Após determinação da Justiça do Rio de Janeiro, Erika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, que levou o idoso Paulo Roberto Braga, de 68, sem vida a um banco, em Bangu, foi solta do presídio na tarde de quinta-feira (2). Ela virou ré no caso e vai responder em liberdade pelos crimes de tentativa de estelionato e vilipêndio de cadáver. Ao deixar o Instituto Penal Djanira Dolores de Oliveira, ela foi amparada por familiares.
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Erika estava presa desde o último dia 16 de abril, quando levou o idoso a uma agência bancária com o intuito de sacar um empréstimo no valor de R$ 17 mil. No entanto, Braga apareceu em um vídeo dentro do banco já desfalecido, sem nenhuma reação. A defesa alega que a mulher enfrenta problemas psiquiátricos e não percebeu que o homem estava morto. Já a polícia diz não ter dúvidas de que ela sabia que ele tinha falecido e, ainda assim, tentou obter o dinheiro.
O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou a mulher por tentativa de estelionato e vilipêndio de cadáver, ressaltando que ela agiu com “desprezo e desrespeito” pelo idoso.
“A denunciada, consciente e voluntariamente, vilipendiou o cadáver de Paulo Roberto Braga, seu tio e de quem era cuidadora, ao levá-lo à referida agência bancária e lá ter permanecido, mesmo após a sua morte, para fins de realizar o saque da ordem de pagamento supramencionada, demonstrando, assim, total desprezo e desrespeito para com o mesmo”, diz um trecho da denúncia.
A juíza Luciana Mocco, titular da 2ª Vara Criminal de Bangu, analisou o caso e acatou a denúncia. Na decisão, publicada na quinta-feira (2), ela também atendeu a um pedido da defesa e determinou a soltura da ré.
A mulher terá que cumprir algumas medida cautelares, como comparecimento mensal ao cartório do juízo, para informar e justificar suas atividades ou eventual alteração de endereço; fazer a devida comunicação caso seja internada por motivos de saúde; além da proibição de ausentar-se da Comarca por prazo superior a sete dias, salvo mediante expressa autorização do juízo.
Erika também é investigada em outro inquérito por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, mas as diligências ainda seguem em andamento na Polícia Civil.
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A defesa da mulher não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.
Relembre o caso
Imagens, gravadas por funcionários da agência, mostram idoso dentro do banco, sentado em uma cadeira de rodas, visivelmente desacordado. Erika segurava a mão do idoso e pedia para que ele assinasse um documento, da mesma forma que constava em seu RG. Em um determinado momento, a cabeça dele cai para trás e ela levanta para frente (veja abaixo).
Apesar das tentativas dela de que o idoso segurasse uma caneta para assinar o documento, ele não reagiu. “Tio Paulo, está ouvindo? O senhor precisa assinar. Se o senhor não assinar, não tem como. Eu não posso assinar pelo senhor, tem que ser o senhor. O que eu posso fazer, eu faço”, disse Érika no vídeo. “Assina para não me dar mais dor de cabeça, eu não aguento mais.”
Na sequência, ela pergunta para as funcionárias do banco se alguma delas viu o “tio” segurar a porta do banco, dizendo que ele tinha sim forças para fazer a assinatura. Porém, as atendentes dizem não ter visto e uma delas afirma: “Ele não está bem não”.
Depois disso o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado e o médico constatou que o idoso já estava morto. Por conta das mudanças de coloração que surgem na pele, o profissional estimou que a morte tenha ocorrido pelo menos duas horas antes.