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Malária no Alto Tietê: altas temperaturas aumentam incidência de doenças transmitidas por insetos

Infectologista explica quais são os riscos para saúde e indica como é possível evitar o contágio

Estados Unidos en alerta por casos de malarias en el país.| Foto: Referencial
Doenças transmitidas por vetores aumentam no período de altas temperaturas, alerta infectologista

No início deste ano, dois casos de malária foram registrados na região do Alto Tietê, na Grande São Paulo. Os infectados são das cidades de Mogi das Cruzes e Suzano e ambos participaram de uma operação de resgate na Serra do Mar, entre os municípios de Biritiba Mirim e Bertioga, locais de mata e cachoeiras. Os pacientes são acompanhados pelas autoridades de saúde e estão bem, mas a situação chamou a atenção para o risco de doenças transmitidas por mosquitos vetores em períodos de altas temperaturas.

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Simone Fernandes, infectologista da rede de saúde dr.consulta, explica que o aumento dos casos de doenças causadas por vetores não está relacionado apenas ao período do verão, mas também ao ciclo de aquecimento do planeta que é enfrentado ano após ano.

“A sazonalidade das doenças transmitidas por vetores é explicada pelo aumento das chuvas no período do verão associado ao clima quente e úmido, condições consideradas ideais para a reprodução e atividade de insetos como o Aedes aegypti, responsável por transmitir a dengue, a Zika e a febre Chikungunya”, explica a especialista.

Os órgãos de saúde definem doenças transmissíveis por vetores quando o contágio é causado por algum intermediário que transporta os vírus ou outros agentes biológicos responsáveis pelas infecções.

“Além da dengue, malária, febre amarela, Zika, Chikungunya, filariose e leishmaniose são doenças prevalentes no Brasil transmitidas por picada de mosquitos. Além disso, doenças como o mal de Chagas, doença de Lyme e febre maculosa são também transmitidas por outros vetores. Os pontos de atenção incluem as medidas de prevenção de picadas de insetos, o controle ambiental de vetores e a eliminação de criadouros de insetos”, diz a especialista.

O ano de 2023 foi marcado por um recorde de casos da dengue no Brasil, ultrapassando 1,5 milhão de episódios. Os números elevaram a preocupação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que observa um aumento do risco até mesmo em áreas que anteriormente não eram consideradas focos da doença, como o sul da Europa, Estados Unidos e África.

Já no caso da malária, um estudo do Adapta Brasil, sistema de análise de informações do Ministério da Saúde que avalia os impactos da mudança climática na saúde brasileira, indicou um maior risco do alastramento da doença devido à exposição a temperaturas extremas. De acordo com os dados do Centro de Vigilância Epidemiológica do Governo de São Paulo, em 2023, foram registrados seis casos de malária no estado.

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Há também a previsão de um aumento da resistência desses vetores e do desenvolvimento de novas variações dos agentes transmissores. A presença dos casos na Região Sudeste, no Alto Tietê, converge com essa previsão.

A infectologista conta que a OMS tem alertado e orientado a comunidade médica e científica para o aumento das doenças transmitidas por alimentos, água e vetores. “As doenças transmitidas por vetores, como a malária, já estão expandindo seu alcance devido ao aumento das temperaturas e às mudanças nos padrões climáticos. Além disso, a OMS recomendou que os países estejam preparados para o aumento de casos de dengue, malária, Zika e Chikungunya nos próximos anos por conta da migração dos mosquitos, causada pelas mudanças de temperaturas”.

Vacina contra dengue

A preocupação com o alastramento da dengue e de suas variações levou as autoridades a reforçarem a vacinação. Atualmente, há dois tipos de vacinas disponíveis para a doença.

“Ambas são feitas com vírus vivos atenuados que estimulam uma resposta imunológica capaz de prevenir a infecção e diminuir os sintomas causados pelos quatro sorotipos do vírus, uma vez que não existem tratamentos específicos disponíveis para a dengue. A nova vacina Qdenga, já está disponível em clínicas particulares, é indicada para a população entre 4 e 60 anos e pode ser aplicada mesmo em pessoas que nunca tiveram contato prévio com o vírus da dengue. Já a vacina Dengvaxia é destinada a pessoas de 9 a 45 anos de idade que já tiveram contato com o vírus alguma vez”, explica Simone.

A especialista diz que a eficácia das vacinas é de, aproximadamente, 66% contra os quatro sorotipos de vírus da dengue. Além disso, reduz os casos graves, como a dengue hemorrágica, em 93% e o índice de hospitalização em 80%.

Dicas de prevenção

A infectologista alerta que é preciso intensificar os cuidados para evitar o contágio de doenças causadas por vetores. O principal ponto, segundo a infectologista, é eliminar possíveis criadouros de mosquitos:

  • Evitar o acúmulo de água parada em pneus, garrafas, vasos de plantas, lixo, entulhos, folhas secas de árvores não adequadamente podadas, dentre outros;
  • Utilizar telas e mosquiteiros em janelas, portas, camas e berços para impedir o acesso de mosquitos em casa;
  • Usar repelentes, de preferência aqueles que contenham substâncias como DEET, IR3535 ou icaridina;
  • Usar roupas que cubram a maior parte do corpo, como calças e camisas de manga comprida;
  • Realizar a limpeza regular de caixas d’água e piscinas;
  • Fazer o controle de pragas em casa, como baratas e ratos, que podem atrair mosquitos;
  • Realizar a vacinação contra doenças como febre amarela e dengue, que podem ser transmitidas por vetores.

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