Uma sindicância da Polícia Militar concluiu que os agentes erraram ao liberar o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, que colidiu seu Porsche contra um Renault Sandero, na Zona Leste de São Paulo, sem que ele fosse submetido ao teste do bafômetro. O rapaz saiu do local com a mãe dizendo que iria um hospital, mas só compareceu a uma delegacia mais de 38 horas depois. O motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, ficou gravemente ferido na batida e morreu.
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De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), os policiais militares envolvidos serão responsabilizados.
“A Secretaria de Segurança Pública informa que a sindicância aberta pela Polícia Militar concluiu, a partir da análise das imagens de câmeras corporais, que houve falha de procedimento dos policiais que atenderam a ocorrência pelo fato do motorista não ter sido submetido ao teste de alcoolemia. Diante disso, foi aberto um procedimento para a responsabilização dos policiais”, destacou a pasta.
Conforme a secretaria, as imagens das câmeras corporais dos policiais militares foram entregues ao 30º DP, que conduz a investigação sobre o acidente. “Os laudos da perícia e as imagens das câmeras corporais também foram entregues à Polícia Civil.”
A pasta ressaltou, ainda, que as investigações seguem em andamento. “Nos próximos dias será realizada uma reconstituição 3D para auxiliar no trabalho de investigação, que está na fase final. O caso está sob segredo de Justiça e detalhes serão preservados”, completou.
Nesta terça-feira (23), o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou que um laudo elaborado pela Polícia Técnico-Científica revelou que Fernando estava a mais de 150 km/h quando colidiu contra o Sandero, sendo que a velocidade máxima permitida na via era de 50 km/h.
A Polícia Civil ainda aguarda outros laudos produzidos pelo Instituto de Criminalística (IC) e Instituto Médico Legal (IML) para dar andamento às investigações.
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Na semana passada, no entanto, o delegado Nelson Alves foi afastado do caso. Quem assumiu a investigação no 30º Distrito Policial é o delegado Milton Borgesi. A motivação da mudança não foi esclarecida pela Polícia Civil.
A defesa do empresário, que segue respondendo ao caso em liberdade, não foi encontrada para comentar sobre a velocidade até a publicação desta reportagem.
Anteriormente, os advogados afirmaram que o acidente foi “uma fatalidade” e ressaltaram que Fernando se ofereceu para ajudar a família de Viana. Os filhos da vítima, por sua vez, ficaram revoltados com a oferta de R$ 1.412 mensais.
Empresário nega embriaguez
Fernando, que fugiu do local do acidente com a mãe, negou que estivesse embriagado. Porém, ele se apresentou à polícia mais de 38 horas depois, quando já não era mais possível fazer o teste do bafômetro. A namorada dele também foi ouvida e negou que ele tenha feito o consumo de bebidas alcóolicas.
Porém, o jovem Marcus Vinicius Rocha, que ficou ferido no acidente, contou à polícia que o empresário consumiu alguns drinques e “deu uma acelerada” ao volante antes do acidente.
Marcus Vinicius contou à polícia, seguindo o depoimento de sua namorada, eles estiveram com Fernando e sua companheira na noite do dia 30 de março em um restaurante, onde consumiram bebidas alcoólicas. Depois disso, seguiram para uma casa de pôquer e, na saída, o empresário estava “alterado por conta das bebidas”, mas não queria que ninguém dirigisse seu Porsche.
Assim, ele se ofereceu para ir embora com Fernando, já na madrugada de 31 de março, para evitar que ele fizesse “besteira”. Marcus Vinicius ressaltou, ainda, que Fernando deixou a casa de pôquer dirigindo de “forma tranquila”, mas em um determinado momento “deu uma acelerada”, quando acabou atingindo a traseira do Renault Sandero.
Outras testemunhas do acidente também disseram à polícia que viram Fernando “cambaleando e com a voz pastosa”, com sinais visíveis de embriaguez. Uma mulher, que chegou ao local logo após a batida, afirma que tinham três garrafas de vidro dentro do carro de luxo.