Após flagrar Andreas von Richthofen saindo de uma chácara no interior de São Paulo, onde vive recluso há anos, o jornalista e apresentador Geraldo Luís deu uma alfinetada em Suzane ex-Richthofen. Nas imagens, exibidas pelo programa “Geral do Brasil”, da RedeTV!, o rapaz apareceu caminhando por uma calçada, às margens de uma rodovia, usando roupas pretas, óculos escuros e carregando uma mochila.
“Você [Suzane] não mandou matar apenas os seus pais, o seu irmão, você também matou”, disparou o jornalista, que afirmou estar comovido em ver a situação precária em que vive Andreas (assista o vídeo abaixo).
“Andreas precisa ser resgatado urgentemente. Ele vai morrer lá (...) magro, barbudo, largado. O menino que era o prodígio da família Richthofen, tão querido, que perdeu casas de milhões, perdeu a chance de ser um médico, hoje vive preso dentro da própria herança”, lamentou o jornalista, que ressaltou que a sua equipe vai continuar tentando contato com o rapaz para “salvá-lo”.
“Suzane Richtofen [condenada pelo crime] toca a vida dela, se tornou mãe, vai se tornar advogada. Mas o irmão morre a cada dia (...) Ele só sai de casa de dez em dez dias, sozinho, com a mesma mochila. O sítio está abandonado, a piscina assustadora, a casa tomada por matos”, ressaltou Geraldo Luís.
A reportagem mostrou o rapaz saindo da chácara e, em outro dia, caminhando pelas ruas da cidade. O jornalista chamou por ele na propriedade, sem sucesso (veja abaixo).
Um vizinho de Andreas falou sobre o rapaz. “Acredito [que hoje ele viva desse jeito] por recordação do fato ocorrido, a morte dos pais, por saber que foi um crime premeditado pela irmã. Deve ser isso que faz ele se esconder assim”, disse o homem, que não quis mostrar o rosto.
Repercussão negativa
Por conta da exibição da reportagem, o programa “Geral do Povo” chegou a liderar a audiência no Ibope. Porém, nas redes sociais, muita gente criticou a busca incansável por Andreas von Richthofen.
“Meu deus esqueçam essa família. Deixem esse jovem em paz, já sofreu demais. Se está nesse lugar é porque deseja privacidade. Respeitem”, escreveu uma usuária do X (antigo Twitter).
“Deixem ele em paz, ele só ta tentando seguir em frente depois de ter os pais assassinados pela própria irmã quando só tinha 15 anos e era um menino, isso que estão fazendo é tão errado….”, ressaltou outra internauta.
“Que horror! Explorar uma vítima que está seguindo a vida dele por pontos de audiência. E ainda julgar que ele está largado”, escreveu mais uma.
De herança a dívida milionária
Andreas, de 36 anos, enfrenta vários problemas judiciais e não tem sido encontrado pelas autoridades para resolvê-los. Desde que a irmã passou a cumprir o regime aberto, em janeiro do ano passado, o rapaz se isolou no interior de São Paulo. Sem internet ou telefone por escolha própria, as autoridades não conseguem notificá-lo. Mesmo tendo recebido uma herança avaliada em R$ 10 milhões, ele já acumula uma dívida milionária sobre impostos dos imóveis que herdou.
Conforme revelado pelo jornalista Ulisses Campbell, apesar de ter travado uma briga judicial com Suzane e ter ficado sozinho com bens da família, entre eles carros, terrenos e seis imóveis, Andreas acumula problemas ao longo dos anos. O rapaz é alvo de 24 ações na Justiça de São Paulo por dívidas de Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e condomínios atrasados, somando débitos de aproximadamente R$ 500 mil.
Além disso, entre as dívidas está a manutenção do túmulo em que os pais estão enterrados, no Cemitério do Redentor, no Sumaré, Zona Oeste da Capital.
Amigos do rapaz contaram ao jornalista que ele não quer vender o imóveis, pois mantê-los seria uma forma de preservar a memória dos pais. Porém, ele também não quer que Suzane tenha acesso a eles. Como não é casado e não tem filhos, a irmã seria sua única herdeira.
Desde que se refugiou em um sítio em São Roque, também herdado dos pais, durante a pandemia, Andreas manteve pouco contato com os conhecidos.
Campbell destacou que, nos autos dessas ações judiciais, os procuradores do município de São Paulo afirmam que vão preparar ações para levar os imóveis de Andreas a leilão, já que ele se recusa a quitar os débitos.
Nova vida de Suzane ex-Richthofen
Irmã de Andreas, Suzane ex-Richthofen, de 40 anos, condenada por matar os pais, se tornou mãe recentemente e vive com o marido, o médico Felipe Zecchini Muniz, em Bragança Paulista, no interior de São Paulo.
Suzane oficializou a união estável com Muniz no último dia 13 de dezembro. Na ocasião, a ex-presidiária aproveitou para mudar de nome, quando passou a se chamar Suzane Louise Magnani Muniz.
A mudança ocorreu em todos os documentos de Suzane, que, para não cortar todos os vínculos familiares, adotou o sobrenome da avó materna, Lourdes Magnani Silva Abdalla, que morreu aos 92 anos, em 2012. Além disso, incluiu o Muniz do companheiro.
O novo nome da ex-presidiária já consta na Certidão de Nascimento do filho, que nasceu na noite do último dia 26 de janeiro. O registro foi oficializado três dias depois, sendo que a criança recebeu o nome do pai e o sobrenome atual da mãe. Mas no campo destinado aos avós maternos do menino, constam os nomes de Marísia e Manfred von Richthofen.
Segundo Campbell, Suzane teve dois motivos fortes para mudar o sobrenome. O primeiro é tentar se desassociar de um dos crimes de maior repercussão no Brasil, o assassinato dos pais dela, ocorrido em 2002.
O segundo motivo é o fato de tentar agradar a família de Muniz, que não aceitou bem o relacionamento dele com a ex-presidiária. Com o nascimento do primeiro filho do casal, os parentes temem que a criança sofra retaliações e, assim, o novo sobrenome da mãe pode ajudar nesse disfarce.
Recentemente, ela chamou a atenção na cidade ao ser vista na Universidade São Francisco, onde retomou o curso de Direito. Suzane usou a boa nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para ingressar na universidade, onde ainda obteve uma bolsa de estudos.
Fotos da ex-presidiária na sala de aula e nos corredores começaram a circular em grupos de WhatsApp dos estudantes, que se diziam “chocados” com a presença da assassina. O jornalista destacou, ainda, que Suzane seguiu evitando qualquer contato direto, ficando na maior parte do tempo mexendo no celular.
Morte do casal Richthofen
Segundo a Justiça, Suzane planejou a morte dos próprios pais e teve a ajuda do então namorado, Daniel Cravinhos, e do irmão dele, Cristian Cravinhos, para a execução do casal. O crime ocorreu no dia 31 de outubro de 2022.
Logo depois do início das investigações, a jovem foi presa. Em 2006, ela foi julgada e condenada a 39 anos e seis meses de prisão em regime fechado. No entanto, entrou com vários pedidos de revisão e conseguiu reduzir o tempo para 34 anos e 4 meses de prisão.
A previsão é que ela, que está em regime aberto desde o início deste ano, cumpra a sentença no dia 25 de fevereiro de 2038.