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Saiba quem é a médica denunciada por falsos diagnósticos de câncer para ‘lucrar’ em cirurgias

Carolina Carminatti foi acusada por 22 pacientes; polícia acredita que ela faturou mais de R$ 100 mil

Polícia Civil investiga o caso
Médica Carolina Biscaia Carminatti, de 35 anos, foi denunciada por 22 pacientes por falsos diagnósticos de câncer, no Paraná (Reprodução/Redes sociais)

A Polícia Civil investiga denúncias contra a médica Carolina Biscaia Carminatti, de 35 anos, acusada por 22 pacientes de dar falsos diagnósticos de câncer de pele, em Pato Branco, no Paraná. Segundo as vítimas, elas eram orientadas a passar por procedimentos cirúrgicos particulares desnecessários. A corporação acredita que a profissional, que não tem registro como dermatologista, tenha faturado mais de R$ 100 mil.

Até agora, 18 pacientes já prestaram depoimento à polícia. As vítimas relataram que, após os diagnósticos de câncer de pele, eram orientados pela médica a passar por alguns procedimentos urgentes, mas eles não eram cobertos pelos planos de saúde. Assustados, eles pagavam pelas cirurgias. Porém, depois, descobriram que o laudo apresentado pela profissional era diferente do original.

Uma analista administrativa, de 33 anos, que não quer ser identificada, contou em entrevista ao site UOL que procurou Carolina por causa de algumas manchas na pele. Na consulta, a profissional já levantou a possibilidade de câncer de pele e orientou a necessidade de uma biópsia imediata. A paciente concordou e pagou R$ 2 mil.

“Quando fui atendida e coloquei minha queixa, um ressecamento de pele, ela veio até mim com um dermatoscópio [instrumento para examinar a pele] e falou que eu tinha duas pintas suspeitas de melanoma, que era muito preocupante e precisava retirar naquele mesmo momento para encaminhar para a biópsia, pois tinham características de malignidade”, contou a vítima.


Dias depois, a auxiliar administrativa foi contatada por funcionários da clínica, que pediam para que ela voltasse com urgência. Ela foi ao local e a médica disse que a biópsia indicava uma “lesão agressiva” e que precisava repetir o procedimento. Lá se foram mais R$ 3 mil.

Desconfiada, a paciente decidiu procurar uma segunda opinião médica, quando soube que o diagnóstico apresentado por Carolina não correspondia ao laudo do exame. Assim, a mulher decidiu denunciar o caso à polícia.

Outra paciente, de 38 anos, contou que viveu uma situação semelhante. Ela também recebeu o diagnóstico de câncer de pele e que teria que pagar por um procedimento urgente. Ela fez o primeiro e foi chamada para mais um, mas obteve uma segunda via do exame junto ao laboratório e viu que o resultado informado pela médica era completamente diferente.

Investigações

O delegado Helder Andrade, responsável pelas investigações, afirma que os depoimentos mostram que a médica agia de forma semelhante, sempre dando os falsos diagnósticos com cirurgias urgentes, sendo que depois ainda atraía os pacientes para um segundo procedimento.

“Várias coisas chamaram atenção. Mas os danos emocionais, principalmente. Muitos foram convencidos a fazer procedimentos no rosto, por exemplo, mas eles relatam que o pior dano foi emocional”, disse o investigador ao “O Globo”.

O caso segue em investigação. Carolina poderá responder pelos crimes de estelionato, lesões corporais e falsificação de documento particular.

O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) informou que instaurou um procedimento “para apurar possível desvio ético cometido pela referida médica”. O órgão confirmou que Carolina está regularmente inscrita no Conselho, mas não possui registro de especialidade como dermatologista.

O que diz a médica?

Procurada, a defesa negou qualquer irregularidade na conduta da médica e destacou que não existe nenhum processo formal contra ela.

“Sobre as possíveis ações cíveis entendemos que não existem quaisquer provas cabais que possam induzir o juízo a julgá-las procedentes. Com relação ao CRM, iremos comprovar que não restam evidências que possam levar o órgão de classe a qualquer punição em face da profissional. Nossa cliente está calma, porque é sabedora que tudo será esclarecido no momento certo”, afirmou o advogado Valmor Weissheimer.

       

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