A direção do Centro de Educação Infantil (Cei) Brás/Mooca, na Zona Leste de São Paulo, alertou recentemente os motoristas que fazem o transporte das crianças sobre cuidados. A medida ocorreu depois que um menino de 2 anos foi esquecido em um veículo e não resistiu. Apesar dos avisos, a tragédia voltou a acontecer na última segunda-feira (18), quando o garoto João Alisson Plácido, de 3 anos, também ficou em uma van e foi achado morto embaixo de um banco.
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A mensagem enviada por WhatsApp, há cerca de um mês, foi exibida pela TV Globo. A direção do CEI confirmou que fez o alerta. “Tem sempre que ser verificado se há alguém responsável por ver se ficou no transporte. A capacitação dos condutores e auxiliares que ajudam deve ser muito rigorosa”, dizia o texto.
Porém, na segunda-feira, a motorista Luciana Feliciano, de 52 anos, esqueceu o menino João Alisson na van, em um dia em que a média da temperatura máxima na Capital alcançou os 31,6°C, segundo dados do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE). Os índices de umidade ficaram perto dos 30%.
De acordo com a Polícia Militar, por volta das 16h, foi registrado um chamado na Rua Barra do Turvo. Quando os agentes chegaram ao local, já encontraram o menino morto dentro da van. Ele tinha se escondido embaixo de um dos bancos.
Luciana foi levada ao 8º Distrito Policial, onde foi presa em flagrante por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Ela obteve a liberdade provisória após audiência de custódia, mas teve a suspensão do direito de dirigir.
Além disso, deverá comparecer em juízo todo mês, manter o endereço atualizado, não poderá sair da cidade por mais de oito dias sem prévia comunicação e terá de pagar fiança de dois salários-mínimos.
A defesa da motorista foi procurada, mas preferiu não se pronunciar a respeito do caso.
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Van particular
Em nota, a Prefeitura de São Paulo destacou que a van escolar em questão era particular e não estava vinculada ao serviço de Transporte Escolar Gratuito (TEG). De toda forma, a administração municipal lamentou o caso e disse que o Departamento de Transportes Públicos (DTP) irá instaurar um processo administrativo para cassação do cadastro municipal de condutores escolares.
“A Prefeitura de São Paulo está consternada e lamenta profundamente o ocorrido. A Diretoria Regional de Educação (DRE) acompanha o caso e o Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem (NAAPA), composto por psicólogos e psicopedagogos, foi acionado para atender a família”, destacou a nota.
“Cabe destacar que a contratação da van escolar privada ocorre entre o condutor e o responsável pela criança, não havendo intermediação da Prefeitura. O veículo, com fabricação em 2015, está cadastrado no sistema para o transporte escolar privado, e em situação regular. O veículo escolar passou por vistoria em março de 2023 e foi aprovado. A licença para o transporte escolar é válida até 08 de fevereiro de 2024. A documentação da motorista é regular”, ressaltou a prefeitura.
Outro caso
Esse é o segundo caso de criança morta dentro de van escolar em pouco mais de um mês. Em 14 de novembro, o menino Apollo Gabriel Rodrigues, de 2 anos, foi esquecido dentro de um veículo de transporte na Vila Maria, na Zona Norte, e também não sobreviveu.
Naquele dia, a tarde também foi de forte calor, com termômetros em média dos 37,3°C. A Defesa Civil tinha decretado estado de alerta na capital. A suspeita da polícia é que Apollo não aguentou por estar trancado no veículo, todo fechado. Porém, o laudo com as causas ainda é aguardado.
O motorista da van e a auxiliar chegaram a ser presos, mas foram liberados dias depois e respondem em liberdade. A Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do homem, que tinha sido recolhida, foi devolvida, mas ele segue proibido de realizar o transporte de crianças e adolescentes.
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