da Polícia Civil fizeram uma análise da cena do crime e encontraram vidros de remédios quebrados. Além disso, foi achado um medicamento de uso controlado, que é usado como agente anestésico único para procedimentos cirúrgicos, caído no estacionamento do hotel, exatamente embaixo da janela do quarto onde estava o casal.

Na ocasião, o corpo de Juliana foi levado ao Instituto Médico Legal (IML), onde foi feita uma análise das causas da morte. No atestado de óbito consta que ela sofreu hipoxemia, que é a baixa concentração de oxigênio no sangue, asfixia mecânica, broncoaspiração e traumatismo cranioencefálico.

Uso de morfina

O médico Samir Sagih El-Aouar, pai de Juliana, relatou na ocasião que a filha sofreu muito antes de morrer, pois teve o crânio fraturado em duas partes, lesões no estômago, no baço e várias escoriações. Além disso, foram encontrados furos provocados por seringa, possivelmente usada para injetar morfina.

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“À noite, [o marido] bateu tanto nela que quebrou o crânio dela em dois lugares, ele massacrou o estômago dela, que foi retirado pelo IML para fazer o exame. [Ele] asfixiou mecanicamente minha filha. Ela era uma pessoa de 50 kg de peso, franzina, bonita. Ele, corpulento, arrebentou a minha filha a noite toda. Foi batendo até matar”, lamentou o pai.

Na decisão em que tornou Serafim réu, a juíza Silvia Fonseca Silva pediu um laudo complementar a respeito do possível uso de morfina na morte da vítima.

A defesa do ex-prefeito agora tem 10 dias para recorrer. Os defensores não foram encontrados para comentar o assunto até a publicação dessa reportagem.

Deboche

O pai da médica relatou que foi avisado pelo genro sobre a morte da filha. Em uma ligação, Serafim teria agido com deboche e chegou a rir.

“Ele, o Fuvio, me ligou pela manhã, às 10 horas. Minha filha já estava morta, desde à noite, e ele me ligou pela manhã dizendo que havia acontecido uma coisa chata. Eu perguntei o que era e ele falou ‘a Juliana está em óbito aqui’. Mas numa tranquilidade, eu quase enlouqueci! Comecei a chorar. Em seguida ele falou: chamei o Samu [...]. Minha mulher logo acionou a polícia. A polícia chegou e ela já estava em óbito há muitas horas, toda machucada”, contou o pai.

Segundo o médico, o filho dele, de 17 anos, também conversou com Fuvio, que agiu com total frieza e deboche. “Ele disse pro meu filho o seguinte: ‘ela nem aguentou nem o tranco da noite, riu e desligou o telefone’. Olha a frieza, olha a forma como ele falou com meu filho”, lamentou Samir Sagih.

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