Daniel Bento de Paula e Silva, ex-Cravinhos, que cumpre pena em regime aberto pela morte de Manfred von Richthofen, decidiu pedir perdão ao ex-cunhado, Andreas von Richthofen. O condenado disse que sempre quis procurar o rapaz, pois eles eram muito amigos antes do crime, mas tinha receio da reação. Agora, ao saber que o irmão de Suzane segue isolado e acumula problemas, o ex-detento decidiu escrever uma carta na qual disse que a “culpa continua a perturbar”.
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Em entrevista ao jornalista Ulisses Campbell, que assina a coluna “True Crime”, do jornal “O Globo”, Daniel disse que um amigo em comum já tentou intermediar uma conversa entre ele e Andreas no passado, mas que ele ficou muito abalado e não conseguiu. Porém, apesar do crime ter sido cometido há mais de 20 anos, o ex-detento diz que ainda queria se desculpar pelo que fez e decidiu escrever a carta aberta.
“Desde que saí da prisão, reconstruí minha vida, assim como Suzane, sua irmã. Aos trancos e barrancos, o Cristian também está tentando recomeçar. No entanto, a culpa continua a me perturbar. Parte de minha família me rejeita, e sinto que um dedo acusador aponta para mim constantemente, me lembrando do que fiz. Essa culpa não desaparecerá com a sentença que me condenou a 39 anos. Seguirá comigo até o fim dos meus dias”, escreveu Daniel na carta.
Em outro trecho, revelado por Campbell, o condenado afirmou que perdeu parte da vida na cadeia, mas sabe que Andreas foi o maior prejudicado com o crime.
“Saí da prisão em 2017 após perder 17 anos de minha liberdade. Mas você perdeu muito mais do que eu. Desejo compreender seu luto e fazer parte dele. Lembro do dia da reprodução simulada feita na sua casa duas semanas após o crime, quando você abraçou o Cristian e me olhou emocionado. Quando íamos nos abraçar, os policiais não deixaram. Entendi o seu gesto de carinho como um perdão. Contudo, você era apenas um adolescente. Hoje, você é um homem adulto. Gostaria de conversar contigo e expressar meus sentimentos”, ressaltou Daniel no texto.
Isolamento de Andreas
Andreas von Richthofen segue vivendo sozinho, isolado, em uma chácara que era dos pais no interior de São Paulo. Recentemente, uma reportagem do jornalista Geraldo Luís, no programa “Geral do Povo”, na Rede TV!, exibiu imagens do jovem caminhando por uma calçada, após anos sem ser visto (assista abaixo).
Na ocasião, Geraldo Luís chegou a chamar por Andreas na portaria da chácara, mas não obteve respostas. Depois disso, a reportagem exibiu imagens do rapaz caminhando por uma calçada, às margens de uma rodovia. Usando roupas pretas e óculos escuros, ele carregava uma mochila.
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“Andreas precisa ser resgatado urgentemente. Ele vai morrer lá (...) magro, barbudo, largado. O menino que era o prodígio da família Richthofen, tão querido, que perdeu casas de milhões, perdeu a chance de ser um médico, hoje vive preso dentro da própria herança”, lamentou o jornalista, que ressaltou que a sua equipe vai continuar tentando contato com o rapaz para “salvá-lo”.
De herança a dívida milionária
Andreas atualmente está com 36 anos e enfrenta vários problemas judiciais. Ele não tem sido encontrado pelas autoridades para resolvê-los.
Desde que a irmã passou a cumprir o regime aberto, em janeiro do ano passado, o rapaz se isolou no interior de São Paulo. Sem internet ou telefone por escolha própria, as autoridades não conseguem notificá-lo. Mesmo tendo recebido uma herança avaliada em R$ 10 milhões, ele já acumula uma dívida milionária sobre impostos dos imóveis que herdou.
Conforme revelado por Campbell, apesar de ter travado uma briga judicial com Suzane e ter ficado sozinho com bens da família, entre eles carros, terrenos e seis imóveis, Andreas acumula problemas ao longo dos anos. O rapaz é alvo de 24 ações na Justiça de São Paulo por dívidas de Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e condomínios atrasados, somando débitos de aproximadamente R$ 500 mil.
Além disso, entre as dívidas está a manutenção do túmulo em que os pais estão enterrados, no Cemitério do Redentor, no Sumaré, Zona Oeste da Capital.
Amigos do rapaz contaram ao jornalista que ele não quer vender o imóveis, pois mantê-los seria uma forma de preservar a memória dos pais. Porém, ele também não quer que Suzane tenha acesso a eles. Como não é casado e não tem filhos, a irmã seria sua única herdeira.
Desde que se refugiou em um sítio em São Roque, também herdado dos pais, durante a pandemia, Andreas manteve pouco contato com os conhecidos. Ele comprou uma outra propriedade na cidade, onde vive isolado.
Campbell destacou que, nos autos dessas ações judiciais, os procuradores do município de São Paulo afirmam que vão preparar ações para levar os imóveis de Andreas a leilão, já que ele se recusa a quitar os débitos.
Já Suzane Louise Magnani Muniz, que tirou o Richthofen de seu sobrenome, se tornou mãe neste ano e vive com o marido, o médico Felipe Zecchini Muniz, em Bragança Paulista, no interior de São Paulo. Condenada 39 anos e seis meses de prisão em regime fechado, ela está em regime aberto desde janeiro do ano passado e ainda busca reduzir a pena. Além disso, voltou a cursar Direito.