A Justiça revisou as sanções impostas ao motorista Flávio Robson Benes, de 45 anos, que esqueceu dentro de uma van escolar o menino Apollo Gabriel Rodrigues, de 2 anos. O garoto não resistiu e morreu. A Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do homem, que tinha sido recolhida, foi devolvida, mas ele segue proibido de realizar o transporte de crianças e adolescentes.
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Segundo reportagem do site G1, a juíza também revogou o recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga. As investigações do caso foram concluídas pela Polícia Civil e encaminhadas ao Ministério Público, que vai definir se oferece ou não denúncia.
Benes chegou a ser preso em flagrante após a morte da criança, junto com a esposa, Luciana Coelho Graft, de 44 anos, que atuava como sua auxiliar. Eles foram soltos após audiência de custódia e respondem em liberdade.
A Prefeitura de São Paulo já tinha informado que descredenciou o motorista de van escolar. “A Diretoria Regional de Educação (DRE) acompanha o caso e o Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem (NAAPA), composto por psicólogos e psicopedagogos, foi acionado para atender a família. Um Boletim de Ocorrência foi registrado e a Diretoria Regional de Educação (DRE) está à disposição das autoridades competentes para auxiliar na investigação. O condutor do Transporte Escolar Gratuito (TEG) já foi descredenciado e um processo administrativo foi aberto para apurar a conduta do profissional”, diz o texto.
A defesa do casal não foi encontrada para comentar o assunto. Logo após o caso, o advogado que representa os dois disse ao site G1 que eles explicaram tudo o que aconteceu para a polícia e ressaltou que estão “arrasados com a tragédia”.
Morte de Apollo
Apollo morreu no último dia 14 de novembro, data em que a Cidade de São Paulo registrou 37,7°C de temperatura. A suspeita da polícia é que o menino não aguentou ao forte calor por estar horas trancado no veículo, todo fechado. Porém, o laudo com as causas ainda é aguardado.
Avó do garoto, Luzinete Rodrigues dos Santos contou que ele foi entregue ao motorista da van escolar e sua auxiliar por volta das 7h. O objetivo era que a criança fosse deixada em uma creche, mas isso não ocorreu.
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O condutor disse à polícia que deixou outras crianças em escolas e depois seguiu para um estacionamento, onde o veículo ficou até umas 16h. Quando ele planejava buscá-las, percebeu que Apollo estava nos fundos da van, desacordado. Ele levou o garoto até o Hospital Municipal Vereador José Storopolli, no Parque Novo Mundo, mas a vítima já estava sem vida.
O casal disse à polícia que sempre consultam uma lista com os nomes das crianças transportadas e não souberam explicar como Apollo foi esquecido. A auxiliar alegou que estava com dor de cabeça em função do calor e que isso a atrapalhou nessa checagem.
A mãe do menino, Kalieli Rodrigues, pediu a devida punição do motorista e da auxiliar, mas também apontou culpa do Centro de Educação Infantil (CEI) Caminhar, na Zona Norte de São Paulo, já que ninguém notou a falta do aluno.
“Eu fiquei sabendo que ela [auxiliar] pegou todas as mochilas, levou para a creche, pegou as crianças e só deixou o meu filho. Eu queria entender por quê? Se têm 10 mochilas e nove crianças, está uma [criança]. Então, para mim, também tem culpa aí na creche”, afirmou a mãe durante entrevista ao programa “Brasil Urgente”, da TV Bandeirantes.
A diretora do CEI Caminhar prestou depoimento à polícia e confirmou que um controle é feito dentro da sala de aula. Porém, ela acreditou que, naquela data, Apollo tinha faltado. Ainda assim, ela não fez nenhum contato com a mãe dele para confirmar se ele realmente não teria ido.
A pedagoga afirmou que só soube do caso por volta das 16h do dia 14 de novembro, quando recebeu uma ligação do motorista da van escolar dizendo que tinha esquecido a criança no veículo e que a tinha encontrado já “desfalecida”.
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