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Médico que tem filhos e netos na Faixa de Gaza se desespera sem notícias: “Todos estão em perigo”

Ahmed Shehada, de 58 anos, mora com a esposa em Brasília e disse que já está há mais de 24 horas sem conseguir contato com parentes

O conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas, que já deixou mais de 5 mil mortos, é um motivo de grande desespero para o médico palestino-brasileiro Ahmed Shehada, de 58 anos, que mora em Brasília, no Distrito Federal. Ele tem filhos quatro filhos e cinco netos que vivem na Faixa de Gaza. Em entrevista ao site UOL, ele falou que não consegue contato com eles há mais de 24 horas.

“Todos estão em perigo, não sei quem está vivo”, lamentou o médico, que já mora há 15 anos no Brasil com a esposa. Segundo ele, da última vez que falou com os filhos, o clima era de pânico. “Eles estavam muito assustados. Minha filha mais velha fica chorando, pedindo que os salvem”, relatou.

O médico contou, ainda, que seus filhos e netos estão sem abrigo e tentando deixar o território em meio ao conflito. “Estão tentando passar pela fronteira. Já pedi ajuda à Embaixada do Brasil em Ramallah, na Cisjordânia. Embora eles não tenham cidadania brasileira, pedi ajuda como um gesto humanitário. O perigo é iminente.”

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Shehada também tem outros parentes que vivem na Faixa de Gaza. “Falo para não pensarem, o importante é saírem de lá. Tenho irmão, irmã, sobrinhos. Todos estão em perigo, não sei quem está vivo”, ressaltou o médico.

O médico disse que nasceu no Hospital Batista Al-Ahly Arab, em Gaza, que foi alvo de um ataque de Israel. Cerca de 500 pessoas morreram no local. Shehada afirma que ficou “em choque” após receber a notícia. “Estava no carro. É muito difícil de explicar. Não conseguia falar nada, tudo me irritava, fiquei muito estressado. Não imagino o pior criminoso do mundo fazer isso”, disse.

O palestino-brasileiro reclamou sobre a falta de intervenção mundial para acabar com o conflito, que já causou uma devastação e perda de vidas sem precedentes para a região. “O mundo está assistindo sem fazer nada. Ninguém está seguro porque estão bombardeando outros hospitais.”

Guerra na Faixa de Gaza

O Hamas, grupo extremista que controla a Faixa de Gaza, atacou Israel em várias frentes, no último dia 7 de outubro, dando início ao conflito. Inicialmente, civis e soldados israelenses foram sequestrados e assassinados em diversas regiões do país. Em resposta, o governo israelense declarou guerra e bombardeou fortemente a área rival, deixando um enorme rastro de destruição, conforme vídeos que circulam nas redes sociais.

Israel bloqueou a passagem de alimentos, água, combustível e medicamentos para a Faixa de Gaza e a única usina de energia da região parou de funcionar. A situação é de calamidade na região e os homens do Hamas estariam com pelo menos 199 reféns.

Um grupo de brasileiros que está na região pediu ajuda ao Itamaraty para deixar a área de conflito. São cerca de 30 pessoas, divididas em dois grupos, que aguardam a abertura da fronteira com o Egito. Até o início da tarde desta quinta-feira (19), no entanto, o resgate ainda não tinha sido realizado.

Segundo o último balanço, o total de mortos pelo conflito chegou a 5.187, entre palestinos e israelenses. Além disso, pelo menos 65 pessoas foram mortas na Cisjordânia.

Três brasileiros que participavam de uma festa rave, nas proximidades da Faixa de Gaza, quando o Hamas iniciou o ataque, ficaram alguns dias desaparecidos e depois tiveram suas mortes confirmadas.

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