Foco

Detalhe importante pode dificultar progressão de Alexandre Nardoni para o regime aberto; entenda

Condenado por matar Isabella, ele terá que provar que está arrependido; porém, nunca confessou o crime

Ele se dedica aos estudos na cadeia
Alexandre Nardoni, condenado por matar a filha, Isabella, segue cumprindo pena em Tremembé, no interior de SP (Reprodução)

Alexandre Nardoni, condenado a 30 anos, 2 meses e 20 dias de prisão pela morte da filha, Isabella, conseguiu uma redução em sua pena e pode estar perto de obter a progressão para o regime aberto. Uma contagem aponta que ele estaria apto a receber o benefício em abril deste ano, porém, um detalhe importante pode dificultar o acesso a liberdade.

ANÚNCIO

Conforme o jornalista Ulisses Campbell, que assina a coluna “True Crime”, no jornal “O Globo”, antes de receber a progressão de pena, o condenado precisa passar por um exame criminológico, chamado prova de Rorschach. O objetivo é que ele comprove que está arrependido pelo crime, no entanto, até hoje, Nardoni alega inocência. Ele continua sustentando a tese de que Isabella foi morta por bandidos que invadiram seu apartamento.

O promotor Luiz Marcelo Negrini, que acompanha a execução da pena dos presos de Tremembé, afirma que essa recusa em confessar o crime será o maior obstáculo de Nardoni. “Ele vai ter que fazer o exame criminológico e o teste de Rorschach para mostrar como lida com o crime que cometeu e, principalmente, para provar que está arrependido de ter matado a própria filha”, destacou.

O condenado migrou para o regime semiaberto em agosto de 2010. Desde então, tem direito a cinco saidinhas temporárias ao longo do ano. Em outubro do ano passado, a Justiça de São Paulo acatou um pedido da defesa dele por causa da leitura de um livro e por dias trabalhados na cadeia e, assim, ele obteve um abatimento de 96 dias na sentença.

No próximo dia dia 4 de abril, Nardoni terá cumprido dois quintos da sentença e estará apto a pedir progressão para o regime aberto. Mas, caso se recuse a fazer a prova de Rorschach, deve enfrentar dificuldades para obter essa progressão.

Campnell destacou que, em 2009, a Justiça já havia determinado que Nardoni fizesse a prova de Rorschach, também conhecida como “teste do borrão de tinta”. Porém, ele se recusou e ainda não passou por ele. Ainda assim, a Justiça concedeu as saidinhas de Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças e Natal/Ano Novo.

“A Justiça costuma ser mais benevolente quando concede as saidinhas porque é uma liberdade muito curta [a cada uma tem sete dias]. Mas, para mandar o preso para a liberdade, as exigências são mais rigorosas”, ressaltou Luiz Marcelo Negrini.

ANÚNCIO

A defesa de Alexandre Nardoni não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

Condenação

Alexandre Nardoni e a esposa, Anna Carolina Jatobá, foram condenados pela morte da menina Isabella, de 5 anos, ocorrida em março de 2008. Segundo a acusação, a menina foi asfixiada e jogada de um prédio em São Paulo. O pai pegou 30 anos de prisão e a madrasta da menina, 26 anos.

O condenado cumpre pena na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, conhecida como P2 de Tremembé. Mesmo no regime semiaberto, podendo fazer saidinhas temporárias, ele passa a maior parte do tempo estudando dentro do presídio.

Já Anna Jatobá obteve a progressão de pena para o regime aberto, em junho do ano passado. Desde que deixou o presídio, a madrasta mora em um apartamento de luxo do sogro, Antonio Nardoni, em Santana, na Zona Norte de São Paulo.

Assim estaria Isabella Nardoni, com 19 anos, se ainda estivesse ainda
Isabella Nardoni foi morta, aos 5 anos, e depois jogada da janela de um prédio, em SP Reprodução

Morte de Isabella Nardoni

Isabella Nardoni tinha cinco anos quando foi jogada pelo pai e pela madrasta da janela de um apartamento que ficava no sexto andar do Edifício London, no dia 29 de março de 2008.

Inicialmente eles alegaram que foi uma queda acidental, mas a investigação apurou que a criança apresentava marcas de que tinha sido agredida e morta antes de ser arremessada.

O Ministério Público destacou durante o julgamento do casal que as provas periciais obtidas pela Polícia Civil não deixavam dúvidas sobre a autoria do assassinato. A acusação destacou que a madrasta esganou Isabella e, em seguida, o casal cortou a tela de proteção da janela e o pai jogou o corpo da criança.

LEIA TAMBÉM:

ANÚNCIO

Tags


Últimas Notícias