O jovem Marcus Vinicius Machado Rocha, que ficou ferido no acidente entre um Porsche e um Renault Sandero, na Zona Leste de São Paulo, foi ouvido pela Polícia Civil no Hospital São Luiz Anália Franco, onde segue internado. Ele confirmou que o amigo, o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, que conduzia o carro de luxo, consumiu alguns drinks, ficou “alterado por conta da bebida” e “deu uma acelerada” ao volante antes do acidente.
ANÚNCIO
Marcus Vinicius segue em estado estável em um quarto do hospital. Ele quebrou quatro costelas no acidente e teve que retirar o baço. Após passar por duas cirurgias e ficar em coma induzido, a previsão é que o rapaz tenha alta até sábado (13).
Um delegado e um investigador estiveram no hospital na tarde de quinta-feira (11). Na oitiva, o amigo confirmou a versão dada pela namorada dele. Ele confirmou que eles se encontraram com Fernando e a namorada em um restaurante, na noite do último dia 30 de março, quando fizeram o consumo de alguns drinks e bebidas destiladas. De lá, eles seguiram para uma casa de pôquer, onde permaneceram até a madrugada do dia 31.
Segundo Marcus Vinicius, Fernando estava “alterado por conta da bebida” e ele se ofereceu para ir embora com ele para evitar que fizesse “besteira”. Ele também confirmou que o empresário discutiu com a namorada, pois ela afirmava que ele não estava em condições de dirigir e, ainda assim, ele não permitiu que outra pessoa levasse o Porsche.
O amigo disse, ainda, que Fernando deixou a casa de pôquer dirigindo de “forma tranquila”, mas em um determinado momento “deu uma acelerada”, quando acabou atingindo a traseira do Renault Sandero, conduzido pelo motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos. Ele ficou gravemente ferido e morreu.
Marcus Vinicius disse, ainda, que se recorda de pouca coisa depois do acidente. Ele disse que sentiu muitas dores e foi deitado no chão, mas, depois disso, já retomou a consciência no hospital.
Os advogados de defesa do amigo confirmaram à TV Globo que ele confirmou que Fernando tinha bebido antes de dirigir.
ANÚNCIO
“Ele contou que estavam em um restaurante, que consumiram bebidas alcoólicas. De lá, foram para a casa de pôquer. Na casa de pôquer, eles ficaram separados, em mesas separadas. Ele não conseguiu ver se lá ele consumiu bebida alcoólica ou não. De lá, eles saíram, teve uma discussão, segundo ele disse, o amigo estava um pouco alterado, e a última coisa que ele se lembra é ele no carro com o amigo e o amigo acelerando”, disse José Roberto Lourenço.
Já a Polícia Civil não deu detalhes sobre o depoimento de Marcus Vinicius. A corporação deve ouvir nos próximos dias os policiais militares que atenderam ao caso, além de outras testemunhas.
Empresário nega que estava embriagado
O empresário fugiu do local do acidente com a mãe, não passou pelo teste do bafômetro e só se apresentou à polícia mais de 38 horas depois. Em depoimento, ele admitiu que estava “um pouco acima do limite de velocidade”, mas sem precisar o quanto. Porém, outras testemunhas disseram que ele corria muito e passava dos 50 km/h estipulados na via.
O rapaz também negou que tenha feito consumo de bebidas alcóolicas, o que foi confirmado pela namorada dele. Ao ser ouvida, a jovem disse que apenas ela e Marcus Vinicius beberam, já que o empresário estava dirigindo.
No entanto, testemunhas do acidente disseram à polícia que viram Fernando “cambaleando e com a voz pastosa”, com sinais visíveis de embriaguez. Uma mulher, que chegou ao local logo após a batida, afirma que tinham três garrafas de vidro dentro do carro de luxo.
Na segunda-feira (8), a Justiça de São Paulo negou novamente o pedido de prisão do empresário. Mas, para seguir respondendo ao caso em liberdade, Fernando terá que cumprir algumas medidas cautelares. Entre elas está o pagamento de R$ 500 mil, em um prazo de 48 horas, para garantir a reparação às vítimas.
Fernando ainda teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa e o passaporte apreendido. O empresário também está proibido de se ausentar da cidade por mais de oito dias, não pode se aproximar de Marcus Vinicius e nem de testemunhas e familiares por no mínimo 500 metros de distância, e está proibido de frequentar o restaurante e a casa de pôquer onde foi antes do acidente.
Por fim, o juiz determinou que Fernando entregue o celular em até 24 horas para a perícia verificar as ligações e mensagens que recebeu da mãe dele quando ocorreu o acidente. Caso descumpra qualquer uma dessas medidas, a prisão preventiva dele poderá ser decretada.
A defesa de Fernando não foi encontrada para comentar a decisão até a publicação desta reportagem.