A Polícia Civil continua investigando o acidente entre um Porsche e um Renault Sandero, na Zona Leste de São Paulo, que resultou na morte do motorista de aplicativo Ornaldo Viana, de 52 anos. A corporação obteve a comanda do restaurante em que o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, que conduzia o carro de luxo, esteve com amigos antes da batida. O documento revela que o grupo gastou R$ 620 em nove drinques alcoólicos e petiscos.
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Conforme a comanda, exibida em reportagem do “SP1″, da TV Globo, Fernando e os amigos pediram oito drinques chamados Jack Pork, feito com uísque, licor, angostura e limão siciliano, além de uma caipirinha de vodca, na noite do último dia 30 de março. O grupo também consumiu uma água, uma porção de torresmo, um bolinho de costela, um hambúrguer e dois salgados.
A polícia buscou imagens das câmeras de segurança do restaurante para verificar se o empresário consumiu os drinques alcoólicos, mas havia falhas no circuito interno. Alguns dos equipamentos “passam por reparos” ou “não estão funcionando”, segundo contou o dono do estabelecimento.
Do restaurante, Fernando, a namorada e um casal de amigos seguiram para a casa de pôquer, onde funciona um esquema “open bar”. A investigação ainda apura se Fernando consumiu alguma bebida alcoólica lá.
O empresário fugiu do local do acidente, ocorrido já na madrugada do dia 31 de março, e não passou pelo bafômetro. Ele se apresentou à polícia mais de 38 horas depois, quando já não era mais possível fazer o teste. Em depoimento, ele negou ter feito o consumo de bebidas alcoólicas naquela noite, o que foi confirmado pela namorada dele.
Porém, o jovem Marcus Vinicius Machado Rocha, que estava com Fernando no carro e ficou ferido no acidente, afirmou à polícia que o empresário consumiu alguns drinques, ficou “alterado por conta da bebida” e “deu uma acelerada” ao volante antes do acidente.
O amigo disse que se ofereceu para ir embora com Fernando para evitar que fizesse “besteira”. Ele também confirmou que o empresário discutiu com a namorada, pois ela afirmava que ele não estava em condições de dirigir e, ainda assim, ele não permitiu que outra pessoa levasse o Porsche.
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Marcus Vinicius ressaltou, ainda, que Fernando deixou a casa de pôquer dirigindo de “forma tranquila”, mas em um determinado momento “deu uma acelerada”, quando acabou atingindo a traseira do Renault Sandero.
Outras testemunhas do acidente também disseram à polícia que viram Fernando “cambaleando e com a voz pastosa”, com sinais visíveis de embriaguez. Uma mulher, que chegou ao local logo após a batida, afirma que tinham três garrafas de vidro dentro do carro de luxo.
A Polícia Civil deve ouvir nos próximos dias os policiais militares que atenderam ao caso, além de outras testemunhas. A defesa do empresário não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.
Prisão negada
Na segunda-feira (8), a Justiça de São Paulo negou novamente o pedido de prisão do empresário. Mas, para seguir respondendo ao caso em liberdade, Fernando terá que cumprir algumas medidas cautelares. Entre elas está o pagamento de R$ 500 mil, em um prazo de 48 horas, para garantir a reparação às vítimas.
Fernando ainda teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa e o passaporte apreendido. O empresário também está proibido de se ausentar da cidade por mais de oito dias, não pode se aproximar de Marcus Vinicius e nem de testemunhas e familiares por no mínimo 500 metros de distância, e está proibido de frequentar o restaurante e a casa de pôquer onde foi antes do acidente.
Por fim, o juiz determinou que Fernando entregue o celular em até 24 horas para a perícia verificar as ligações e mensagens que recebeu da mãe dele quando ocorreu o acidente. Caso descumpra qualquer uma dessas medidas, a prisão preventiva dele poderá ser decretada.
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