A adolescente Heloisa Heliodoro, de 17 anos, que teve que teve 80% do couro cabeludo arrancado após seu cabelo prender no motor de um kart, em dezembro do ano passado, agora se recupera em casa depois de quase 60 dias no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), em Brasília, no Distrito Federal. A garota foi submetida a pelo menos 10 procedimentos cirúrgicos, mas ainda enfrenta o processo de aceitação à nova realidade.
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“Tento entender o propósito e o motivo disso estar acontecendo. De cara, fiquei em choque. Fiquei muito mal! Não quis demonstrar isso para as pessoas que estavam comigo para não preocupar ninguém. Mas, sinto falta do meu cabelo”, lamentou ela, em entrevista ao site UOL.
Heloisa lembrou que estava no kart para celebrar o aniversário do namorado e não recebeu a orientação de que deveria prender os cabelos para evitar riscos. “Eu não estava muito animada, mas decidimos ir. Eu consigo lembrar um pouco do dia e do acidente, mas, depois disso, não me lembro de muita coisa. É como se virassem flashes, sabe? Fiquei todo o tempo consciente, e estava sentindo uma dor muito forte”, relembrou ela.
A adolescente disse, ainda, que sempre foi muito ligada aos longos cabelos loiros e que mantinha uma rotina diária de cuidados. Agora, ela sonha em conseguir ter a autoestima recuperada.
“É ter a chance de ter um cabelo grande novamente, do jeito que eu gosto, para poder cuidar e me sentir bem. Depois de tudo isso, comecei a pesquisar bastante e vi que tem várias opções. Há laces, próteses. Sei que vou conseguir e inspirar muitas pessoas com a minha história”, ressaltou Heloisa.
A adolescente deixou o hospital no último dia 2 de fevereiro. Na ocasião, a mãe dela, Elizabeth Heliodoro, disse que a filha ainda está em processo de aceitação e tem que ter ajuda para atividades básicas, como tomar banho, já que não pode molhar a área, e para fazer os curativos. “Emocionalmente falando, ela precisa muito de mim. Ela acorda, se vê, tem planos, mas lembra que não pode fazer ainda”, relatou.
A família da adolescente ainda busca um acordo com os responsáveis pelo kart. O estabelecimento ajudou com valores durante a internação da garota, mas agora elas ainda precisam seguir o tratamento. Como teve que se afastar do trabalho para cuidar da filha, Elizabeth afirma necessitar muito dessa ajuda financeira.
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Na época do acidente, o Brasília Kart destacou que forneceu “todo o equipamento de segurança” para a adolescente e que prestava o devido suporte à vítima. “Foi feito briefing, com instruções do uso do kart e regras da pista para corrida. Infelizmente, na última volta o cabelo dela saiu de alguma forma da camisa balaclava e enrolou no eixo do kart, arrancando parte do couro cabeludo.”
Relembre o caso
O acidente aconteceu no dia 10 de dezembro de 2023. Heloísa andava de kart pela primeira vez, para comemorar o aniversário do namorado, quando houve o acidente. Ela usava uma “blusa de balaclava” e um capacete, mas, segundo a mãe, não recebeu a devida orientação de que deveria manter os cabelos presos. A garota relatou que circulava com o carro, quando sentiu um puxão. Logo depois, veio a dor muito forte e ela não conseguiu sair do lugar.
“Ela disse que sentiu apenas uma coisa puxando a cabeça dela, tentou parar o carro e sentiu uma dor muito forte, com a cabeça para trás. Estava só, não conseguiu se levantar. Ela não sabe falar quanto tempo ficou sem ajuda lá, até que uma menina que estava também participando da corrida a viu e correu pra ajudar”, lamentou a mãe.
Após o acidente, a mãe diz que foram as testemunhas que estavam no local que acionaram o resgate, sendo que o estabelecimento responsável não contava com equipe de socorro. Inicialmente a garota foi levada ao Hospital de Base, onde recebeu os primeiros socorros. Depois disso, em função da gravidade do caso, foi transferida para o Hospital Regional da Asa Norte para ser avaliada pela equipe de cirurgia plástica.
A mãe disse que só teve noção da gravidade do caso no hospital. Segundo ela, os donos do kart estiveram na unidade médica e levaram o tecido que ficou preso ao motor do carro, na esperança de que algo pudesse ser aproveitado. “Infelizmente não foi possível, até porque a perda da Heloísa foi além do tecido, ela teve exposição óssea”, contou.
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