A mãe do menino Apollo Gabriel Rodrigues, de 2 anos, que morreu após ser esquecido por horas dentro de uma van escolar, participou de um protesto, na quinta-feira (16), para cobrar justiça no caso. Além de pedir a devida punição do motorista e auxiliar do transporte, Kalieli Rodrigues também disse que o Centro de Educação Infantil (CEI) Caminhar, na Zona Norte de São Paulo, onde o filho estudava, também falhou em não perceber a ausência dele.
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“Eu fiquei sabendo que ela [auxiliar] pegou todas as mochilas, levou para a creche, pegou as crianças e só deixou o meu filho. Eu queria entender por quê? Se têm 10 mochilas e nove crianças, está uma [criança]. Então, para mim, também tem culpa aí na creche”, afirmou a mãe durante entrevista ao programa “Brasil Urgente”, da TV Bandeirantes.
A diretora do CEI Caminhar prestou depoimento à polícia e confirmou que um controle é feito dentro da sala de aula. Porém, ela acreditou que, naquela data, Apollo tinha faltado. Ainda assim, ela não fez nenhum contato com a mãe dele para confirmar se ele realmente não teria ido.
A pedagoga afirmou que só soube do caso por volta das 16h da última terça-feira (14), quando ela recebeu uma ligação do motorista da van escolar, Flávio Robson Benes, de 45 anos, dizendo que tinha esquecido a criança no veículo e que a tinha encontrado já “desfalecida”.
Na quarta-feira (15), Benes e a auxiliar, Luciana Coelho Graft, de 44 anos, que foram presos em flagrante após a constatação da morte de Apollo, receberam liberdade provisória. Por enquanto, eles terão que comparecer em juízo sempre que convocados, devem manter seu endereço atualizado, não podem se ausentar da Comarca de residência por mais de oito dias sem a devida autorização. Eles também devem ficar em casa no período das 22h às 6h.
Além disso, estão proibidos de tentar qualquer comunicação com familiares da vítima e testemunhas do caso, e, por fim, tiveram a suspensão da habilitação para dirigir veículo automotor, devendo entregar suas CNHs.
Ao site G1, o advogado de defesa do motorista e da auxiliar, que são casados, afirmou que eles explicaram tudo o que aconteceu para a polícia e ressaltou que estão “arrasados com a tragédia”.
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Já a mãe do menino ficou revoltada com a soltura do casal. “Meu filho era um anjo. Eu estou com tanta dor, e eles estão soltos. Eles têm que pagar pelo que fizeram. Eu quero justiça pelo meu filho e segurança pelas outras crianças”, lamentou Kalieli.
Relembre o caso
Apollo morreu na última terça-feira, data em que a Cidade de São Paulo registrou 37,7°C de temperatura. A suspeita da polícia é que o menino não aguentou ao forte calor por estar trancado no veículo, todo fechado. Porém, o laudo com as causas ainda é aguardado.
Avó do garoto, Luzinete Rodrigues dos Santos contou que ele foi entregue ao motorista da van escolar e sua auxiliar por volta das 7h. O objetivo era que a criança fosse deixada em uma creche, mas isso não ocorreu.
O condutor disse à polícia que deixou outras crianças em escolas e depois seguiu para um estacionamento, onde o veículo ficou até umas 16h. Quando ele planejava buscá-las, percebeu que Apollo estava nos fundos da van, desacordado. Ele levou o garoto até o Hospital Municipal Vereador José Storopolli, no Parque Novo Mundo, mas a vítima já estava sem vida.
O casal acabou preso em flagrante e, na ocasião, disse à polícia que sempre consultam uma lista com os nomes das crianças transportadas e não souberam explicar como Apollo foi esquecido. A auxiliar alegou que estava com dor de cabeça em função do calor e que isso a atrapalhou nessa checagem.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo lamentou o caso, informou que presta apoio aos familiares do garoto e que descredenciou o motorista de van escolar.
“A Diretoria Regional de Educação (DRE) acompanha o caso e o Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem (NAAPA), composto por psicólogos e psicopedagogos, foi acionado para atender a família. Um Boletim de Ocorrência foi registrado e a Diretoria Regional de Educação (DRE) está à disposição das autoridades competentes para auxiliar na investigação. O condutor do Transporte Escolar Gratuito (TEG) já foi descredenciado e um processo administrativo foi aberto para apurar a conduta do profissional”, diz o texto.