A goiana Maísa da Rocha, de 23 anos, que ficou quatro dias presa após ser confundida com uma suposta sequestradora de crianças ruiva, na cidade de Oviedo, na Espanha, contou que mesmo negando o crime e apresentando um álibi, as autoridades locais não a escutavam. Ela só foi liberada da cadeia depois que uma adolescente de 15 anos decidiu procurar a polícia e explicar a confusão que se envolveu com a avó do menino. Para a brasileira, tudo ocorreu pelo fato dela ser estrangeira.
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“Essa garota tem 15 anos. Acredito que ela procurou a polícia com receio de toda a repercussão que o caso teve aqui na cidade. Se ela não tivesse procurado a polícia, não sei quanto tempo mais eu ficaria presa”, lamentou Maísa, em entrevista ao site UOL.
“Há três anos moramos na mesma casa. As pessoas do bairro sempre nos veem e sabem que trabalhamos [ela e a irmã]. Não sei por que me acusaram, acredito que pode ser porque não sou do país”, disse ela.
Maísa afirma que foi acusada de sequestrar um menino após ser reconhecida por fotos, pois apresentava as mesmas características da suspeita: ruiva, magra e branca. No entanto, relatou aos policiais que estava em casa com a irmã no momento do crime e mostrou um vídeo que elas tinham gravado no Tik Tok naquele horário, mas ainda assim isso não foi levado em consideração.
“Eu pedi para os policiais levarem a avó da criança para fazer o reconhecimento presencial, porque ela iria ver que não era eu. Mas ninguém me ouviu, logo já foram tirando meu tênis e meus objetos pessoais como brincos e piercing e me colocaram na cela”, lembra.
A brasileira passou quatro dias presa e só foi solta depois que a adolescente ruiva procurou a polícia e revelou um desentendimento que teve com a avó do menino. “A menina que realmente teve a discussão com essa senhora, que tem o cabelo da cor do meu, falou para a mãe dela que quem tinha brigado com a senhora era ela. Elas foram e falaram a verdade para a polícia, que ela tinha discutido com a senhora, mas não queria levar o menino, estava só chamando ele para brincar”, disse Maísa.
Após a repercussão do caso, o Tribunal de Instrução de Oviedo informou ao jornal “El Diario” que o crime de tentativa de sequestro não poderá ser imputado a Maísa Rocha e que decretou a extinção provisória do processo.
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Já o Itamaraty destacou que “permanece à disposição para prestar assistência consular à nacional brasileira”, mas não divulgou outros detalhes sobre o caso.
Dias na prisão
Maísa mora na Espanha há seis anos. Ela divide uma casa com uma irmã na cidade de Oviedo, onde houve a suposta tentativa de sequestro contra uma criança.
No último dia 7 de outubro, a brasileira diz que foi abordada pela polícia ao sair do trabalho. Na ocasião, foi questionada sobre a suposta tentativa de sequestro e negou, mostrando provas de que, na ocasião em que o crime foi cometido, ela estava com sua irmã em casa.
Mesmo assim, foi levada para uma delegacia, onde ficou três dias. Depois, passou mais um dia em um presídio da cidade, onde dividiu cela com duas mulheres. Nesse período de detenção, ela afirma que passou fome, sede e que não podia nem mesmo ir ao banheiro.
“A cela era feminina, mas no pátio e onde fazíamos as refeições tinham umas cinco mulheres e uns 250 homens. Nesses dias que fiquei presa, me alimentei muito mal porque a comida era horrível, eles quase não me deixavam ir ao banheiro, mesmo eu pedindo. Foi muito traumatizante”, contou a jovem.
Por conta da prisão, Maísa, que trabalhava como garçonete, perdeu o emprego. Ela diz que contratou advogados e pretende processar o estado.
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