Suzane Louise Magnani Muniz, ex-Richthofen, retomou um plano antigo: estudar Direito. Um mês após dar à luz o primeiro filho, ela iniciou na quarta-feira (28) as aulas do curso na Universidade São Francisco, em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, onde ela mora com o marido, o médico Felipe Zecchini Muniz. A presença da ex-presidiária, condenada por matar os pais, chamou a atenção dos demais estudantes da instituição.
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De acordo com o jornalista Ulisses Campbell, que assina a coluna “True Crime”, no jornal “O Globo”, Suzane usou a boa nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para ingressar na universidade, onde ainda obteve uma bolsa de estudos.
As aulas começaram há uma semana, mas só na quarta-feira a ex-presidiária compareceu, evitando os chamados “trotes” e as costumeiras apresentações dos primeiros dias na classe. Ao chegar, segundo Campbell, ela cumprimentou os colegas, mas sentou discretamente. Apesar de tentar passar desapercebida, a presença dela na universidade logo passou a repercutir entre os alunos.
Fotos de Suzane na sala de aula e nos corredores começaram a circular em grupos de WhatsApp dos estudantes, que se diziam “chocados” com a presença da assassina. O jornalista destacou, ainda, que Suzane seguiu evitando qualquer contato direto, ficando na maior parte do tempo mexendo no celular.
Vida acadêmica
Campbell relembrou que, quando mandou matar os pais, Marísia e Manfred von Richthofen, em 2002, Suzane cursava o primeiro semestre de Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Porém, teve que interromper os estudos ao ser presa.
No período em que ficou na cadeia, Suzane chegou a prestar vários vestibulares. Em abril de 2016, ela foi aprovada para o curso de Administração da Universidade Anhanguera de Taubaté. No entanto, a 2ª Vara de Execuções Criminais da mesma cidade a proibiu de fazer a matrícula, alegando que ela seria repugnada no ambiente acadêmico. Ela recorreu e obteve na Justiça o direito de estudar, mas acabou desistindo.
Em 2017, ela foi pré-selecionada para obter empréstimo pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) do governo federal para cursar Administração na Faculdade Dehoniana de Taubaté. Porém, não deu andamento mais uma vez.
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Já em 2021, ela usou a nota obtida no Enem para cursar Farmácia na Faculdade Anhanguera de Taubaté. No entanto, acabou mudando para Biomedicina e, no ano passado, solicitou a transferência para a Faculdade Sudoeste Paulista de Itapetininga (UNIFSP). No entanto, segundo Campbell, ela deixou de frequentar as aulas quando se mudou para Bragança Paulista, para morar com o agora marido.
Casamento e mudança de nome
Suzane oficializou a união estável com o médico Felipe Zecchini Muniz no último dia 13 de dezembro. Na ocasião, a ex-presidiária aproveitou para mudar de nome, quando passou a se chamar Suzane Louise Magnani Muniz.
A mudança ocorreu em todos os documentos de Suzane, que, para não cortar todos os vínculos familiares, adotou o sobrenome da avó materna, Lourdes Magnani Silva Abdalla, que morreu aos 92 anos, em 2012. Além disso, incluiu o Muniz do companheiro.
O novo nome da ex-presidiária já consta na Certidão de Nascimento do filho, que nasceu na noite do último dia 26 de janeiro. O registro foi oficializado três dias depois, sendo que a criança recebeu o nome do pai e o sobrenome atual da mãe. Mas no campo destinado aos avós maternos do menino, constam os nomes de Marísia e Manfred von Richthofen.
Segundo Campbell, Suzane teve dois motivos fortes para mudar o sobrenome. O primeiro é tentar se desassociar de um dos crimes de maior repercussão no Brasil, o assassinato dos pais dela, ocorrido em 2002.
O segundo motivo é o fato de tentar agradar a família de Muniz, que não aceitou bem o relacionamento dele com a ex-presidiária. Com o nascimento do primeiro filho do casal, os parentes temem que a criança sofra retaliações e, assim, o novo sobrenome da mãe pode ajudar nesse disfarce.
Morte do casal Richthofen
Segundo a Justiça, Suzane planejou a morte dos próprios pais e teve a ajuda do então namorado, Daniel Cravinhos, e do irmão dele, Cristian Cravinhos, para a execução do casal. O crime ocorreu no dia 31 de outubro de 2022.
Logo depois do início das investigações, a jovem foi presa. Em 2006, ela foi julgada e condenada a 39 anos e seis meses de prisão em regime fechado. No entanto, entrou com vários pedidos de revisão e conseguiu reduzir o tempo para 34 anos e 4 meses de prisão. A previsão é que ela, que está em regime aberto desde o início deste ano, cumpra a sentença no dia 25 de fevereiro de 2038.
A primeira vez que Suzane deixou a Penitenciária Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé, no interior de São Paulo, foi em março de 2016, depois de conquistar o regime semiaberto e ter direito a uma saída temporária de Páscoa. Em setembro do ano passado ela obteve mais uma “saidinha temporária”, quando chamou a atenção por conta da aparência. Bem vestida, ela virou alvo de várias publicações nas redes sociais.
Ela tentava obter a progressão desde 2017 para o regime aberto, mas até então todos os pedidos tinham sido negados. No início de 2023, ela finalmente conseguiu o benefício.
Depois que saiu da prisão, Suzane passou a morar em Angatuba, também no interior de São Paulo. Além de cursar biomedicina em uma faculdade particular, ela também prestou o concurso público da Câmara Municipal de Avaré, visando uma vaga como telefonista.
Além disso, abriu um cadastro de Microempreendedor Individual (MEI) no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Angatuba para seu ateliê de costura.
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