A família da trancista Thais Medeiros de Oliveira, de 26 anos, que teve uma crise grave de asma ao cheirar uma pimenta e quase morreu, segue em busca de um tratamento domiciliar. No sábado (17), completou um ano que ela ficou acamada e, após idas e vindas ao hospital, a jovem aguarda pelo serviço de home care determinado pela Justiça. Porém, a Prefeitura de Goiânia recorreu da decisão e o serviço ainda não começou a ser oferecido.
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“Estamos aqui na luta, esperando um home care que já foi garantido pela Justiça, mas está sendo descumprido pela Prefeitura de Goiânia. Em casa ela fica bem melhor do que no hospital, mas nós estamos sempre em alerta, porque o estado dela é muito inconstante”, disse Adriana Medeiros, mãe de Thais.
Conforme a família, apesar da jovem ser acompanhada por fisioterapeuta e fonoaudiólogo, ela também precisa do atendimento de especialistas como neurologista e fisiatra. Porém, esse auxílio nunca foi realizado pela rede pública de saúde e eles foram orientados a procurar ajuda por conta própria.
Em postagem nas redes sociais, Adriana desabafou sobre o período de luta para cuidar da filha e ressaltou que elas seguem precisando de ajuda financeira, já que ela teve que parar de trabalhar para cuidar da trancista e das duas filhas dela. “Estamos lutando dia e noite para cuidar de você minha filha”, escreveu a mãe.
A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia informou ao site G1 que recorreu da decisão judicial, uma vez que Thais “não se enquadra nos critérios de atendimento”. Veja a nota na íntegra abaixo:
“A Secretaria Municipal de Saúde esclarece que o Sistema Único de Saúde (SUS), não reconhece nenhuma política pública de Home Care. Goiânia custeia, com recursos próprios, um serviços para pacientes que saem da UTI, vão para casa e precisam de respiradores, ou seja, não conseguem respirar sozinhos, o que não é o caso da paciente em questão. Portanto, ela não se enquadra nos critérios de atendimento do serviço municipal e, por isso, o município recorreu da decisão liminar. O serviço que Goiânia poderia oferecer, que são visitas regulares em casa por uma equipe multidisciplinar de saúde, já é ofertado pelo Crer.”
Alta após 83 dias
Na semana passada, Thais teve alta médica do Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER), em Goiânia, Goiás, após 83 dias de internação. A jovem, que passou por tratamentos contra infecções, agora segue recebendo cuidados da família em casa.
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Thais estava internada desde o último dia 6 de dezembro, quando os médicos pretendiam investigar uma infecção nos ossos. Porém, dias depois ela foi diagnosticada com bactérias no intestino e também uma bronquiolite, que acabaram arrastando o tempo de internação.
Ela teve idas e vindas para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas aos poucos apresentou melhora do quadro de saúde e a alta do hospital ocorreu no último dia 12. Agora, a família segue cuidando da jovem em casa, mas lutando pelo serviço de home care.
A família também retomou os pedidos de ajuda por meio de uma vaquinha virtual, já que a mãe dela teve que parar de trabalhar para cuidar da filha. Uma publicação feita nas redes sociais ressalta de a jovem “chora todos os dias” depois que ficou acamada.
Reação à pimenta
A trancista passou mal na tarde do dia 17 de fevereiro de 2023 durante um almoço na casa do namorado. O rapaz contou que ela cheirou a pimenta e, em seguida, começou a “perder as forças”. Ela foi levada às pressas até o Hospital Evangélico Goiano (HEG), onde foi constatado que sofreu um edema cerebral.
Ao chegar no hospital, a jovem sofreu uma parada cardiorrespiratória, quando ficou cerca de sete minutos sem pulso e 15 minutos sem oxigênio. Assim, ela foi sedada e intubada para evitar danos cerebrais. Depois, foi transferida para a Santa Casa de Anápolis, onde ficou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Depois, foi transferida para um quarto, onde seguiu sua recuperação. No entanto, o diretor técnico da Santa Casa de Anápolis, Murilo Carlos Santana, ressaltou que o quadro dela era delicado.
Os médicos acreditam que a jovem sofreu uma crise de grave de asma ao cheirar a pimenta e, por conta da baixa circulação de oxigênio no cérebro, teve danos neurológicos. O condimento teria sido o gatilho.
A mãe da jovem havia dito que a filha sofria com bronquite desde que ficou grávida, mas ninguém sabia que ela poderia ter alguma reação à pimenta.
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