Alunos que frequentam a Escola Estadual Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo, alvo de um ataque a tiros que resultou na morte de uma estudante, no último dia 23, estão com medo de voltar às aulas. As atividades na unidade estão suspensas até o dia 6, quando devem ser retomadas de forma presencial. No entanto, os jovens afirmam que “não se sentem seguros” e fazem um abaixo-assinado virtual pedindo que o ano letivo seja concluído de forma online.
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“Por conta do triste ocorrido na Escola Sapopemba, muitos adolescentes estão em estado de choque e com o psicológico abalado. Pedimos que tenha consideração pelos alunos que estão traumatizados e que nos ajude a terminar esse ano com aulas online. Peço a colaboração de pais e responsáveis, para tornar isso possível”, diz um texto na página elaborada pelos alunos.
Até o início da tarde desta quinta-feira (26), o abaixo-assinado já contava com mais de 11 mil assinaturas.
No entanto, apesar do pedido dos estudantes, a Secretaria de Educação de São Paulo informou que as aulas retornarão no dia 6 de novembro de forma presencial. Oito psicólogos estarão na unidade para atendimento aos alunos.
“A Secretaria da Educação e a Secretaria da Segurança Pública estudam novas ações para a prevenção de atos violentos nas escolas da rede”, destacou a pasta.
Ataque a tiros
O ataque aconteceu por volta das 7h30 da última segunda-feira (23) na Rua Senador Lino Coelho. Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP), um adolescente de 16 anos, que cursa o 1º ano do Ensino Médio na instituição, entrou armado na escola e atirou contra os colegas.
Giovanna Bezerra Silva, de 17 anos, foi ferida na cabeça e não resistiu. Além dela, outras duas alunas foram baleadas de raspão e um terceiro feriu a mão enquanto tentava fugir dos tiros. Os feridos receberam atendimento médico e estão fora de perigo.
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Em nota divulgada após o caso, o governo paulista informou que “lamenta profundamente e se solidariza com as famílias das vítimas do ataque ocorrido na Escola Estadual Sapopemba. Nesse momento, a prioridade é o atendimento às vítimas e apoio psicológico aos alunos, profissionais da educação e familiares.”
Em entrevista coletiva no dia 23, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o secretário de Educação, Renato Feder, disseram que as aulas na escola ficariam suspensas por 10 dias. Além disso, prometeram enviar mais psicólogos para fazer atendimentos nas unidades de ensino do estado.
Bullying
Alunos da escola dizem que o atirador já vinha alertando há semanas que faria o atentado. Os colegas relataram que ele “brigava muito”, era sempre alvo de chacotas e até bullying.
“Ele brigava muito na escola”, relatou um aluno de 16 anos, que escapou ileso dos tiros, em entrevista ao site UOL. “Ele avisou há semanas. Ele falava que ia atacar a escola e ninguém fez nada”, lamentou.
Outra estudante relatou, em um áudio enviado aos parentes, que escapou por pouco de ser baleada. “Eu não sabia o que fazer, eu só abaixei minha cabeça e pedi para Deus me livrar do mal. Ele mirou na minha cara e não conseguiu disparar. Comecei a sair correndo e vi uma menina morta no chão”, contou ela.
Outro estudante afirmou que conhecia bem o atirador e voltava com ele sempre para casa, mas nunca desconfiou de que ele pudesse cometer o atentado. “Ele sofria muito bullying, mas não achava ele violento”, disse.
Após ser apreendido, o rapaz foi levado para o 70º Distrito Policial da Vila Ema, que vai conduzir as investigações sobre o caso. De acordo com a Polícia Civil, o adolescente usou um revólver calibre 38, que é do pai, para cometer o ataque. A arma, legalizada, foi recolhida e passará por perícia.
O estudante tinha registrado um boletim de ocorrência, no dia 24 de abril deste ano, quando alegou que era vítima de agressões e ameaças de outros alunos na escola.
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